Atlas

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Ana

Realmente as coisas estavam fora do eixo, internamente e externamente. Estou tentando não entrar em colapso, mas isso seria um evento mais interno do que externo. Quando parei em frente ao portal de entrada do quarto, pude ver com clareza Mariana com meu celular nas mãos... Ela não parecia estar mexendo, mas apenas olhando. Eu chamaria obviamente de INVASÃO de privacidade ou uma mini invasão, acredito que ela tenha visto o que não deveria.

Após fazer a pergunta do porquê estava com meu celular em suas mãos, Mariana petrificou, se respirava era por ser essencial, se fosse manual provavelmente estaria morta. Entrei pé por pé no quarto, estava adorando colocar medo, porque era uma diversão quando fazia isso na empresa. A expressão de medo e arrependimento estavam juntas em seu rosto, seria cômico se não fosse trágico.

Parei em sua frente, olhei bem em seus olhos e mantive minha seriedade.

– Então... – Comecei a frase sugestivamente para que me desse uma explicação plausível do que presenciei.

E novamente, sem estar presente Diana estraga mais um momento do meu dia.

– Bom... – Mariana se encostou no berço e tentei aumentar a tensão, demonstrar que estou chateada. – Eu olhei por pura curiosidade. Você ficou tão irritada com essa pessoa, ela te mandou mensagem e estou levemente incomodada – Semicerrei meus olhos em sua direção, cruzei meus braços. – Talvez, só talvez... Eu esteja com ciúmes. – Mariana sussurrou tão baixo, mas consegui ouvir. Única ação possível? Rir. Mariana com ciúmes da minha irmã, um ser humano que dá nos nervos só de pensar em pensar nela. Isso se tornou muito engraçado em minha mente por ser um absurdo. Os olhos de Mariana demonstravam grande arrependimento e, principalmente, vergonha.

Me aproximei, meu tom está leve e debochado.

– Você está com ciúmes? Meu Deus! Sério que você está com ciúmes da Diana? – Questionei esse sentimento sem lógica sobre alguém que ela não tem ideia do parentesco. Internamente, continuei rindo e usaria isso ao meu favor. Precisava de um pouco de diversão, mesmo que fosse as custas dela.

– Sim, estou. Você é alguém livre e esse sentimento não é bem-vindo, pelo menos, para mim. – Bom, pelo menos, ela reconhecia que os sentimentos como ciúmes, não era bonito, mas eu sentia mesmo assim. – Não irei invadir sua privacidade, okay? Só foi um ato de curiosidade mesmo, mas não tenho esse costume. Me desculpe, Ana. Eu não vou mais fazer isso, mesmo que eu esteja morrendo de curiosidade. – Mantive a postura de seriedade. Mariana não aguentou muitos minutos de contato visual, sempre estava desviando. Sei que sou intimidadora e usava isso a meu favor quando necessário.

– Por mais que você tenha admitido e sido verdadeira sobre o real motivo de ter feito a mini invasão, ainda estou e estarei brava e você terá que lidar com isso – Usei de todo tom autoritário e ríspido que tinha. Mesmo que eu tenha gostado ela tenha admitido que fez errado? Sim, meu ego adorava, mas jamais admitiria um ato desse de novo. Foi uma pequena invasão ver as mensagens que chegam no meu celular, tenho certeza que Mariana não tem esse costume, porém, a curiosidade sempre acaba matando o gato. – Nas próximas horas, estarei incomunicável... Por que estou te falando isso? – Por que estou dando satisfação de como vou agir nas próximas horas? Nunca fiz isso, não é meu costume. Meu Deus, essa nova Ana só me trará problemas. Me aproximei da janela e a olhava de canto para saber como agir nos próximos momentos.

– Tudo bem, estarei confortável com isso. Você tem todo o direito de ficar brava e não querer falar comigo, fiz algo errado e mereço o seu tratamento. – Ao máximo tentei expressar nenhuma emoção, não queria que me pegasse no pulo sobre gostar de fazer esse joguinho.

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