El amor es lo que sentimos sin querer

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Mariana

Cheguei em frente à porta do escritório que estava fechada, fechei os meus olhos. O que poderia acontecer de pior? De alguma forma, aquilo me deixou desconfortável. O silêncio que transpassava a porta do escritório era assustador. Me movi de um lado para o outro, não sei exatamente onde errei, mas com a Ana todo deslize é um possível erro.

Não que eu tenha que pisar em ovos ao lado dela, porém, a cisma com coisas que seriam fáceis de serem resolvidas se me falasse o motivo. Inalei o ar que estava presente no ambiente, mas não parecia ser o suficiente para os meus pulmões, raras são as situações que me tomam pelo nervosismo. Geralmente, sei lidar bem com pessoas.

No caso dela, era completamente diferente a forma de lidar. O lado inflexível dava as caras, quase sempre. Acredito que entrar e ter uma boa conversa possa ajudar ou piorar completamente a situação. Minha mente estava desorientada em completa confusão. Respirei fundo, parei de andar em círculos. Olhei para a porta, dei duas batidas. Ouvi pequenos resmungos, ainda estava chateada.

– Ana, sou eu. – Falei, contra a porta. – Posso entrar? – Indaguei, esperando a resposta dela ou resmungos.

– Entre! – O tom sério tomou conta do ambiente. Abri a porta com maior medo de ser mandada embora de novo. Seus olhos carregavam a seriedade, era visível o mau humor. – Então... – Os orbes azuis analisavam os papéis que estavam em suas mãos. Fiquei em pé, esperando que me falasse algo.

O fato de não me encarar ou apenas me olhar para desenvolvermos a conversa, me deixou bem insatisfeita.

– Precisamos conversar... – Me fiz presente no ambiente chamando atenção dos olhos de Ana. – O que eu fiz? – Questionei, me sentando na poltrona em frente a mesa.

Ana revirou os olhos, largando os papéis sobre a mesa. Esse mau humor, não era como os outros.

– Podemos conversar mais tarde? – Perguntou, ainda sem me olhar diretamente. Eu não faço ideia do que acontece em sua cabeça, mas me deixa confusa. Eu quero conversar agora.

– Não, tem que ser agora. – Bufou, revirando os olhos. Ana fez gesto com as mãos para que eu começasse a falar. Resfoleguei e comecei o meu monólogo. – O que foi aquilo na mesa? Não sei o que anda passando com você, mas adoraria entender. Em algum momento, tento te ajudar com o peso de estar sempre tão atarefada e te dar um apoio para poder respirar. – As palavras saiam como balas de uma metralhadora, mas ainda sim com tom normal. Não queria que a conversa ganhasse mais estresse do que normalmente ganharia. – Só estou tentando te ajudar nesse momento crítico. – A olhei profundamente, para que entendesse o que desejava passar.

Ana continuou quieta, apenas me olhando. Me analisando no fundo da alma. Ela suspirou, começando a realmente conversar comigo. Onde você se enfiou, Mariana?

– Já pensou que não quero ajuda? – Ana sendo grosseira quando seu território era invadido por alguém, não me era novidade.

– Você tem que aprender a delegar tarefas, está tentando carregar o mundo nas costas? – Os seus olhos demonstravam frieza e seriedade em minha direção, as emoções são perceptíveis.

– Às vezes, só estou fazendo o que sei que posso fazer e dou conta de concluir. Já deixei claro, que qualquer decisão, tomada nessa casa passa por mim. – A deixei desconfortável com a ideia de a ajudar, parecia até estranho ver alguém ter tanto orgulho de SEMPRE estar conseguindo bater metas surreais.

– Sempre... Você já percebeu que o Rô me pediu ajuda porque não queria te atrapalhar? Se estou livre, qual o problema em o ajudar? – Indaguei, um pouco nervosa.

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