Mi mayor miedo

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Ana

Ela não é uma pessoa complicada, mas quando quer consegue complicar as coisas. Eu teria que desenhar explicando que a aceito de volta pelos bebês? Claro, que também a quero perto, mas ninguém precisa saber dessa parte.

Refiz a pergunta.

– Temos ou não o acordo, Mariana? – Olhei para seus olhos, ela continuava pensativa.

Era complicado ficar na expectativa da resposta, não saber se seria um sim ou não, estar à deriva de alguém nunca foi nada do meu gosto. Finalmente, sua voz se fez presente.

– Sabe, é complicado aceitar porque eu tenho medo de te machucar – Pausou olhando para próprias mãos. – Você já está bastante machucada, não quero te dar um colapso nervoso ou uma ferida tão grande que demore para se curar. – A tristeza em sua voz era nítida.

Minha mão pausou em seu queixo, virei seu rosto para mim e encarei seus olhos.

– Eu escolho se vai doer ou não. No momento, não está doendo tanto a ponto de decidirmos uma mudança tão drástica como essa. – Seus olhos desviaram do meu. – Você pode ficar e deve ficar, estou te dando a escolha de ficar e ver no que dará. – Sorri e minha mão deslizou do seu queixo para a bochecha deixando um leve carinho ali. Como era bom a tocar, sempre gostei de tocar sua pele, me passava segurança e me acalmava.

O silêncio foi cortado com a frase.

– Tudo bem! Você ganhou. – Compartilhamos uma risada. Primeiro sorriso após toda a merda causada.

Me recostei no sofá e olhei para o céu que estava estrelado.

– Vou te confessar que queria ser como você, sem medo das mudanças, de certas consequências. – Confessei tentando a deixar mais confortável possível. – É difícil tolerar que nem sempre os meus planos serão seguidos à risca ou que a vida será da forma que desejo. E você só vive o momento... – Pressionei os lábios.

– O ideal seria o equilíbrio, certo? – Os olhos dela me observavam.

Dei uma pequena risada, era engraçado como a mente dela funcionava de forma totalmente diferente da minha. Equilíbrio?

– É, mas nem sempre conseguimos o equilíbrio, Mariana. – Pausei e decidi compartilhar aquilo que estava me consumindo de felicidade. – Não é câncer. – Sussurrei.

Ela me olhou confusa, logo seu rosto mudou de expressão. Se iluminou, em um ato impensado. Mariana me abraçou, podia fugir? Claro, mas decidi aproveitar o momento e retribui o abraço.

Mariana

Não é câncer. Foi a frase que mais me deu impacto, depois do "saia da minha casa". Fiquei tão feliz, que abracei de forma impulsiva. Ana retribuiu o abraço, ouvi o suspiro de alívio que saia de sua boca. Se fosse também, eu estaria do lado dessa teimosa mesmo me mandando ir embora todos os dias da vida dela. Felizmente, somos adultas. Quer dizer, tento agir como uma adulta, mas é complicado tudo isso de organização e estar sempre atenta as coisas que rodeiam de forma lógica. Muitas vezes, deixei e deixo meu coração tomar as regras e agir pela intuição, pelo amor e pela empatia. Deve ser, por isso, que me ferro tanto.

Saímos do abraço, os olhos dela me transmitiam algum sentimento ainda não expressado, mas se os olhos estão brilhando, fico feliz.

– Bem, vou fazer um chá, vai querer também? – Me perguntou se afastando um pouco e ficando um pouco retraída, mudanças de humor da Ana ainda me deixam confusa.

Ana se levantou e me olhou, esperando a resposta.

– Sim, quero! – Respondi.

Ela saiu andando e ouvi sua voz de longe.

– Você vai entrar?

Respondi prontamente.

– Sim, já vou. – Precisava de um tempo para respirar. Ana realmente é pessoa incrível, apesar de teimosa e cabeça dura maior parte do tempo. Resfoleguei e pensei se desse certo, seria a pessoa mais feliz do mundo.

E se fosse apenas confusão da minha cabeça e magoasse a Ana novamente? Não aguentaria quebrar o coração dela. Enfim, não tinha muito o que fazer além de tentar. Melhor fazer do que não fazer. Me arrepender pelo que fiz do que não fiz. É por essa frase, que fiz tanta merda. Dei risada sozinha e segui para dentro.

Cheguei na cozinha, encontrei uma Ana pensativa e aérea. Me aproximei e sentei na mesa, ela ainda não havia percebido que eu estava ali.

Quando Ana percebeu minha presença, se assustou e colocou a mão no peito.

– Que susto, garota! – Exclamou, ofegante.

Não segurei a risada, Ana semicerrou os olhos. Se atentou a preparar o nosso chá de hortelã, o cheiro invadiu o ambiente. Me entregou a xícara e se sentou ao meu lado. Ana parecia querer perguntar algo, mas estava desconfortável.

– O que quer saber? – Indaguei dando um gole no chá.

– Nada... – Deu uma pausa. – Na verdade, sim. O que mais fiz na noite que fiquei chapada? – Eu deveria contar que ela cantou Soldado del Amor depois de me beijar?

Pensei se falaria, mas seria engraçado a ver desconcertada novamente.

– Nada de mais, só cantou Soldado del Amor depois de me beijar. – Ela arregalou os olhos, as bochechas ficaram extremamente vermelhas. – Você fica tão... – Ela fez um sinal de pare com a mão.

– Nem ouse terminar essa frase – Dei risada. – Que vergonha! – Me acompanhou na risada. – Você deveria ter me parado. – Balancei a cabeça negativamente.

– Você pensa que perderia o show particular seu? – Ana revirou os olhos e automaticamente minha mente pensou outra coisa.

Estava dando um gole no meu chá, quando surge a pergunta que me fez afogar.

– Como é fazer sexo com outra mulher? – Indagou Ana despretensiosamente, tomando seu chá plenamente. 

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