Capítulo 31

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Acordei quando alguns raios solares atravessaram a cortina do meu quarto, conseguia ouvir de leve o barulho dos empregados no andar debaixo arrumando as coisas, apostaria que nesse exato momento meus pais estariam sentados a mesa fazendo seu desjejum, talvez Jane estivesse junto já que ela era a típica pessoa que gostava de acordar cedo, pensar nela acordando no quarto do outro lado me deixou arrepiado.

— Bom dia meu amor, disse Anne deitando a cabeça sob meu peito. 

—Bom dia, sorri evitando o constrangimento de estar pensando em outra. 

Após a higiene descemos para o café, Anne fez questão de usar a parte de cima do meu pijama, algo que não tinha o costume de fazer, pois logo cedo sempre aparecia arrumada como se estivesse pronta pro trabalho, quase uma executiva. Talvez o único interesse ali era mostrar a intimidade e acredito que deu certo. 

Assim que chegamos a mesa todos estavam sentados como o previsto e Jane notou a roupa vestida por Anne e logo seguida baixou os olhos passando manteiga no pão como se não se importasse. 

—Bom dia, dessa vez acordaram tarde...

—A cama estava  confortável demais para que saíssemos dela. 

Anne soltou um sorrisinho me olhando de canto e minha mãe assentiu sorrindo.

—E você Jane dormiu bem? Espeto que não tenhamos te atrapalhado, cuidamos para não fazer muito barulho..

Jane que estava quieta até deixou o talher cair de constrangimento, até eu estava constrangido com o que Anne havia acabado de falar...

Jane parecia pensar com calma no que responder e de repente abriu um sorriso maléfico. 

—Jura? Não ouvi barulho algum e olha que eu fui dormir bem tarde. 

—Não conseguia dormir? — Perguntou meu pai preocupado com o bem estar dela.

—Capaz, nada disso, eu fiquei ajudando Lena com as coisas aqui e depois fiz uma vídeo chamada com um amigo meu, mal sai de Manhattan e já sentem saudades de mim. 

Não consegui esconder o desgosto de saber que ela estava em uma vídeo chamada com outro cara sabe se fazendo o que. 

Anne me olhou furiosa e minha mãe sorriu só que dessa vez mais contente, era perceptível que estava do lado de Jane. 

Meu pai logo pigarreou e completou... —é ótimo não perder o contato com os amigos... E você filho? Tem falado com Daniel e os meninos?

Desde que Daniel foi para Portugal não conversávamos diariamente como antes, mas eu sabia que em dois dias ele estaria de volta. 

—Conversei com ele semana retrasada, parece que ele está voltando em dois dias...

—Na verdade ele voltou ontem. 

Disse Jane. Que diabos ela sabia sobre a viagem de Daniel...

—Vocês são amigos? Perguntou Anne curiosa.

—Sim, somos... Quando eu tive alguns problemas com Ed ele foi quem intermediou, pelo menos um amigo do Ed amadureceu mais rápido que os outros, e então logo que fiquei em Manhattan e Ed e Daniel voltaram pra Seol mantivemos contato. 

—Por essa eu não esperava, ele falou muitas maldades pra você no ensino medio...

—Assim como você, mas agora gostamos um do outro não é?

Eu respirei pausadamente tentando assimilar aquilo que foi dito, ela estava tocando na nossa ferida em frente a todos. 

—Você também foi maldosa com a gente em Manhattan...

—Chamar de caipira é bem menos ofensivo que chamar de gorda ou dizer que uma pessoa é uma aberração. 

O clima estava pesado meus pais nem abriam a boca e Anne estava de boca aberta, eu não havia contato tudo para ela, e com certeza meus amigos omitiram alguns fatos.

—Mas chamar alguém de caipira também é uma forma de querer ofender um determinado grupo... Acho que me entende Jane. —Falou Anne em minha defesa...

—Acho que esse não é o melhor assunto para um café da manhã... Disse meu pai limpando a boca com o guardanapo.. — Vou para a empresa, passem depois da faculdade lá. Os três!

Eu assenti, Jane e Anne também. 

Ele deu um beijo na testa de minha mãe e saiu, enquanto isso minha mãe permaneceu a mesa bebericando o chá e Anne encarava Jane furiosa...

—Não adianta ficar me encarando com cara de poucos amigos, acho que você Ed deveria ter uma conversa completa com sua namorada sobre nossa relação.

—Nossa relação? —Rebateu Anne irritada. E antes que pudesse rebater o assunto Jane se retirou depois de depositar um beijo na bochecha de minha mãe e deixou Anne falando sozinha. 

Anne me encarou irritada. —Relação?

Eu respirei fundo com toda paciência do mundo, esse era o primeiro café da manhã juntos e havia sido péssimo. — Vou me retirar. Falei largando o guardanapo sobre a mesa e me afastando dali rapidamente. 

Antes que eu saísse totalmente da sala de estar ao lado da de jantar pude ouvir minha mãe conversando com Anne.

—Minha querida, eu respeito seu relacionamento com meu filho, acho você uma pessoa inteligente suficiente pra entender que sim, Jane e Ed tiveram uma relação e nem sempre foi maravilhosa, as coisas que ambos fizeram pra machucar um ao outro foram cruéis principalmente vindas da parte de meu filho, tenho vergonha de admitir isso...

— Eu entendo, mas ela está tentando nos afastar e mal chegou... Eu sinto isso..

—Jane é diferente de Ed, ela pode até ficar um tempo em cima pra ver se algo acontece, mas se ela perceber que Ed está feliz contigo ela vai deixar o caminho livre, então se preocupe com a sua relação apenas...

—Eu não sei se consigo a ver com bons olhos..

—Você vê Edward com bons olhos, Jane poderia ter agido bem pior com você, Edward acabou com o noivado de Jane ano passado, ai você pode tirar suas próprias conclusões. 

Ela plantou a semente da discórdia e se retirou, agora Anne sabia até que ponto eu havia ido pra ficar com Jane.

A garota que você magoouOnde histórias criam vida. Descubra agora