Amenaza incómoda

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Não esperava encontrar Elena entrando na biblioteca, pois ela mal sabia todos os cantos da minha casa – pelo menos, achava isso.

A mesma trancou a porta, respirei fundo e revirei os olhos.

O que queria?

O olhar que pousou sobre mim era conflituoso, quase que raivoso. Ficou parada um pouco longe da porta, sua voz começou a ecoar na sala.

– O que você acha que está fazendo com a Mari? – Indagou, sua voz estava ríspida. A olhei confusa, como assim?

– O que quer dizer com isso, Elena? – Me mantive em alerta, não estava gostando muito do clima que aquilo estava se tornando.

– Você está a enfeitiçando… Você nem gosta de mulheres! – Aumentou seu tom de voz, com fúria.

Não creio que ouvi aquilo.

A única reação que obtive foi uma gargalhada. Cruzei meus braços abaixo dos seios, bloqueando qualquer possibilidade de querer aproximação.

– Você está se ouvindo? Eu enfeitiçando a Mari? Você acha que tenho todo esse poder sobre a Mariana? – Dei uma risada desacreditada, balancei a cabeça negativamente e fechei os olhos. Comecei a contar até dez, não queria perder a paciência com quem não merecia.

Elena se aproximou como um cão que fosse atacar sua presa e parou no meio do caminho.

– Mari é ingênua… – Sua voz saia com certeza do fato que fora exposto. É inacreditável achar isso sobre a Mariana, ali não havia ingenuidade, talvez, ternura e doçura, mas ingenuidade era demais. Me senti na obrigação de alfinetar, então a cortei.

– Conhecemos a mesma Mariana Herrera? Porque a Mari que conheço não tem tanta ingenuidade a ponto de não saber o que a faz mal. – Deixei que o sarcasmo falasse por mim. Sinceramente, ter que lidar com essa situação está me deixando furiosa.

Elena semicerrou os olhos. Ela não havia superado o término com Mariana, isso me deixava desconfortável porque mesmo que Mariana não fosse ingênua, ainda pesava as opiniões da melhor amiga. Era isso que ela era, melhor amiga…

– Você vai quebrar o coração dela como o Pablo, depois vou ter que juntar todos os pedacinhos e colar… – Era inacreditável o que saia da boca dela. Ela já estava supondo que… Não acredito! Colocando Mariana como alguem que precisasse da ajuda total para se recuperar, se curar, ou seja, lá o que for que esteja supondo.

– Está supondo que vou quebrar o coração dela? – Questionei, deixando que a minha raiva transparecesse. Não quero perder o controle, respira!

Elena se aproximou, perdendo completamente o medo e me olhando profundamente.

– Se você quebrar o coração dela. Juro que você terá que pagar um bom cirurgião para consertar o seu rosto… – Elena me ameaçando, era isso mesmo? Dei um sorriso desacreditado.

– Está me ameaçando. – Afirmei. – Você tem certeza do que diz, né? Só você é dona da verdade ou não soube lidar com o término até hoje? Ah, espera… Vocês nunca namoraram. – Se ela desejava tirar minha paz, ia arrancar pedaços de sua ferida.

O ódio exalava dos seus olhos, tentei ao máximo demonstrar serenidade diante do momento. Não queria demonstrar que estava a ponto de pular em seu pescoço.

– Você não tem direito… – Sua voz saiu entrecortada, seu semblante mudou para algo desconhecido para mim.

Suspirei, saindo de perto da mesma.

– Sério? Elena, você não tem direito de se meter nas futuras relações da Mariana… Seja comigo ou com qualquer outra pessoa. – Falava serenamente. – Você tem noção do quanto é desconfortável essa acusação? Principalmente, essa ameaça… – Me aproximei, perigosamente. – Você não tem direito de dizer isso na minha cara, ainda mais dentro da minha casa, onde você é mera convidada. Entende?

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