A garota que você magoou

Capítulo 35

Edward

As palavras ditas por Jane naquela noite ficaram imersas em minha mente, toda vez que eu deitava no travesseiro ouvia sua voz dizendo que me amava.

A única certeza que eu tinha naquele momento é que eu deveria dar essa chance para Anne e não insistir em algo que não deu certo, tendo isso em mente segui para os meus planos de pedir ela em namoro. Pensei em fazer em uma das viagens da galera para praia, eu nunca fui um cara romântico, mas, por ela eu aprenderia a ser estava tudo definido para ocorrer da forma que planejei, o único detalhe que esqueci era que Jane e meus amigos estariam lá e isso poderia ser estranho de mais e até desconfortável para ela.

Todos os anos os alunos mais chegados se juntavam em uma viagem pra relaxar na praia ficávamos de três a cinco dias e esquecíamos dos problemas, a galera sempre se animava e faziam festas e luau na beira mar.

O por do sol estava incrível, tudo a favor do que eu pretendia fazer, a casa de praia lotada de pessoas e uma festa acontecia, tudo que eu queria era pegar Anne e ir para a beira do mar e fazer o que eu mais aguardava.

Estava no quarto terminando de colocar a roupa e tentava abotoar a camiseta com dificuldade até ouvir uma batida na porta.

Era Jane. —Quer ajuda?

Fiquei receoso mas ela parecia calma demais sem nenhuma artimanha então a convidei para entrar. Ela começou pelas mangas do pulso. — Esta nervoso?

— Como?

Ela sorriu. — Sua mãe me contou que você tem planos de pedir a Anne em namoro hoje.

—Ah sim, um pouco. — Me sentia estranho de ter aquela conversa com ela, faziam alguns dias e ela disse que me amava, agora parecia tão tranquila.

—Não vai dizer nada? Que é loucura ou algo assim? — Questionei seu silêncio.

—Acho que eu já fiz o suficiente sendo sincera contigo, ainda acho que seus sentimentos em relação a nós não mudaram, mas, eu não sou uma bruxa ou algo assim que vai ficar empacando seu caminho, se você tomou essa decisão de ficar com ela eu nada posso fazer. — Ela deu ombros e engoliu seco, ela nem conseguia olhar em meus olhos.

—Não me leve a mal, a gente já passou por tanto, acho que esta na hora de você curtir sua vida, conhecer alguém assim como eu conheci, alguém que vai te levar pra frente.

Eu parei de falar por que a lagrima caiu do olho dela. Eu evitei não tocar em seu rosto mas foi mais forte que eu, então sequei a lagrima dela.

—Você é incrível, nunca permita que alguém diga o contrário... Confia em mim, é o melhor.

Ela confirmou com a cabeça e continuou a abotoar a camisa, ao terminar ela sorriu ainda com os olhos marejados.

—Perfeito, quem diria logo você bancando o romântico... é irônico.

Tive que sorrir com ela, as vezes a vida surpreende a gente.

—Vou lá, antes que alguém venha e entenda errado, avisa ela que se ela te magoar eu vou te roubar dela.

—Você não perde a chance né Jane?

Ela sorri e sai em passos rápidos, ouço ela se afastar no corredor e entrar em outro quarto. Quando saio do meu em busca de Anne para prosseguir com o planejado, passo pelo quarto de Jane, e ouço leves soluços, reconheço seu choro de longe e de repente fico sem ar e sinto meus olhos marejarem também, mas é preciso...

—No fim é por você, sempre por você... Se eu não seguir você também não vai...

Sussurrei querendo que ninguém mais ouvisse e sai o mais rápido de lá.

Nossos amigos mais próximos já estavam na praia esperando que eu chegasse com Anne. Havia uma escada nos fundos da casa que davam acesso a praia, haviam velas pelo caminho até a beira do mar e o vento estava colaborando todas permaneciam acesas, nossos amigos formavam um coração e seguravam palitos de fogos e juro por Deus Anne chorava sem acreditar no que estava acontecendo.

Quando chegamos até o local indicado, Patrícia uma amiga de Anne me alcançou um buque de rosas.

—Sei que você estava esperando isso de mim, e como eu fui um canalha te fazendo esperar nada melhor que me redimir sendo romântico, acho que isso está bom não?

Ela sorriu a afirmava com a cabeça, comecei a procurar nos meus bolsos o anel de compromisso mas não os encontrava, estava começando a ficar nervoso, e tudo piorou quando vi Jane vir pelo mesmo caminho que desci com Anne, ela usava um vestido branco longo que voavam com a brisa repentina que começou e apagou algumas velas, ela tinha um sorriso sarcástico no rosto e vinha em nossa direção Anne já estava seria e os nossos amigos ficaram um pouco confusos.

—Até nesses momentos você precisa de mim Ed!

Eu tentei entender o que ela dizia mas Anne parecia irritada e se intrometeu na frente.

— O que você quer? Estragar o nosso momento?

—Não é isso...

Jane tentou argumentar mas foi em vão, Anne estava em modo de guerra.

—Eu tentei conversar com você pra ver se entendia tudo em uma boa mas foi em vão. Você não cansa de ser egoísta, você vive se deleitando de alegrias pelas coisas ruins que acontecem com os outros, não é atoa que sua melhor amiga se matou e você é a culpada, agora que não tem mais ninguém pra brincar em Manhattan você vem pra cá e acha que pode brincar com a gente?

Meu coração parecia prestes a explodir e por fim puxei o ar dos pulmões percebendo que em algum momento parei de respirar, o que significava tudo aquilo que Anne falava?

Jane estava em choque e olhava pra mim estática e prestes a desabar mas eu nem conseguia parar Anne que estava furiosa.

—Pelo visto você diz que ama Ed mas nem conta seus segredos pra ele, você não contou que é uma maldita cadela que fez uma doce menina virar uma pessoa tão podre a ponto de todos virarem as costas pra ela.

— O QUE VOCÊ SABE SOBRE MIM?

Jane gritou e todos os murmúrios se sessaram.

— O suficiente pra não deixar você chegar perto de Ed e dos nossos amigos... Ninguem te suporta Jane, ninguém quer você aqui.

Jane que mantinha seus braços lado a lado do corpo tinha suas unhas fincando a pele das palmas das mãos, contida em um silêncio entre lagrima e respiração entrecortada.

Ela deu um passo a frente e vi Anne recuar dois com medo, mas Jane nada fez, ela apenas parou em minha frente e ouvi meu nome sair de sua boca...

—É verdade isso que ela está falando Jane? é isso que deixou de me contar, uma morte?

— Você também acha que eu sou culpada?

—Eu nem sei o que aconteceu Jane! — Respondi sério demais.

Ela puxou o ar com força novamente como se eu lhe tivesse chamado de assassina e pegou minha mão, deixando ali sobre a palma a caixa de veludo que continha os anéis, vi Anne no exato momento engolir seco e olhar para Jane assustada.

—Você estava tão nervoso com o pedido que esqueceu os anéis e eu pela ultima vez quis fazer algo certo por vocês e vim o mais rápido que pude te trazer, eu não queria atrapalhar o momento, ainda mais com tantas coisas a respeito da minha vida vindo a tona em um momento que era pra ser de vocês!

Ela deixou a caixa com força nas minhas mãos e a soltou bruscamente, pegou a barra do vestido e segurou caminhando em passos rápidos para a casa.

Olhei para o lado e Anne estava com as mãos na cabeça frustrada, e nossos amigos continuavam calados olhando tudo sem saber o que pensar.