Capítulo 25

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Ela estava ali...

O costume de viver sem ela virou algo comum, eu acordava todos os dias e seguia toda uma rotina, estudava o dia inteiro pra se formar o quanto antes, e durante a noite analisava alguns documentos com meu pai. Tambem gostava do fim de semestre onde a tensão aliviava e eu podia tomar um café com uns amigos e olhar as pessoas que passavam por nós, conhecer pessoas com sonhos e perseguir meus sonhos. 

Parecia que nada na minha vida tinha espaço para sentir saudade de Jane, eu sempre soube que ela estava bem, e isso bastava. Durante os primeiros meses da partida de volta pra Seol eu senti como se o mundo fosse acabar, como se fosse impossível sentir dor pior, eu sabia que não era um adeus, mas mesmo assim viver longe dela fazia meu corpo doer, me pergunto quando foi que a dor sumiu... 

Nas ultimas semanas conheci uma garota legal, com um sorriso gentil, linda e com uma personalidade diferente das garotas que eu estava acostumado a sair, Anne conheceu minha melhor versão e devo admitir que me abrir pra algo novo me deixava feliz, e tudo o que pareceu uma depressão infinita vaporou como a chuva. 

Mas quando tudo esta tranquilo a vida vem e nos derruba. 

O meu coração acelerou, a garganta secou e todo ar que eu respirava foi roubado, de repente não fazia sentido a presença de Anne, nem a de Daniel e nem a dos outros na mesa, meus olhos encontraram ela no meio de toda aquela gente que falava alto, ela não havia me visto e isso me deixou perturbado. Será que ela viria me cumprimentar? Será que seria simpática? Ela sentia algum rancor ainda? Será que ela havia esquecido tudo o que eu lhe causei? Será que ela gostava de mim?

Chacoalhei a cabeça tentando desviar das milhões de perguntas que chegavam a minha mente, não fui forte o suficiente para esconder de meus amigos que aquilo me pegou desprevenido. 

Quanto menos percebi andei em passos rápidos para a aula seguinte que faltava quinze minutos para começar, sabia que não precisaria de todo esse tempo para chegar até a sala de número nove do prédio 20, mas por algum motivo precisou fugir.

Ao entrar na sala que já estava aberta sentou-se em uma carteira na janela, colocou os livros sobre a mesa e pôs os fones de ouvido, talvez musica o acalmasse. 

Ela estava ali...

Ela estava ali..

Ele Fechou os olhos e respirou fundo tentando assimilar e por um bom tempo sua mente voou pra longe, seu coração se tranquilizou e ele sentiu que poderia encarar ela. E como se o destino pregasse uma peça ele sentiu seu cheiro.

—Edward. 

Abri os olhos e a vi, ela estava sorrindo e prestes a tirar um dos fones do meu ouvido, ela estava com as bochechas coradas e boca vermelha, parecia perfeitamente bem, perfeitamente linda. 

Tirei meu fone e levante rapidamente. —Jane...

—Quanto tempo?

— Um longo ano... — E de repente ela me abraçou, foi repentino e inesperado, mas ao sentir seu cheiro tão perto senti vontade de abraça-la o mais forte possível. 

Passei os braços ao seu redor também e toquei seus cabelos macios, e a senti sorrir, foi leve, foi tranquilo, nada do que eu imaginei que seria nosso reencontro. 

— Eu acho que senti falta de brigar com você. — Ela disse quase em um sussurro. 

— Você mal chegou e já pensa em brigar. 

Ela sorriu de minhas palavras e não se importou em me soltar, era como se tentássemos recuperar todo tempo que estivemos afastados. 

—Vejo que ja conhece nosso veterano em administração, ele se destaca no quesito acadêmico. 

Disse a menina loira que estava com ela antes, eu já havia visto ela em alguma palestra do TCE da faculdade e ela sempre cuidava dos calouros. 

Jane saiu do meu abraço e virou para a menina sorridente. 

—Sim o conheço bem. 

— É bom saber que já tem alguém aqui, isso ajuda na adaptação. 

Então tudo fez sentido, ela tinha um livro sobre a carteira, era um livro de códigos civis, ela estava ali pra estudar, ela estava de volta. 

— Você veio estudar aqui?

—Sim, no fim de tudo eu sempre acabo vindo parar aqui para seu azar. 

Ela respondeu, eu vi que estava feliz, e por um instante eu me perguntei se eu conseguiria agir como se nada houvesse acontecido desde Manhattan. 

— Bom, sua próxima aula é aqui, vou te deixar com o Suliver ele pode te ajudar. Certo?

Eu assenti.

Jane acenou para garota e sentou-se na classe ao lado da minha. — Como você está? Como estão seus pais?

—Estão bem, e os seus?

Antes que ela pudesse responder desviei minha atenção para Anne que entrava na sala trazendo um de meus livros e eu me senti enjoado. 

—Ed esqueceu seu livro, achei melhor vir trazer. 

—Obrigado Anne. — Senti Anne parando ao meu lado esperando que eu fizesse as apresentações. 

—Anne essa é Jane, e Jane essa é Anne.

Ambas se cumprimentaram com as mãos, de repente pareceu estranho como se Anne sentisse que Jane era uma ameaça, uma faísca cruzou os olhos de ambas. 

— Sou a pessoa que aguenta as doidices do Ed... E meio que temos uma relação sem definição por culpa dele.— Disse Anne sorrindo.

Jane se sentiu constrangida mas ignorou a situação. — Alguém tem que ser forte o suficiente para atura-lo! Ainda bem que não precisou fazer isso no ensino médio, garanto que era pior. 

Ambas deram uma risada estranha e o que era uma apresentação parecia uma competição de quem me aturava mais. 




A garota que você magoouOnde histórias criam vida. Descubra agora