Recuerdo haberme caído...

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Os dias passavam rápido ou vagarosamente. Não havia um dia que não considerasse em sair daquele lugar, as esperanças eram rasas demais para continuar acreditando no amanhã, porém, sou insistente.

As saudades da Ana e das minhas filhas são constantes, não cessaram por nenhum segundo, ainda estava suportável, todavia em algum momento, não será.

Estava deitada pensando, quer dizer, era isso que fazia maior parte do tempo, senão todo tempo. Me trouxeram coisas para me manter ativa mentalmente e não enlouquecer, mas não farei nenhuma... ou farei?

Pensei um pouco e preciso me manter ativa mentalmente para reencontrar a Ana. As esperanças estão escassas, porém, existem.

Fechei os olhos, escutei uma voz familiar... Ana!

Ana estava em minha cabeça, então, aprendi a ignorar. A voz estava longe, então, concluí que estava alucinando, só que a voz se tornou real a cada instante que se passava.

Abri os olhos, me sentei na cama. Poderia uma alucinação ser tão real? Sim, eu sei que sim. Fechei os olhos pedindo que fosse além de uma fodida alucinação.

As vozes se aproximaram.

Agora, estão sob minha cabeça... Abri os olhos e minha única reação correr para a escada pequena de madeira, que era saída e entrada daquele lugar, comecei a bater e gritar como se a minha vida dependesse disso. A voz da Ana começou a gritar mais alto. Meus olhos se preencheram de lágrimas.

Meu Deus, que não seja um sonho, pois acordaria enfurecida!

Ouvi um barulho de algo se arrastando, continuei a bater com força que não imagino de onde possa ter saído. As lágrimas escorriam em meu rosto com força de um mar em rebeldia.

Ana estava ali para me salvar.

Ouvi o barulho de algo quebrando, não sabia o que era, não desejava saber. Estava louca para sair dali.

Minhas mãos sagravam com grande violência que batia naquela maldita porta, quando saísse desse lugar, eu mesma mataria aquele desgraçado!

Não estava mais com controle em relação ao meu corpo. Ana gritava do outro lado e minha mente estava só querendo sair dali.

A porta abriu. Caiu um pouco de terra.

Por alguns segundos, observei o mar em plena a escuridão, os olhos de Ana.

Me recordei onde estava. Subi aquelas escadas e pulei em Ana. Ela me segurou com toda força do mundo, ela me abraçou sem se importar muito como estava. Nós duas compartilhávamos do choro.

Nos deixamos cair no chão, pelas tamanhas saudades e por estar fraca. Ana estava apavorada, mais magra e com os olhos tristes. Não queria a ter encontrado assim.

Minhas mãos estavam sangrando, principalmente, pela lateral. Algumas outras pessoas estavam ali, porém, em algum momento, fui perdendo os sentidos e Ana foi ficando longe. Estava tudo girando com certa força, a gravidade me puxou para o chão totalmente.

A única coisa que lembro desse momento são os olhos azuis, assustados e perdidos, desaparecendo de minha mente em questão de segundos.

Que não seja um sonho!

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