Me duele el pecho sólo de pensarlo...

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Decidimos às 23 horas da noite seria o melhor horário, considerando que o caminho levava uma hora, estava decidida a achar Mariana, nem que durasse o resto da noite. O caminho foi tedioso, era longo e longe da minha casa.

Meu peito gritava de saudades, gritava de possíveis respostas. Mariana está viva, eu sei que está. Meus olhos preencheram de lágrimas. Fechei meus olhos e respirei profundamente.

Meu pai ficou mudo o caminho todo, estava processando toda a informação. O ponto vermelho não se moveu, ele se movia em círculos, em muitos momentos, parava por horas.

Chegamos e me baixei para esconder, meu pai passou pela segurança sem problemas, pois ele e o sócio desgraçado eram donos da mesma terra.

Estranho, né? Chamá-lo de meu pai... Sem restrições.

Voltei a posição inicial no banco de passageiro, fomos seguindo por uma rua dentro daquele terreno.

Saímos do carro. Me preparei emocionalmente para qualquer coisa, mesmo que meu instinto falasse que nada disso poderia ter acontecido.

– Pegou tudo? – Indagou meu pai.

– Sim, peguei. – Respondi com a voz um pouco embriagada.

Meu pai parou e me olhou naquele escuro.

– Você tem certeza de que deseja prosseguir? – Questionou sussurrando.

– Sim, com toda certeza! – Peguei as coisas e fomos andando. Ainda bem, que coloquei um sapato adequado, aquela terra era terrível e grudou em tudo.

Seguíamos o sinal, na esperança de achar. Andamos bons minutos, minhas pernas já doíam. Acredito que pelo nervosismo ou porque estava realmente fraca nos últimos dias por ser difícil comer pensando que Mariana poderia estar em passando fome ou se recusando a comer, sabendo que é bem teimosa.

Meu pai ligou a lanterna em luz baixa, só dava para ver a poucos metros, então, sem grandes suspeitas que tinham duas pessoas ali vasculhando o lugar.

Começamos a chegar perto do ponto e comecei a chamar Mariana, na falsa esperança de ter uma casa ali ou qualquer edifício e ouvir a voz dela me respondendo.

Gritamos, já alguns minutos e íamos nos aproximando do ponto vermelho que piscava a cada passo que dávamos.

Estava ofegando, aguardando o retorno da voz doce de Mariana. Obtive de volta batidas fortes vindas do chão. Sai correndo até o local que mostrava no celular, inclusive, joguei o celular no chão quando ouvi os barulhos aumentando.

Havia pedras grandes e meias que cobriam onde o barulho parecia sair, tentei arrastar, mas não tive força o suficiente. Meu pai, me ajudava a arrastar aos poucos aquelas pedras, minhas mãos começaram a sangrar levemente pelo esforço. Não liguei e continuei, à medida que as pedras eram retiradas, meus olhos ficavam úmidos, mais e mais.

As batidas ficavam mais nítidas, não acredito que Mariana estava ali, bem ou mal, estava viva.

Tiramos tudo e havia um cadeado enorme. Não sei de onde saiu força ou qualquer outra coisa que estava ali, mas comecei a bater com o alicate no cadeado e por sorte se quebrou. A porta era pesada o suficiente, pois não consegui abrir totalmente sozinha e com ajuda do meu pai, conseguimos abrir.

Mariana estava em um estado deplorável, suas mãos delicadas mãos sangravam nas laterais, ela ficou parada por alguns instantes, me olhava profundamente ou estou delirando, por conta da escuridão. Ela sai daquele lugar, se joga em mim, a abraço como se o mundo dependesse disso. O choro compulsivo dela preenchia o meu choro compulsivo interno.

– Mari, meu amor... – A chamava, mas ela não parecia ouvir. Estava gelada, sua pele estava pegajosa, queria levá-la para casa e dar um banho, dar amor e carinho. Nunca mais largar. Ela me olhou profundamente, colocando as duas mãos em cada lado do meu rosto.

