Apuesta

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Cecí

Minha desconfiança que a mamãe está aprontando algo é enorme, isso não é criação das vozes da minha cabeça. – Talvez, seja. Ana Servín anda diferente, feliz, não se importando por estar em casa uma semana, sem trabalhar, focada nas meninas, as regras estão flexíveis, mundo está prestes a acabar?

O que poderia fazer minha mãe ficar assim? Divórcio? A traição? O que? Observando bem, ela e a Mariana pareciam estranhas, não digo tipo estranhas de – estamos brigadas e não queremos se falar –, mas sim, estranhas de – estamos flertando de forma explícita –, convenhamos que a minha mãe não era assim com meu pai. Apesar que para aguentar Ana Servín tem que ser igual ou ser muito compassiva e compreensiva – conheço alguém com essas características.

Estava conversando escondido com a Elena, ela queria saber como Mariana estava e acabei dando algumas informações. E nisso, acabei falando das minhas desconfianças em relação a minha mãe a Mariana. Elena me propôs uma aposta valendo dinheiro, se minha mãe estivesse realmente ficando com a Mariana eu ganharia, caso não, ela ganharia.

Convenhamos que já peguei às duas no pulo, várias vezes, me admira ainda não ter pegado elas no ato. Minha mãe é péssima em mentiras, eu adorava a perturbar com isso.

Mais um dia estranho nessa casa, desconfiando da calmaria. Antes de entrar na cozinha, eu só consegui ouvir:

– Por acaso tem algum chupão no meu pescoço? – A voz da minha mãe sussurrando ou tentando sussurrar. Chupão de quem? Onde? Meu Deus, a Mariana e ela estavam ontem juntas, não é mesmo?

– Hm... Eu prometo que na próxima vez, não vou deixar um chupão. – Mariana disse com voz tímida, não acredito mais nessa sua timidez. Como é estranho imaginar que a sua mãe está transando com alguém... Espera, ela está transando com a Mariana?

Como estragar momentos gays da minha mãe, check.

– Bom dia! Que chupão? – Me sentei, a cara da minha mãe era hilária, nunca a vi tão desconfortável como esses dias.

– Bom dia, meu amor! Dormiu bem? – Ela sempre tentando desviar do assunto. Usou a mão como apoio para esconder o chupão e pensa QUE CHUPÃO.

Mariana fingia que nada estava acontecendo, minha mãe deveria estar surtando internamente.

– Depois dos barulhos estranhos no seu quarto, dormi bem sim. – Tomei um gole do suco enquanto minha mãe e Mariana se afogavam com café. – Então, você vai voltar a trabalhar quando? – Indaguei fingindo que nada a estava acontecendo. Minha mãe semicerrou os olhos. – Não estou reclamando que você está em casa, mas é bom saber quando você vai voltar. – Não queria parecer uma filha ingrata.

– Não sei, ainda tenho que entrar em contato com algumas pessoas e ver se deram baixa na empresa. – Mariana estava tão quieta.

– Você tá bem? – Perguntei sorrindo para Mariana.

– Claro! Estou super bem. – O sorriso forçado que ela deu e se distraiu brincando com a Valentina. Regina estava tão quietinha na dela, nem parece que vive com uma família doida. Estou super bem, com certeza, dormindo com a minha mãe...

– Cadê o Ro? – Mamãe perguntou tentando sair da situação desconfortável.

– Ele saiu um pouco mais cedo para ver a namorada dele. – Minha mãe sorriu e retribui. Ela estava quase a ponto de surtar. – Que isso no seu pescoço? – Perguntei super despreocupada mexendo no celular, mas percebendo que ela ficou tão desconfortável com aquilo.

– Que? – Fazendo a egípcia dona Ana.

– Tem uma marca no seu pescoço... – Olhei bem para os olhos da minha mãe, esperando a desculpa esfarrapada.

– Que marca? – Perguntou se fazendo de desentendida.

– Deixa para lá.

– Eu vou subir com a Regina. Já terminamos aqui, né meu amor? – Mariana se levantou com Regina e minha mãe com a Vale.

– Vou com você, preciso dar uma olhada nos meus e-mails. – Voltamos a normalidade. Juro que o rosto da minha mãe nessa situação é impagável.

– Que vocês tenham um bom dia. – Dei meu melhor sorriso, minha mãe revirou os olhos.

As duas saíram da cozinha, entrei na lista de contatos e liguei pra Elena.

– Belo dia para ganhadores. – Falei dando risada.

Como assim, Ceci? Isso é hora de me ligar, são 7 horas da manhã. – Esbravejou.

– Calma aí, tenho uma boa ou péssima notícia. – Suspirei e continuei a contar. – Sabe quem está com um chupão no pescoço? – Perguntei com maior despretensão do mundo.

Quem? Dá pra falar logo! Quero voltar a dormir. – Revirei os olhos, menina chata.

– Minha mãe tá com um belo de um chupão no pescoço. Então, ganhei a aposta. – Meu ar vitorioso estava esplêndido.

Sua mãe o que? Espera... – Sua voz saia desacreditada.

– Elas dormiram juntas ontem, segundo minha queridíssima mãe, era porque não queria mais cair da cama e a Mariana se ofereceu para dividir a cama com ela. Era tarde da noite, eu ouvi minha mãe gemendo, pior experiência para uma pessoa como eu.

Como sabe que foi a Mariana? – Que dó, ela ainda era iludida que a Mari gostava dela.

– Você é burra ou se faz? – Suspirei sem paciência. – Eu fui à porta do quarto e bati, minha mãe atendeu com maior cara que ganhou um trato. – Era engraçada a situação, convenhamos.

Olha jeito que você fala comigo, pirralha. – Esbravejou e eu sorri internamente. – Você não presta, cara. Então, como vou saber se é verdade, você pode estar mentindo. – Droga, teria que dar uma prova que era real, tive uma ideia.

– Então, posso tentar tirar uma foto ou gravar um vídeo. – Meu sorriso era enorme, não pelo dinheiro que ganharia, mas era ótima a sensação de ganhar uma aposta.

Okay, então, tira a foto e me manda. Agora, me deixa dormir. Tchau! – Respondeu de forma grosseira.

– Por isso, que você não tem namorada. – Jogo na cara mesmo, quem perdoa é Deus.

Vá se ferrar, pirralha.

– Tchau! – Desliguei na cara dela, grosseira e estupida.

Agora, pensando bem como vou tirar foto... Já sei, as duas devem estar no quarto. Vitória para mim!

Subia as escadas, pé por pé, iria ser maravilhoso pegar às duas no pulo, mas não foi hoje. Adentrei no quarto, sorrindo e vendo minha mãe sentada em uma poltrona e Mari na outra. Estavam conversando animadas sobre algo que não me importa. Posicionei o celular para que não aparecesse que estou tirando uma foto, minha mãe nem estava se importando com a marca mais ou só estava relaxada conversando mesmo. Na hora que cliquei na tela, o flash estava ativado... Minha mãe me olhou assustada, droga! 

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