Quo vadis

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Estou pensando muito bem como devo reagir a este comentário vindo da minha querida futura sogra. Minha mente não consegue não ser irônica. Eu segurei minha reação, já minha querida futura namorada não teve o mesmo controle.

Estou louca por quê? — Mariana perguntou a Tereza.

Bom, foi essa pergunta que me fez recobrar a presença.

— É, qual problema? — Indaguei olhando firmemente para Tereza. — Não vejo problema algum em estar com a Mariana. Às coisas do passado já estão resolvidas, não temos situações desconfortáveis. — Respondi calmamente enquanto bebia o chá que a avó de Mariana havia oferecido.

Tereza me olhou com desprezo, todavia tentou disfarçar para que Mariana não percebesse. Então, digo que falhou porque ela percebeu.

— Pare de olhar assim para ela, Tereza. — Mariana chamou a sua atenção.

Essas são as maravilhas familiares?

Gradualmente, o clima foi se desmanchando. Tereza ainda me fuzilava com os olhos, qualquer movimento que faço, ela está me observando. Mariana devolve o olhar, apenas continuo a tarefa de tomar um chá.

Lúcia propõe uma meditação para haver re-conexão entre mim e Mariana. Exatamente, fazer com que as coisas fluam sem problemas. Sempre temos alguém ou alguma situação que nos atrapalhe.

— Vocês precisam sentar na posição de meditação. — Balancei a cabeça em concordância, me sentei de frente para a morena que estava sorrindo de orelha a orelha para mim. — Deem as mãos. — As suas mãos quentes tomaram as minhas, frias. — Fechem os olhos. E imaginem a energia fluindo livremente entre vocês duas. Não deem importância para pensamentos indesejados, eles virão. Apenas foquem na respiração uma da outra. — Ouvimos o barulho do sino que Lúcia balançava envolta de nós.

Nesse momento, senti meu corpo muito relaxado. Não tenho muito costume de meditar, inclusive, antes de Mariana isso era uma piada enorme em minha cabeça.

Podemos ver que essa maluca que chamei para morar em minha casa, mudou completamente minha rotina, meus pensamentos e algumas coisas internamente.

As nossas respirações se entrelaçam e se perdem no ar. Sinto a quentura das mãos macias, tornando as minhas quentes. Alguns pensamentos estavam permeando minha mente, principalmente, sobre pedir Mariana em namoro.

Estou sendo precipitada? Talvez! Sou executiva, arrisquei muitas coisas durante a minha carreira, mas pouquíssimas coisas durante minha vida amorosa.

Não estamos falando do Juan Carlos, ele não foi uma forma de arriscar, e sim, alguém que escolhi para ser alguém em minha vida. Não foi nada natural como eu e Mariana, foi algo construído com consciência e insistência.

Nós duas construímos algo naturalmente, quando vimos estar sendo engolidas pelos nossos sentimentos. Não esperávamos nada disso, nenhuma vírgula.

Hoje, eu digo que, não existem coincidências, não existem acasos, existem coisas que precisam acontecer por algum motivo. Espero que sejam bons motivos dela estar em minha vida, espero agregar-lhe quanto agrega a mim.

Chegou um momento, que Lúcia bateu o sino novamente e abrimos os olhos.

Mariana com seus olhos brilhantes me cuidava, esperando qualquer comentário reprovando o que fizemos agora, mas foi muito relaxante.

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