– Meu bem... Olha aqui, você está a salvo. – Mariana me olhava assustada, não parecia racionar nada, em algum momento, ela foi ficando pesada nos meus braços e caímos juntas no chão cheio de barro. Os olhos se perderam e meu coração parou por todo momento. – Mariana! – Exclamei gritando fortemente pelos pulmões, meu pai se aproximou e testou o pulso dela.

– Ela está fraca, Ana. Precisamos a levar para o hospital! – Me falava olhando. Meu raciocínio não estava funcional, meus olhos expressavam medo e as lágrimas não tinham mais impulso, apenas saiam.

– Pai, não quero que ela morra! Ela não pode morrer. – Me sentei no chão chorando sem ações.

– Ana você foi forte esse tempo todo, você tem que continuar, quando ela estiver no hospital você pode desabar sem nenhum problema! – Me fez olhar para ele. Concordei sem força alguma, mas pude apreciar o que é arrancar forças de onde não existe pelo amor da minha vida.

Meu pai pegou Mariana no colo e saiu andando mais rápido possível, peguei meu celular e as coisas que larguei – joguei para ser mais exata – e o segui. Meus dedos estavam frios, não pela noite, mas pela ansiedade e adrenalina. Mariana estava pálida. Meu pai a colocou no banco de trás do meu carro e entrei junto a ela.

Não demorou muito, ouvimos um barulho de carro e nos escondi com lençol e meu pai cantou pneus para outras estradas na propriedade. O carro era do desgraçado, queria muito ter saído daquele carro e dar a ele o que merecia.

Meu pai realmente conhecia aquilo como a palma da mão dele, saímos da propriedade e ele corria contra o tempo. Mariana continuava pálida, tirei minha blusa e fiquei apenas de sutiã e a abracei. O calor humano não a faria entrar em hipotermia ou qualquer outra coisa.

Queria chorar, que situação horrível. Ela respirava vagarosamente e meu coração acelerava sempre que ficava mais leve.

Não era justo, se fosse para isso acontecer. Segurei a mão dela em todo o caminho, sem soltar em nenhum momento, estava com ela mesmo que inconsciente.

Chegamos no hospital, fomos atendidos de forma rápida. Mariana entrou para emergência e meu pai tomou conta de todas as questões legais e do hospital. Mandei mensagem para Cecilia e Rodrigo falando que encontramos Mariana, porém, não contei da situação que ela estava.

A espera era eterna. Fiquei ali algumas horas. Sem notícias, sem avisos e sem nada. Liguei para Elena e contei do ocorrido, nos últimos momentos, virou quase uma amiga. Logo, Diana apareceu, me deu um abraço apertado. Estou toda suja de terra, porém, no momento, não estou me importando com nada disso. A vida da Mariana é mais importante.

– Como você está? – Indagou Diana.

– Aguentando muito. Estou feliz que ela esteja viva, porém, com tanto medo de que ela morra. – As lágrimas começavam a fugir pelos cantos dos olhos.

– Aninha, calma! – Me abraçou. – Vamos fazer assim! Você tomará um banho, trouxe roupas e tudo que você precisa e fico aqui aguardando notícias. – Me entregou a bolsa e quase me expulsou para o banheiro que ofereciam no hospital para as visitas realizarem a higiene.

Tomei um banho digno, tentei ser rápida, mas os machucados estavam feios e quando saísse dali, iria à enfermaria ver o que poderia ser feito.

Estava penteando meu cabelo e meu celular toca.

Era meu pai, falando que Anthony estava furioso e que sabia o porquê. A polícia estava no hospital tomando todas as providências. Conversamos um pouco e já estava saindo do banheiro.

Quando cheguei onde estava Diana, vi uma cena que não estava acreditando na audácia desse desgraçado.

– O que esse senhor está fazendo aqui? – Senti meu corpo preencher de ódio, estava pronta para pular nele.

– Ora, ora, se não é a mulher maravilha que foi salvar sua amada. – Meu sangue começou a ferver com esse velho me provocando.

– Você não deveria ter falado isso. – Meu corpo não respondia mais por mim.

Agora, ele teria o que merecia. 

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