Me faltas

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As primeiras horas...

Minha visão estava embaçada, pisquei algumas vezes e se manteve. Resmunguei e tentei me mexer, mas parecida estar presa.

Estava sonhando?

Minha visão tornou a ficar escura. Estava com saudades de Ana...

Onde estava Ana?

Parecia estar em um vácuo ou no fundo da minha mente, onde nada de propagação. Novamente, tentei abrir meus olhos, que se mantinham embaçados. Que sonho mais estranho, quase beirando a realidade com todas essas sensações.

Estava sentindo algo gelado em minhas costas. Sentia frio, apesar de estar coberta.

— Você fez seu serviço direito, né? — A voz se espalhava no fundo de minha mente. Ainda estava com os olhos fechados, não tinha muita força para abri-los.

A outra voz se fez presente.

Claro, senhor. Fizemos tudo como foi planejado pelo senhor. — Respondeu, sua voz parecia de alguém muito atrapalhado.

A minha mente captava todos os barulhos, mas não conseguia abrir meus olhos, pareciam estar colados, assim como, meus abraços e pernas.

Você tem certeza? — A voz mais velha Indagou. — Porque a pista que foi deixada não diz o contrário. Ela estava com uma correntinha, essa que ficou no local. — A voz falava rispidamente. A outra resmungou e tentava se explicar.

Minha mente voltou a vagar e tudo ficava distante. Senti um baque forte que fez meu corpo que estava imóvel se mexer.

Abri os olhos em completo susto. Estava em um carro? O teto metálico, o barulho do motor e o barulho da estrada me confirmavam que, sim, estava em algo que parecia um carro.

Meu coração acelerou, bati firme e forte, parecia que ia rasgar o peito e sair para fora. Nunca fui muito fã de adrenalina. Respirei profundamente e minha boca estava tampada com um pano que me impossibilitava de falar ou gritar.

Agora, estava percebendo que nada do que ouvi fora um sonho, era tudo realidade.

Queria me debater, mas estava em perigo. Lembrei das últimas coisas que aconteceram. Estava em pânico, mas não podia gritar e nem fazer grandes barulhos, ainda mais, se quisesse ver Ana e minhas filhas.

Me mantive com os olhos abertos e quieta. O carro parou e aquele cara abriu a porta, fechei os olhos e rezando para que nada acontecesse comigo. Pensei em Ana.

A porta traseira abriu e senti os olhos sobre meu corpo, queimavam minha pele. Me senti desconfortável em um nível nunca experimentado antes.

Senti as mãos puxarem meus pés, tive que fingir que aquela lataria não estava me incomodando pela temperatura super gelada. Me pôs em seus ombros. Esse homem não tomava banho alguns dias, pelo jeito... Sim, estava tocando em qualquer outra coisa que não fosse meu medo.

Meus olhos abriram, pude perceber que estava em meio ao mato, muitas árvores, estava escuro e o cheiro de terra me acalmava, mas não o suficiente.

Ouvi um barulho de pedra arrastada na terra, fechei os olhos pensando que já era a minha hora. O barulho de fechadura sendo puxada, espera... PUXADA? A madeira bateu no chão e ele estava caminhando, havia uma escada que fazia barulhos como se fosse partir a qualquer momento e nós fazer cair.

O lugar estava uma penumbra. Meu medo estava aumentando cada vez mais.

Não posso te machucar... Uma pena! — Ele resmungava e acendeu a luz do local. Não era um lugar feio, era confortável.

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