9. A VIDA É ETERNA

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Minha crença na continuidade da vida depois da morte está alicerçada nas experiências pelas quais vivi e que comprovaram essa realidade.

Em 1962, meu filho Luiz Antônio estava com 13 anos e atravessava um período turbulento. Não ia bem nos estudos, andava impaciente, nervoso, agitado.

Na época, eu e meu marido, uma vez por semana, reuníamos os filhos durante meia hora para conversarmos sobre espiritualidade e rezar pedindo proteção e bênçãos para nossa família.

Para o Luiz Antônio, ficar meia hora quieto, rezando, era um sacrifício. Ele obedecia, mas contrariado, inquieto, de má vontade. Uma noite, pela primeira vez, observamos que ele sentou-se e ficou parado, sem se mexer durante todo o tempo. Quando encerramos nossa oração, ele deu um pulo da cadeira, dizendo:

- Que alívio! Assim que me sentei aqui alguém me segurou e eu não podia me mexer.

Algum espírito amigo fez essa brincadeira com ele. Mas esse fato nos mostrou que a sensibilidade dele estava se abrindo. Perto da minha casa morava dona Laís, uma vidente que dirigia todo o trabalho de curas da Federação Espírita.

Certa noite, ela estava ocasionalmente na Federação e sabendo que morávamos na mesma rua, nos pediu carona. Durante o trajeto, Ihe pedi orientação sobre os sintomas de mediunidade de Luiz Antônio, pois ele era muito novo para desenvolvê-la.

Laís costumava fazer uma sessão espiritual em sua casa e pediu que o levasse lá na segunda-feira. Ele não queria ir.

- Você vai só hoje, ela está à sua espera disse eu, enérgica.

Ele foi reclamando muito. Chegamos lá, fomos conduzidos a uma sala iluminada por uma luz azul, onde havia uma mesa grande e pessoas sentadas à sua volta.

Uma das cadeiras estava vazia. Laís pediu que Luiz Antônio se sentasse nela. Eu sentei-me na segunda fileira de cadeiras junto com meu filho Pedro Luiz que nos acompanhou porque que na manhã seguinte ele iria fazer uma cirurgia com anestesia geral, para retirar um nódulo do braço.

A sessão começou e logo uma médium começou a falar em uma língua estranha e para meu espanto, alguns minutos depois, Luiz Antônio começou a dialogar com ela naquele idioma. Os dois conversavam como velhos amigos, riam e eu não entendia nada. Depois, disso, havia papel e lápis sobre a mesa e ele começou a desenhar com rapidez.

Fazia tudo com muita euforia e em certo momento, ele se levantou, foi perto do Pedro Luiz e falou que ia resolver o caso dele. Disse ser um médico alemão, massageou o braço dele durante alguns segundos, depois informou:

- Não mais cirurgia. Pode ser que precise sair alguma coisa, mas o médico vai lancetar e pronto.
Eu estava muito assustada. Quando a sessão terminou, alguém perguntou: bamotnia
-Era esse o médium que estávamos esperando?
-Sim -- respondeu Laís - e esclareceu: - Os espíritos falaram em mandarim e são amigos há muito tempo.

Depois conversou comigo, advertindo que Luiz Antonio precisava desenvolver a mediunidade cedo porque tinha grande tarefa pela frente.

Na manhã seguinte, eu e meu marido notamos que o caroço do braço do Pedro Luiz havia murchado. Em vez de interná-lo, avisamos o médico e fomos ao seu consultório. Ele examinou o menino e queria saber o que havíamos feito. Eu disse a verdade. Então, ele passou uma pomada no local, pegou um estilete e o espremeu. Nem ponto levou. Eu guardo até hoje a guia de internação de Pedro.

Dali para frente, fomos abençoados com muitas provas da interferência dos espíritos em nossas vidas. Luiz Antonio viajou o mundo fazendo demonstrações de pintura mediúnica. Essa é outra história, que ficará para eu contar uma outra vez.

O que chamamos de liberdade nada mais é do que o poder de fazer o que nos dá prazer. E, muitas vezes, o que nos dá prazer nos aprisiona. A única liberdade verdadeira e eterna é a do nosso espírito. Essa, por mais que escravizem nosso corpo, ninguém pode roubar.

VÁ EM FRENTE! (Não deixe nada pra depois) ZIBIA GASPARETTO.Onde histórias criam vida. Descubra agora