Ella rompe récords

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Ana

Nunca fugi de situações, mas quando meu emocional começava a me atormentar, fugir se tornará a melhor opção. Minha garganta estava em um nó, minha boca seca, meu coração pequenino e meus olhos inundados. Chegar no meu quarto nunca pareceu tão eterno e demorado como nesse momento, abri a porta e fui direto para o banheiro. Tranquei a porta, apertei meus punhos, me segurando para não chorar.

O que está acontecendo comigo?

Sempre fui tão controlada nessas situações, mas com Mariana sempre é completamente diferente das outras. Andei pelo banheiro de um lado para outro, evitando olhar no espelho porque as hipóteses de chorar eram maiores.

Me sentei na beira da banheira, passei as mãos pelo rosto, tentando ao máximo espantar essa sensação de estar com nó na garganta, mas não adiantou. Fiquei um tempo, concentrada em não entrar em colapso, mas estava sendo impossível. Me coloquei de pé, fui até a bancada e abri a torneira deixando o barulho da água preencher o ambiente. Coloquei minhas mãos embaixo da água corrente e as passei no rosto, evitando a todo custo olhar para o espelho.

Minha respiração ainda estava meio alterada, por que falei aquilo para ela? Se a machuquei? Por que você é assim, Ana? Joguei água no rosto, respirei fundo, olhei para o espelho e, nesse momento, explodi como balão de confetes. Não sabia como é tranquilizador chorar, senti as lágrimas quentes escorrendo pelas bochechas, me olhei no espelho. Algum tempo atrás, sentiria no mínimo vergonha por estar nesse estado, porque meus pensamentos em relação ao choro não são nada amigáveis e, muito menos, compreensíveis.

Chorei por alguns minutos até ouvir batidas na porta, parei no mesmo instante. A voz calma de Mariana transpassou a porta. Ela não estava magoada com o que disse? Como consegue se preocupar ainda comigo? Suspirei, limpei as lágrimas insistentes que desciam meu rosto com tamanha rapidez que jurava ter aberto uma torneira. Fechei a torneira, me encostei na bancada.

– Você está bem, Ana? – Perguntou com a voz calma e doce. Queria responder que sim, mas mentir para quem?

Olhei para o chão, refleti por alguns segundos.

– Não estou bem, mas não quero falar sobre isso. – Minha voz saiu entrecortada e falha, logo ouvi agitação da Mariana em frente a porta.

– Você quer ajuda? Está chorando? – Revirei os olhos. É atenciosa comigo mesmo sendo grosseira, dei um sorriso e cheguei à conclusão que não a merecia. – Ana? – Indagou novamente, por não ouvir minha voz.

– Não... – Meus lábios tremeram e as lágrimas voltaram a descer pelas bochechas. – Só me deixa sozinha um pouquinho. – Me virei novamente para o espelho, chorei mesmo sabendo que ela estaria ouvindo tudo.

– Posso entrar e te ajudar? Sei que quer ficar sozinha, mas o que você me falou só me deixou surpresa. – Sua voz abafada pela porta ainda demonstrava suavidade.

Repensei, era melhor não. Me ver chorando como uma criança indefesa era demais para o meu ego, sinceramente, só estou passando por momentos de grande pressão proporcionados por mim mesma.

Mariana ficou quieta do outro lado, me permiti voltar a chorar.

– Ana, abre só um pouquinho. – Ouvi a sua voz dessa vez mais baixa.

– Não, está tudo bem. – Me olhei no espelho, sinceramente que papel é esse?

Meu rosto estava extremamente vermelho, maior predominância nos olhos e nariz, resfoleguei. Não é fácil ter tantos sentimentos te sufocando noite e dia, você não sabendo os administrar e sofrendo.

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