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Deixe a estrelinha 🌟

Segunda-feira, 19 de dezembro

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Segunda-feira, 19 de dezembro


Minha mãe não fala comigo há um mês. Ela ainda está aborrecida por eu ter mudado meu curso… e minha vida toda, acho. Sei que não devia me incomodar, porque é o que nós fazemos, o que fizemos minha vida toda. Tem um padrão aí: eu me esforço à beça, mas nunca é o bastante, e ela fica decepcionada, eu me sinto um fracasso… e tudo se repete… se repete… se repete.

Acho que está me incomodando porque, pela primeira vez na vida, eu sinto orgulho de mim mesmo. Sinto-me concentrado. Sinto-me confiante. Sinto-me corajoso. E sinto todas essas coisas por causa de Any. Estar perto dela nesses últimos meses me mudou. E sou um homem melhor por causa dela. Por que minha mãe não consegue ver isso?

Any e eu fomos de carro até Chicago hoje cedo. Jantamos com Stella e Melanie na casa dos meus pais. Meu pai estava trabalhando e minha mãe se recusou a se juntar a nós.

O jantar foi melancólico, considerando que é a última vez que vamos ver Melanie por um bom tempo. Ela vai voltar para Seattle. Nós prometemos
manter contato, mas sabemos como são essas coisas. Promessas são fáceis. Ela vai morar com os pais e estudar para tirar o diploma. Estou feliz por ela. Ela é uma boa pessoa. Não sei o que eu teria feito sem ela. É o anjo de Stella desde sempre. Nunca vou agradecer o bastante.

Stella chorou quando Melanie foi embora. Isso acabou comigo. E, por uma fração de segundo, eu me perguntei se estava fazendo a coisa certa.

Já passa das 23h agora. Stella está dormindo há mais de duas horas e minha mãe está no escritório, onde se enfiou desde que chegamos.

Any foi dormir no quarto de hóspedes. Essa semana foi louca, e ela não dormiu tanto quanto precisa. Consigo ver que está tendo dificuldades. Ela é tão forte, a pessoa mais forte que já conheci, e tenta bancar a corajosa para todo mundo, mas quando fica sozinha permite que a dor tome conta. Eu já vi e partiu meu coração. A realidade de que vou perdê-la fica mais forte a cada dia.

Não quero perdê-la.

Eu trocaria de lugar com ela se pudesse. Ela é a única pessoa além de Stella por quem posso dizer com sinceridade que morreria. Sequer hesitaria. Levaria a porra de uma bala por qualquer uma das minhas duas garotas.

Empurro a coberta porque não consigo mais ficar deitado. Ando pelo quarto roendo as unhas. Não sobrou nada delas. Estou ansioso demais, e minha mente está disparada. Não consigo me desligar o bastante para dormir.

Coloco uma calça de pijama e percorro o corredor para dar uma olhada em Stella. Ela está dormindo profundamente. Parece tão tranquila que meu coração incha de amor. Any estava certa. Sou muito abençoado.

Meu próximo passo é o quarto de Any. Ela está dormindo de lado. Ela vem dormindo assim nessa última semana. Diz que fica mais confortável nessa posição, mas sei o motivo verdadeiro. A dor está acabando com ela. É tão intensa que ela não consegue mais deitar de costas nem de bruços.

Odeio essa porra de câncer.

Ela está dormindo profundamente, mas sei que isso não vai durar. Nunca dura. Ela é a pessoa com o sono mais leve que já vi. Ela deve acordar mais de dez vezes por noite, e o desconforto só torna tudo pior.

Eu adorava vê-la dormir. Ela é tão linda que às vezes eu me deitava e ficava olhando. O subir e descer do peito. O tremor atrás das pálpebras enquanto a mente disparava pelos sonhos. A tranquilidade absoluta. Às vezes, eu fantasiava, pensando como seria poder ficar com ela para sempre. Como seria me casar com ela? Como seria vê-la grávida do meu filho? Como seria nosso filho?

Na semana passada, parei de observá-la dormindo. A dor começou a tomar conta à noite. O corpo se enrijece. O rosto se contorce, lutando. Às vezes, ela grita. A tranquilidade sumiu. E isso acaba comigo.

Então, não olho.

Nessa noite, não consigo estar em nenhum outro lugar porque sinto que não tenho muito tempo. Não quero perturbá-la, então me sento no sofá em frente à cama. A escuridão a esconde dos meus olhos, mas ainda consigo senti-la. Eu encosto a cabeça e fecho os olhos, absorvendo tudo aquilo. Não sei por quanto tempo fico ali sentado, uma hora ou mais, até decidir que devo ir para a cama e tentar descansar. Mas, quando chego na porta, não consigo. Sei que não vou conseguir respirar se sair daquele quarto. Então, ando até a cama, puxo a coberta lentamente e me deito ao lado dela. A cama é gigantesca emcomparação
à cama de solteiro que dividimos normalmente. Há metros de espaço entre nós.

— Você não vai dormir aí longe, vai? — A voz dela soa grave e rouca.

Isso me faz sorrir, e a ansiedade que cresceu no meu peito nas últimas horas
desaparece.

— Como você sabia que eu estava aqui?

Ela ri.

— Você não é tão furtivo quanto pensa que é, Josh Beauchamp . Você seria um
péssimo ladrão. Ou ninja. Não mude seu curso de novo.

Eu me aproximo dela, encosto o corpo todo nas costas dela e passo os braços ao seu redor. Ela está quente. Eu poderia viver nesse momento para sempre. Beijo a parte de trás da cabeça dela duas vezes.

— Boa noite, Any.

— Boa noite.

Ficamos em silêncio, e tenho quase certeza de que ela adormeceu.

— Josh?

— O quê?

— Obrigada por vir. Eu odeio dormir sozinha. — Ela entrelaça os dedos nos meus e beija as costas da minha mão.

— Eu te amo, gata. — Tenho que dizer as palavras antes que fique mais engasgado do que já estou.

— Eu também te amo, gato… Eu também te amo, gato. — Ela diz duas vezes para eu não ter que pedir que ela repita.

Eu realmente a amo. Muito.

✨✨✨

Gente para quem tava perguntando quantos capítulos ainda falta para fic faltar, falta somente 11 capítulos! Então aproveitem o máximo! 💙

Oi meus amores, espero que tenham gostado do capítulo!

Não esqueçam de comentar e compartilhar a fic!

Bjjs amo vocês 💙🥰

Raio de Sol | Beauany | CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora