Ya no duele como antes

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Mariana

Nunca tinha visto Ana tão desconectada da realidade, ela estava olhando para o nada uns 5 minutos. Pensei em a chamar, mas capaz de me mandar embora de novo. Dei uma risada internamente, porém, na hora chorei.

Ela respirou pesadamente e começou a falar do nada.

– Eu te beijei? Tipo... Na boca? – Eu não pude deixar de rir. – O que é engraçado? – Semicerrou os olhos e fechou a cara.

Parei de rir e ela cruzou os braços.

– Sim, beijou na boca, Ana. – Pressionei os lábios, era engraçado a ver tão fora de si por causa de um selinho.

Virou bruscamente em minha direção e me olhando.

– O que? – Indaguei.

Silêncio e os olhos ainda estão pausados em mim.

– Queria lembrar, parece até que você está brincando com a minha cara. – Me olhou seriamente.

– Não estou. Você realmente me beijou. – Ana fechou os olhos e se recostou no sofá.

Desejava saber o que passava na mente dela, mas se calou completamente. Quebrei o silêncio tentando a situação ficar menos constrangedora.

– Você pode ativar um gatilho para tentar se lembrar, maioria das vezes funciona. – Enquanto eu falava, gesticulava a mão e estava realmente explicando.

– Um gatilho? Tipo ficar bêbada de novo ou chapada? – Ana me perguntou ainda tentando entender meu ponto de vista.

– Não, provavelmente você não lembraria de novo. Só ficaria chapada mesmo. – Tentei deixar claro e ela pegou no ar o que queria dizer de forma indireta, me cortou.

– Você quer dizer... – O olhar dela foi bem sugestivo, ela não tinha noção do que me causava aquele olhar.

– É...

Ana começou a gargalhar alto, ela estava em um ataque de riso?

– Não... Espera – Seu corpo virou para mim, me olhou profundamente. Os olhos estavam inundados de lágrimas de tanto rir. Sorriso continuou estampado em seu rosto.

Os lábios de Ana entraram em contato com o meu, fiquei sem reação, suas mãos pausaram em cada lado do meu rosto e sua língua pedia permissão para me explorar. Dei permissão e deixei que ela guiasse o beijo, sua língua explorava minha boca. Os lábios eram macios, sua boca tinha um gosto maravilhoso, permiti que minha língua explorasse a boca dela. Me puxou para mais contato, quebramos o contato pela falta de ar.

– Oh! – Resfolegou e deu um sorriso. Meu rosto com certeza estava com expressão de surpresa.


Ana

Beijei de verdade agora. Mas, não funcionou. Não lembrei de nada, mas não posso negar que os lábios dela é o melhor que beijei até hoje. Minhas bochechas estão quentes. O que aprendi hoje? Que estou convivendo tanto com a Mariana que estou ficando impulsiva.

Dei um sorriso sem graça.

– Desculpa – Fiz um leve biquinho. – Sobre o gatilho, não me fez lembrar.

Mariana estava aérea, nem ela esperava isso de mim.

– Tudo bem. É... – Inclinei a cabeça esperando a conclusão da pergunta. – Eu preciso ir dormir. Amanhã tenho que procurar um lugar. – Ela estava levantando e falando, peguei em seu braço.

Precisávamos conversar sobre tudo. Estava magoada, mas a presença dela causou menos dor.

– Fica. Você não precisa sair, só vamos tentar deixar isso seguir o fluxo natural. – Mariana me deu um olhar desconfiado. Ela se sentou novamente. – O que você fez realmente foi muito imaturo e impulsivo, mas entendo que você estava em um fogo cruzado. E bem conhecendo você, sei que queria tentar salvar todos e deixar todos bem. – Peguei em sua mão e fiz um leve carinho. – Essa casa sem a Regina e você fica sem graça...

Mariana suspirou e me olhou.

– Eu tenho medo de te magoar de novo. Eu não sou tão fácil e, na maioria do tempo, estou confusa com as coisas. – Olhou para nossas mãos juntas. – Eu não mereço desculpas suas e você não tem nenhuma obrigação comigo ou com a Regina. – Revirei os olhos, como era difícil tentar fazer as coisas de modo fácil com a Mariana.

– Olha... Eu quero ficar bem pelas meninas. – Tentei expressar o máximo de amor que poderia pelos olhos. Mariana era alguém que te conquista facilmente e sem nenhum esforço. – Você não teve a culpa total, quem fez toda merda e nos colocou nisso foi o Juan Carlos. Quero superar isso, fiquei pensando um pouco e realmente não sei como reagiria se estivesse no seu lugar. – Apertei suas mãos nas minhas.

– Ana... – Sussurrou em discordância.

Coloquei o olhar mais sério que poderia ter.

– Você sabe que consigo tudo que quero, né?

Mariana revirou os olhos e tentei não rir. Novamente o silêncio se fez presente e decidi tocar no assunto que queria chegar.

– Olha, sei que você não manda nos seus sentimentos, assim como eu não mando nos meus – Engoli em seco. – Mas, posso dizer que é recíproco, não estou pronta para isso. Na verdade, nem sei como aconteceu isso. – Me referindo aos sentimentos desenvolvidos da minha parte.

– Eu espero por você. – Meu coração acelerou e parecia que sairia pela boca, meu sorriso tímido apareceu.

– Queria estar pronta para você, de verdade. – Era uma pena, ela estar tão pronta para mim e eu não estou tão aberta a isso.

Ficamos um momento ali, o silêncio não nos corroía mais, ele apenas se tornou confortável.

– Então, temos um acordo?

Indaguei esperando a resposta de Mariana que ficou me olhando, pensativa. Se deveríamos continuar aquilo. Aquilo estava me matando... 

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