Sugerencia

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Mariana

Ana estava me olhando com olhar mortal da porta, parada, me analisando como se fosse uma criminosa – invadir a privacidade de alguém é quase um crime. Como vou explicar para ela que sou curiosa e que não apoio o ato que cometi? Seria incoerente da minha parte, não? Quero mostrar sinceridade, mas não que estou com certos ciúmes, mesmo que eu esteja.

Ela suspirou, eu poderia fingir que nada aconteceu e saberia que ficaria muito brava. Ana adentrou silenciosamente no quarto e pegou o celular, revirou os olhos ao ver a mensagem e bloqueou o celular de novo.

– Então... – Me olhou sugestivamente, esperando que contasse porquê estava com celular dela.

Pensando em uma explicação inteligente para a Ana ou apenas a verdade, que estou com ciúmes dessa Diana. Por outro lado, não é inteligente ter ciúmes de uma pessoa livre como a Ana.

– Bom... – Engoli em seco e me encostei no berço. – Olhei por pura curiosidade. Você ficou tão irritada com essa pessoa, ela te mandou mensagem e estou levemente incomodada. – Meu raciocínio não estava saindo como queria e a Ana não me ajudava também, os olhos dela transmitiam que cometi um crime com direito a cadeira elétrica. – Talvez, só talvez... Eu esteja com ciúmes. – Sussurrei tão baixo que não tinha ideia se ela ouviu, mas estou com vergonha de sentir ciúmes de alguém que não é minha e mesmo que tivesse um relacionamento não aprovaria essa atitude.

Ana começou a rir, riso totalmente irônico. Mariana agora está com vergonha, muita vergonha. O costume de falar em terceira pessoa quando estou cheia de vergonha ou não consigo raciocinar. Ela se aproximou e falou de suave.

– Você está com ciúmes? Meu Deus! Sério que você está com ciúmes da Diana? – Ana continuava me questionando e, provavelmente, internamente estava tirando sarro da minha cara.

– Sim, estou. Você é alguém livre e esse sentimento não é bem-vindo, pelo menos, para mim. – Vergonhoso me sentir assim. Não tenho problemas de admitir os meus sentimentos, mas esse em específico é vergonhoso porque nunca a trataria como uma posse. – Não irei invadir sua privacidade, okay? Só foi um ato de curiosidade mesmo, mas não tenho esse costume. – Seus olhos ainda me incriminavam. – Me desculpe, Ana. Não irei mais fazer isso, mesmo que eu esteja morrendo de curiosidade. – Falei alto, não queria que a mesma fingisse que não ouviu.

Os seus olhos ainda me repreendiam, meus olhos fugiram dos seus para não me sentir a maior babaca do planeta.

– Por mais que você tenha admitido e sido verdadeira sobre o real motivo de ter feito a mini invasão, ainda estou e estarei brava e você terá que lidar com isso – Ouch, um soco doeria menos do que a voz da Ana cheia de rispidez e dureza. – Nas próximas horas, estarei incomunicável... – Ela parou de falar e fez semblante confuso. – Por que estou te falando isso? – Deve ser porque você me ama. Se afastou e ficou me olhando de canto.

– Tudo bem, estarei confortável com isso. Você tem todo o direito de ficar brava e não querer falar comigo, fiz algo errado e mereço o seu tratamento. – Olhei para seu rosto, tentando analisar qualquer coisa que pudesse me salvar. Ana estava inexpressiva, seu rosto não demonstrava nenhuma das emoções, que com certeza internamente sentia. 

Ana se sentou e começou a mexer no celular, seu rosto ainda estava inexpressivo. Me virei de costas e brinquei um pouco com a Vale, mas me senti incomodada por estragar o clima maravilhoso que estava entre nós.

Estava pensando em sair para resolver as coisas do aplicativo e da faculdade, porém, poderia esperar, precisava deixar claro que não sou aquele tipo de pessoa, que foi um deslize.

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