Mariana
Eu e Ana estávamos entretidas na conversa – conversas sobre o trabalho faziam os olhos de Ana brilharem, é a coisa mais linda, é incrível como algumas pessoas nascem com tino para negócios como ela –, conversamos sobre o aplicativo também. O assunto central do momento é a volta ao trabalho, no momento, estávamos falando da possibilidade porque ela se demitiu da empresa e, provavelmente, terá que procurar um novo emprego. O que não é tão difícil com currículo dela, mas seu rosto mudou de feição enquanto conversávamos, tomou um brilho novo.
Ana parou de falar e continuou olhando a tela do notebook.
– O que? – Indaguei sem perceber que poderia estar sendo invasiva. Por mais que estivéssemos voltando ao antigo normal, ainda não quero forçar a barra sobre esses assuntos com a Ana.
Me olhou sorrindo, seus olhos brilhavam como o sol.
– Acabei de ver o e-mail da empresa recusando minha demissão... – Não pude deixar de esboçar um sorriso enorme. – Pena deles, não vou aceitar. – Ana fechou o notebook, expressão mudou rapidamente de alegria para séria.
– Pensa um pouquinho, certo? Não pode descartar a opção sem pensar na possibilidade. – Tentei fazer com que pensasse melhor sobre o assunto. Pelo pouco que conheço, Ana é teimosa e não vai me ouvir em nada, mas queria tentar mesmo assim.
Ana revirou os olhos e suspirou.
– Okay, eu vou pensar... – Nesse momento, flash repentino a fez pausar e Ceci nos olhava com a maior cara de preocupação.
Meus olhos arregalaram, olhando para Ceci que me olhou de volta, o que ela estava fazendo? Não deu tempo de perguntar porque ela sumiu como fumaça.
– Essa menina... – Ana me olhou incrédula. Eu abri a boca várias vezes, mas nada saia.
Ana bufou e voltou a conversa como se nada tivesse acontecido.
– Então, vou pensar no assunto, porém, tenho outra coisa para trabalhar – Me olhou, tentando não ser tão explicita no que dizia, mas era possível ver que isso a causava entusiasmo. Se algo causava entusiasmo, era algo novo ou algo que envolvia competição. Mesmo assim, parecia ser algo confuso, Ana trabalhava em outra coisa sem ninguém imaginar ou saber. Se fosse eu, na primeira hora, qualquer pessoa saberia.
Outra coisa para trabalhar?
Ana não tinha nenhum projeto fora da empresa, que eu saiba, até porque muita coisa a Ana guarda para si.
– Então... Qual é desse projeto secreto? – Perguntei tentando arrancar alguma informação, se tem algo que sou é curiosa, não é à toa que me ferro tanto. Porque o curioso sempre se ferra.
Ela revirou os olhos e me olhou.
– Nada de secreto. Trabalhei nele nas horas vagas, mas era muito arriscado enquanto estava na empresa. – Continuou me olhando, ela queria compartilhar a informação comigo. O medo de confiar algo que só estava no plano de sua mente para alguém que já quebrou, várias vezes, a confiança dela.
– Você não precisa compartilhar comigo... – Ana assentiu, mas ainda ficou me olhando pensativa. Era engraçado que quando desejava dizer algo sempre ficava quieta, fixando os olhos na vítima e parecia ler sua alma.
– Eu necessito compartilhar com você... – Me olhou como se fosse a maior cúmplice dela em um assassinato.
– Por que? – Indaguei, tentando demonstrar que não estava forçando a nada.
– Porque não tenho mais ninguém para falar sobre isso... São planos empresariais. – Sua voz saiu firme e rouca. Estou me sentindo galanteada, mesmo sabendo que essa não foi a intenção.
– Planos empresariais...? – Perguntei jogando um charme bem sutil e Ana captou isso, mas continuou sobre o assunto que queria compartilhar comigo de todas as formas.
