Mi refugio seguro

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Ana

Mesmo com a vergonha que estou sentindo, não poderia simplesmente ignorar o fato de a Cecí estar na porta do meu quarto, me chamando. Mariana me olhava, esperando alguma ação da minha parte, respirei fundo e a olhei.

– Vire para o lado e finja que está dormindo. Vou ter que abrir a porta, Ceci não vai desistir de chamar. – Estava sussurrando e Mariana achava tudo muito engraçado. – Estou falando sério, por favor! – Joguei a coberta sobre ela, me levantei e arrumei meu cabelo.

Respirei fundo, pensando em todas as respostas das possíveis perguntas que Ceci me faria. Abri a porta, com maior cara de sono que sabia fingir, convenhamos que sou péssima em mentir.

– O que você quer, Ceci? – Indaguei a minha filha que me olhava de forma curiosa. Ela coçou os olhos.

Ceci revirou os olhos, péssimo costume que herdou de mim.

– Você gritou e queria saber se está bem... – Ela tentava ver mais dentro do quarto, me encostei na porta e dei um sorriso sem graça.

Droga, droga, droga, minhas bochechas estavam quentes, eu odeio a Mariana.

– Sim, estou bem. Você deve ter sonhado com isso. – Respondi forçando um sorriso, mas ela ainda continuava plantada na porta do quarto.

Assentiu com a cabeça. Me analisou o rosto e semicerrou os olhos, revirei os olhos.

– O que você quer saber? – Fui diretamente ao ponto.

Ela sorriu.

– Por que a Mariana está dormindo no seu quarto? – Perguntou em tom baixo e continuou. – Ah, suas bochechas estão vermelhas, tá bem mesmo? – Nessas horas, eu me segurava para não fechar a porta em sua cara. Eu amo minha filha, mas é enxerida.

Engoli em seco, mas teria que responder.

– Bom... Mariana está dormindo aqui porque andei caindo da cama... – Isso, gagueja mais que você tá indo bem, Ana. – Enfim, estou com reação alérgica a um creme, nada demais. – Respondi mais rápido que deveria.

Ceci deu um sorriso.

– Então, tá tudo bem. Vou voltar pra cama! Boa noite, mãe. – Agradeci mentalmente aos céus, todo dia passando uma vergonha diferente na minha casa. Se o universo não me testasse uma vez por dia, não estaria dentro da normalidade.

– Boa noite, meu amor.

Fechei a porta, antes que surgissem mais perguntar. Quando me virei, ouvi Mariana dando uma risada baixinha embaixo da coberta.

– Pronto, pode sair daí. – Me sentei na cama e puxei a coberta.

– Ela realmente não acreditou na sua história. – Balancei a cabeça negativamente e semicerrei os olhos. – Suas bochechas estão vermelhas por outro motivo. – Me olhou de forma sugestiva.

Joguei uma das almofadas nela.

– Você me fez gemer alto... – Sussurrei, me deitando ao lado dela. – Amanhã vou olhar pra Ceci com cara de enterro. – Mariana deu risada.

Me virei e passei uma das mãos em seus cabelos.

– Queria muito mesmo continuar, mas amanhã tenho coisas para resolver. – Depositei um selinho em seus lábios, olhei no fundo dos seus olhos. – Obrigada...

Mariana sorriu.

– Sempre que quiser gritar, me chama aparentemente sei como fazer isso com você. – Fique extremamente sem graça, como ela conseguia fazer isso comigo?

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