Minha boca estava seca, eu tentava me mexer, mas meus braços estavam pesados demais. Meu corpo parecia uma rocha. Minhas pálpebras pareciam coladas, pesadas e imóveis. Internamente, estava entrando em pânico; porém, consegui abrir os olhos. Tudo estava turvo, borrado e excessivamente claro. Fechei-os novamente. Onde estava a Ana?
"Você consegue abrir os olhos, vamos!"
Minha mente lutava com meu corpo para reagir e se fazer presente. Abri os olhos novamente e vi um vulto dourado – talvez fosse a Ana –, confirmei isso com o alívio em sua voz de fundo.
– Meu amor, não force! – Sua voz sussurrava enquanto pegava minha mão. Suas mãos estavam quentes em contraste com as minhas, que estavam geladas.
– Ela está melhorando a cada minuto, então peço que você fique tranquila, Ana. – Acredito que essa seja a médica falando.
– Ficarei calma. – Senti os lábios macios tocando minha testa e uma das mãos passando por meu cabelo, logo em seguida, pelo meu rosto. – Estou com saudades.
– Ana... – Sussurrei, no entanto, minha voz estava falha.
– Ei, meu amor. Não precisa falar. – Ela me deu um beijo casto nos lábios. Esse gesto aqueceu meu coração e o fez pulsar. Era tão bom ter sua presença comigo. Era tão bom tê-la aqui. Apertei sua mão na minha.
– Estou... com sau...dades... – Minha voz ainda saía com dificuldade.
Ouvi Ana chorar um pouco. Meu coração se apertou; não era apenas a saudade, agora eu a via assim e doía.
– Meu amor... Eu estou cheia de saudades de você. – Senti-a sentar-se na cama ao meu lado. – Meu coração ficou tão quebrado nos dias em que você não estava comigo. A vida é tão sem graça sem a sua presença e sua luz. – Meus olhos se encheram de lágrimas, apertei a mão dela e minha mão bateu levemente na cama.
– Não posso... Não é... – Ana sussurrou para mim, tentando seguir as regras.
– Não me importo, deite-se aqui! – Ela revirou os olhos e se deitou, tentando acomodar-se de maneira que não me machucasse ou deixasse desconfortável. – Saudades de sentir você assim. Quer dizer, saudades de sentir você por completo. – Ana olhou para mim, e aproveitei para dar um selinho nela. Ela esboçou um sorriso doce e aconchegou-se melhor em meus braços.
Coloquei meus braços ao redor dela e fechei os olhos. Isso já era suficiente para dormir bem, algo que não acontecia há dias. Acabamos cochilando, e acordei com meu braço dormente. No entanto, quem se importa quando se tem uma loira controladora dormindo sobre ele? Ela dormia serenamente, como se não tivesse chorado. Dei um beijo casto em sua testa, ela se mexeu e fingi que estava dormindo.
Nessa brincadeira, dormimos umas 4 horas juntas. Acordei com a enfermeira entrando no quarto para administrar o remédio, e pasmem, ela não se importou com a situação. Ana continuava dormindo serenamente. Como alguém podia ser tão bonita mesmo com a aparência cansada? Sentia-me toda dolorida, mas logo a dor passou junto com o efeito do remédio.
Acabei adormecendo novamente e acordei sem a Ana ao meu lado. Em vez disso, ela estava sentada na poltrona ao lado da cama. Estava lendo um livro cujo título não consegui enxergar.
– Você é muito má! – Sussurrei manhosa.
Ana deu um salto e fechou o livro. Levantou-se e veio em minha direção.
– Acordei e não consegui dormir. – Respondeu, segurando minha mão. – Como está se sentindo? – Perguntou, e aproveitei esse momento para fazer um drama básico.
– Estou com saudades e uma dorzinha. – Respondi manhosa, recorrendo ao drama.
Ana suspirou preocupada.
– Onde está sentindo dor, amor? – Indagou, claramente preocupada.
Toquei meus lábios com os dedos e sussurrei:
– Aqui, amor. – Fiz um bico.
