Raso blanco

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O homem com terno de grife para um evento de gala arrastava o corpo da morena com dificuldades. O vestido de cetim branco dificultava pegar na cintura com firmeza e acabava deslizando. Os cabelos esvoaçantes acompanhavam a corrente de ventos e criava harmonia com o barulho da fricção do salto com a rua. A única que se ouvia era esse som.

— Preciso da sua ajuda, cabrón. — O homem expressou ao outro a sua dificuldade enquanto tentava carregar Mariana. — Que mulher pesada! — Ele parou no meio do caminho, segurando o corpo desacordado.

O homem loiro gargalhou.

— Você está com dificuldade de carregar uma moça dessas? — Ele debochou do parceiro.

— Se ela não tivesse esperneado demais... Não teria que recorrer ao desmaio. — O homem bem-vestido continuava arrastando Mariana.

O barulho do salto arrastando pelo asfalto que ficava entre os grandes jardins do grande espaço. O vestido branco ia sumindo entre a vegetação que começava a se transformar para mais espeça.

— Ela é bem bonita... — O homem loiro disse ao olhar o rosto bem desenhado da morena. Os lábios estavam com batom vermelho e uma maquiagem bem leve.

— Sim, ela é bonita, mas o chefe disse para não estragar a mercadoria. — O homem careca passou entre a trilha de asfalto que ficava entre uma mansão e outra que compunha a grande propriedade Servín. — Você acredita que sentirão falta dela? — Ele indagou chegando perto da van preta com adesivo do serviço de buffet.

— Não, cara. Ela estava completamente deslocada, não parecia entender nada da festa. — Ele parou para pegar a bolsa dela, olhava a bolsa branca e pensava no que fazer. — Devo jogar aqui ou enfiar com ela aí? — Indagou o homem.

— Sem pistas, enfia com ela aí. — O careca disse sem expressar nenhuma emoção. — Me ajude! Abra essa porta aqui. Rápido! — Tentou ajeitar novamente a mais nova, pois estava escorregando.

O loiro abriu a porta da van e ajudou a colocar Mariana. Sem muitas cerimônias, eles fizeram amarrações firmes nos braços e pernas. Sempre bom prevenir, do que remediar. Puseram uma fita em sua boca. Mariana ainda estava desacordada e a loira não fazia ideia do que acabava de ocorrer.

Fecharam a porta da van.

— Será que o chefe me deixa aproveitar desse monumento? — Indagou o loiro dando um sorriso sacana.

— Você acredita que ele deixará tocar antes dele, certeza? Não seja burro, cabrón. — O careca deu um tapa na cabeça do loiro, que emburrou com a ação. — Vou voltar para a festa, você de continuidade no plano. Sem tocar, sem machucar e sem maltratar a bela moça. — Usou da boa ironia e saiu andando. O loiro bateu continência, bem-humorado.

— É moça... A última que esteve nesta van, não acordou. Aparentemente, meu chefe gostou de você. — Deu risada, abrindo a porta do motorista e adentrou no carro.

Ligou o motor e seguiu em direção ao planejado, um galpão desconhecido e construído há pouquíssimo tempo em uma floresta ao norte.

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