– Sim, antes de pedir demissão, por mais que parecesse algo impulsivo, eu já tinha um plano B. – Passou a mão no cabelo e se recostou na poltrona.
– Então, você é a mulher dos planos secretos! – Agora, não sabia se era deboche que saiu ou algo como sensual.
Ana me repreendeu com o olhar. Conseguia a deixar sem jeito completamente, isso era tão fofo e estranho, ao mesmo tempo.
– Pare de flertar comigo, estou falando sério. – Suas bochechas ficaram rosada e deu um pequeno sorriso. Voltou a ficar ereta na poltrona, sua mão pausou em seu queixo e passava de leve o dedo indicador, pensativa. Se não compartilhasse aquelas ideias com alguém iria explodir em poucos momentos.
– Okay, mas se quiser me contar o plano... – Falei como alguém que não queria nada.
Ana suspirou e parecia que ia me contar a cura de alguma grande doença ou a última descoberta da ciência, realmente era algo importante para ela. Olhou no fundo dos meus olhos, assenti para que começasse.
– Estou pensando em criar minha própria empresa. – Deu uma pausa, esbocei o melhor sorriso de apoio que poderia dar. Ela continuou. – Conheço todo o processo que ocorre dentro da empresa, como maioria das coisas funcionam e já tenho bagagem de 15 anos. – A olhei admirada, era fabuloso como Ana se renascia das cinzas e com ideias melhores. – O que? – Me olhou insegura.
Se eu a beijasse agora, iria parecer forçado ou pular etapas em nossa relação? Ana se levantou e olhou para fora pela janela. Pensa, Mariana!
Me levantei, esperei que seus olhos pousassem sobre os meus. Me aproximei e a beijei de surpresa.
– Você sabe que... – Nesse momento, não pensei muito sobre o que falaríamos depois, mas sim, que precisava demonstrar de alguma forma que estou com ela. O beijo começou bem desajeitado, mas estava se moldando com os segundos que se passavam, deixei que a sua língua explorasse minha boca. O frio na barriga e as borboletas, meu coração parecia que iria sair a qualquer momento pela boca, suas mãos pressionavam minha cintura, me trazendo mais para si. Minhas mãos que estavam em seu maxilar fazendo carinho leve, poderia a beijar a vida toda. Nosso beijo foi se desfazendo aos poucos, a falta de ar atrapalhava continuar o que havíamos começado. Seus olhos se abriram, me olhando profundamente. – Você... – Ana começou a falar, mas dei um selinho, cortando qualquer possibilidade de continuar o que estava pensando. Suas mãos ainda continuavam em minha cintura.
Precisava me expressar em palavras também, por mais que Ana pegasse pequenas coisas no ar.
– Estou te apoiando a fazer qualquer coisa desde voltar ao trabalho até mesmo abrir sua própria empresa. – Coloquei uma mecha do cabelo dela atrás da orelha. – Você é incrível por ter passado por tudo isso e ainda querer se reerguer da melhor forma possível, então... – Minhas mãos pausaram sobre as dela em minha cintura. – Eu te apoio e estarei aqui para te ajudar no que puder. – Ana piscou algumas vezes, os olhos estavam marejados. Beijei sua bochecha e dei um sorriso, sem quebrar o contato.
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Lovely
Fanfiction"𝘌𝘶 𝘲𝘶𝘦𝘳𝘪𝘢 𝘦𝘴𝘵𝘢𝘳 𝘱𝘳𝘦𝘱𝘢𝘳𝘢𝘥𝘢 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘷𝘰𝘤𝘦̂, 𝘤𝘰𝘮𝘰 𝘷𝘰𝘤𝘦̂ 𝘦𝘴𝘵𝘢́ 𝘱𝘳𝘰𝘯𝘵𝘢 𝘱𝘢𝘳𝘢 𝘮𝘪𝘮." Escolhas - algo que teria que ser feito com lógica e paciência. Quando as consequências de suas escolhas batem na porta...