Ana riu de verdade.
– Como posso aliviar essa dor? – Questionou, sentando-se ao meu lado na cama. Fiz uma careta pensativa.
– Se você me der um beijinho. Acho que ajuda a passar a dor. – Ana sorriu e revirou os olhos.
Aproximou-se de mim e teve que se inclinar para encostar os lábios nos meus. Senti a maciez dos lábios carnudos de Ana nos meus, entreabri um pouco a boca e sua língua adentrou com delicadeza, exploramos a boca uma da outra com saudades. A delicadeza rapidamente deu lugar à urgência, e Ana encerrou o beijo com calma.
– Você ainda está no hospital. – Revirei os olhos.
– Estraga-prazeres. – Ana deu um selinho demorado. – Você não gosta de correr riscos.
– Oh, amor. – Ganhei outro selinho de Ana, e suas mãos acariciaram meu rosto. – Sinto muito, mas precisamos cuidar da sua saúde antes de qualquer atividade intensa. – Ambas rimos. – Eu quero você, mas quero que esteja bem para aproveitarmos todo o nosso potencial. – Ela me beijou novamente.
– Tudo bem, mas você está me devendo. – Olhei para ela de soslaio.
– Esse é o tipo de dívida que aceito ter contigo. – Respondeu. – Como sinto sua falta. Rezei todos os dias para que alguém te trouxesse de volta para os meus braços. – Suas palavras eram cheias de emoção e me atingiram em cheio; seus olhos oceânicos se encheram de lágrimas. Meu coração se apertou novamente.
– Ei, não vamos chorar agora, está bem? – Meus olhos estavam cheios de lágrimas, e eu a puxei para um abraço. – Estou aqui para você agora! – Beijei seus cabelos dourados.
. . .
Horas antes... Eu estava pronta para confrontar aquele velho desgraçado, mas senti meu pulso ser segurado por meu pai. Ele me olhou.
– Ana, você e eu sabemos que não vale a pena! – Ele sussurrou.
Assenti e cerrei os punhos, tentando conter toda a raiva que sentia daquele verme. Diana parou ao meu lado e puxou meu braço.
– Olha aqui. – Fez com que eu olhasse em seus olhos. – Não deixe que esse idiota te traga mais problemas. Você tem alguém para cuidar. – Assenti e a abracei.
– Obrigada. Estou destroçada sem notícias da Mariana. – Respondi com a voz embargada. – Pai, você pode garantir que ele não entre no quarto da Mariana ou tenha contato com ela? – Perguntei, e ele assentiu; suspirei aliviada. Virei-me e encarei Anthony. – Você me aguarde! – Olhei-o profundamente.
– Parentes de Mariana Herrera? – Perguntou a médica que entrou no corredor sem ser notada.
– Sim! – Respondi, com o coração na garganta. – Ela está bem e Mariana já pode receber visitas. – Meus olhos estavam cheios de lágrimas. Suspirei profundamente, agradecendo aos céus por ela estar bem.
Refleti sobre como a vida era curiosa. Essa situação me fez pensar em apenas uma coisa. Eu precisava fazer o pedido o mais rápido possível.
Entrei no quarto, e ela estava dormindo devido à medicação. Lembro-me de seus olhos atordoados, mas agora ela estava mais calma, com o rosto sereno. Sentei-me na poltrona ao seu lado e segurei sua mão.
Agora, eu podia sentir um mínimo de paz por tê-la de volta.
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Lovely
Fanfiction"𝘌𝘶 𝘲𝘶𝘦𝘳𝘪𝘢 𝘦𝘴𝘵𝘢𝘳 𝘱𝘳𝘦𝘱𝘢𝘳𝘢𝘥𝘢 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘷𝘰𝘤𝘦̂, 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘦𝘴𝘵𝘢́ 𝘱𝘳𝘰𝘯𝘵𝘢 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘮𝘪𝘮." Escolhas - algo que teria que ser feito com lógica e paciência. Quando as consequências de suas escolhas batem na porta...