Sobre ser libre

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Não imaginava que ao entrar no quarto encontraria Ana aos beijos com a ruiva. Isso me abalou um pouco, mas não suficiente para sentir ciúmes, Ana é livre como eu — deixei tão claro isso.

Somos solteiras, donas do nosso próprio nariz. Eu sei que, no momento, prefiro que ela explore tudo isso. Poderia ser somente comigo? Claro! Todavia, não desejo podar Ana, ela recém saiu de um casamento de anos. Seria interessante conhecer outros ares como acabei de fazer.

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Alguns minutos atrás…


– Prometo não fazer mais isso, okay? – Colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha, dei um sorriso.

– Okay, confio em você! – Afirmei.

Elena contornou meu rosto com as mãos, no impulso, me puxou para um beijo. Desejava parar, mas de alguma forma, aquilo me confortou. Apenas, me envolvi no beijo quente e gostoso, não era como os lábios da Ana, mas ainda assim, era um bom beijo. Quebramos o contato, ela me olhou confiante, dei um sorriso.

– Saudades dos bons tempos… – Sussurrou, ainda segurando meu rosto, aquela proximidade perigosa.

Me afastei, não desejava ter esse contato de novo, por mais gostoso que tenha sido.

– Foram bons tempos, mas não desejo que você me beije mais. O beijo foi muito bom, mas somos amigas, entende? Sei que ficamos seis meses nos conhecendo, sempre deixei claro que não queria um relacionamento até porque estava grávida. Continuo assim, não desejo um relacionamento e a única relação que temos aqui é amizade, nada mais. – Senti que precisava colocar aquele ponto final, finalizando de uma vez por todas a nossa ligação amorosa e ficando somente com a amizade.

Elena me olhou, indignada.

– Você ficou seis meses comigo, como não queria um namoro? – Sua indignação era nítida.

– Sempre deixei claro que não queria um relacionamento, sempre deixei claro que não estava preparada. Não posso arcar com as suas expectativas, elas são suas responsabilidades. Não vou levar essa culpa! – Me levantei, estou muito brava e não vou deixar que ninguém mais me sufoque com as próprias expectativas.

– Se você não queria um relacionamento, não deveria ter ficado comigo… – Soltei uma gargalhada. Realmente, ela não entendia nada do que falava.

– Olha, você não quer me ouvir e me entender. Então, não adianta em nada termos essa conversa, provavelmente nunca a teremos. – Sentia meus olhos pegando fogo. As pessoas sempre colocam as expectativas delas em cima de você, não sabem lidar com isso e ainda a culpa é sua. Não é minha culpa, pois deixei tão claro que não estava pronta e ela aceitou isso, até aquele momento, de boa. – Então, acabou "nós" e somos amigas. Daqui em diante, somos boas amigas. Eu te amo como amiga, sempre foi assim. – Meu tom se tornou calmo e me retirei da sala.

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Então, era injusto ficar brava com a Ana.

– Ana? – As duas se assustaram, ela se sentou na cama. Addison se levantou, saindo do quarto.

Ana me olhou arrependida, ela não deveria sentir isso.

– Me desculpe, sério… – Suas mãos tamparam o rosto, estava envergonhada.

– Ana, está tudo bem! – Me sentei ao seu lado, retirei as mãos do seu rosto, juntei as minhas. – Você está explorando, me sinto feliz que esteja fazendo isso… – Ela me olhou um pouco surpresa. – O que? – Indaguei.

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