Lovely

¡Hermoso dia para amarte!

Ana

Nunca fui a pessoa que compartilhava as minhas estratégias, planos ou sentimentos, somente quando estava perto de ser realizado. Nesse caso, precisaria de alguém para me apoiar, mesmo que eu não precise verdadeiramente disso, mas é sempre maravilhoso ter alguém que você pode contar quando algo der errado ou sair dos planos. Ela era assim, mas me causava medo!

Começando pelos resquícios que o passado recente deixou, insegurança em ter o apoio e perder tão logo. Sempre fui alguém que precisava de total segura, apesar de sempre ter uma boa autoestima e autoconfiança inabalável. Mantive essa informação guardada na minha mente, ninguém mais tinha conhecimento.

Mariana não precisou perguntar para entender que preciso de segurança, mesmo que isso seja, no plano mental. Ela só compreendeu o que preciso para deixar todos os muros, medos e inseguranças cair por terra. Isso me gerou estranhamento, por mais que tenha me machucado no passado estávamos ali, nos segurando. E, mais uma vez, eu estou confiando minha vida e meu amor a ela.

Estar com os olhos castanhos tão fixos nos meus, me causava frio gostoso no ventre e as famosas borboletas no estômago. Agora, percebendo melhor e analisando melhor, me dei conta que realmente estou apaixonada por essa menina que odiei nas primeiras horas que conheci, mas que ficou na minha mente por 4 meses. Bem que falam, aquilo que mais te irrita em uma pessoa, provavelmente, é o que mais deseja ter ou ser.

Nunca estou em sincronia com os meus sentimentos como nesse momento e como isso torna tudo maluco, raramente percebo o que as pessoas precisam emocionalmente, o que posso oferecer é apoio lógico e estratégico, muitas das vezes. Com essa jovem mulher que despejou monte de palavras e demonstrações de que me apoiava em coisas que sempre desejei ser apoiada por alguém que está ao meu lado, me vejo emocionada.

Eu poderia correr, fingir que isso não é comigo como fazia quando os sentimentos não condiziam com a realidade que presenciava. Sempre pensei que era algo errado comigo, que não sentia o mesmo que as outras pessoas, tudo é questão de encaixe, de pessoas que podem te mostrar que não existe somente uma tom de azul, mas que existem nuances de azul.

Existe a Ana Servín antes da Mariana, inflexível, dura, incompreensível, com muitos machucados – no campo emocional. Isso me fez uma grande executiva? Sim, mas me sentia um pouco deslocada nos momentos familiares, esse é um motivo de antes não conseguir lidar com os eventos sociais familiares e com os momentos mais íntimos de família.

Ana Servín de Agora, é flexível na medida certa, menos dura, acredito que mais amorosa, tentando ser compreensível e, todos os dias, me empenhando ao máximo em estar sincronizada emocionalmente com os meus amores. Mariana chegou na minha vida para me mostrar o que realmente é importante e ter essa noção, nesse momento, me deixou um pouco abalada.

Estou sem proteção, sem armadura. Era para ser uma conversa de negócios e virou uma declaração de amor e compreensão. Sim, isso para mim, é uma declaração muito explícita de amor, porque ela não só falou que me apoiava, mas me mostrou que apoia e apoiará.

O beijo sempre é algo reconfortante, algo que me deixa nas nuvens. Mariana é alguém que gosta muito do contato e, automaticamente, desenvolvi isso com ela. Pequenos toques, gestos delicados, cuidados e palavras que faziam sentido.

Meus dedos contornaram o maxilar até o queixo e deixei um beijo leve em seus lábios. Olhei profundamente em seus olhos, aqueles olhos são os que mais desejo ver pelos próximos anos.

Não sei se foi a primeira vez que tomei a partida em a abraçar e a manter tão perto de mim, mas aproveitei cada segundinho daquele abraço, acredito que tenha sido o mais sincero que tenha dado em alguém em anos. Depositei um beijo em sua bochecha, apesar de ainda não ser nada tão palpável – o sentimento –, ele estava ali e não é de agora.

Pressionei os lábios, a olhei.

– Obrigada! Não sabe o quão importante é ouvir isso. – Coloquei uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.

Valentina começou a choramingar, peguei as mãos de Mariana que estão em minha cintura e as tiro delicadamente.

– O que foi, meu amor? Esses dentinhos estão te incomodando? – Minha voz soava mais infantil e doce. Pousei a mão direita sobre o tórax e fiz carinho leve para ver se acalmava.

Mariana se aproximou do berço e olhou para Regina que dormia como um anjinho.

– Elas estão ficando grande. Parece que cada dia que passa elas estão mais grandes. – Dei um sorriso e a olhei.

– Eu não estou preparada para isso, acho que até comentei. – Dei o mordedor para Vale. Que mordeu de forma forte, resmungando.

– Deve estar incomodando muito... – Mariana deu uma pausa, ela estava inquieta.

Tomei a liberdade de perguntar.

– Você está bem? Tem algo te incomodando? – Era fofa a carinha que me fazia dando um sorriso corado.

– Estou bem. É que eu quero compartilhar algo também... – Arrumei minha postura e meus olhos voltaram para os seus.

– Diga. - Assenti e tentei passar segurança que precisava.

Mariana suspirou e deu um sorriso sem graça.

– Eu estou pensando em realmente voltar para a faculdade, já adiei demais... – Meus olhos demonstravam todo apoio que poderia dar a ela. Me aproximei pegando a sua mão e apertando na minha.

– É maravilhoso isso... – Ela me cortou, sem jeito. Não sabia o que a incomodava.

– Com quem a Regina irá ficar? Os últimos semestres vão tomar todo meu tempo, Ana. – Coloquei minha mão livre em sua bochecha e fiz carinho leve.

Passei a ponta da língua nos meus lábios, os umedecendo.

– Estamos juntas nisso, então você me ajuda e eu te ajudo. Não terei problema em conseguir uma baba para cada uma – Mariana abriu a boca para negar, mas continuei. – Não aceito não como resposta. – Ela revirou os olhos e suspirou.

– Tudo bem. – Me dei por vencida.

– Eu quero te apoiar como me apoia, claro da minha maneira. – Trocamos um sorriso, estávamos confortáveis e claras sobre tudo aquilo.

Meu telefone começou a tocar e fui o pegar sobre o móvel. Quando olhei o contanto, revirei os olhos, não é possível que não tenha um dia de paz.