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Deixe a estrelinha 🌟

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Terça-feira, 17 de janeiro

Meu celular me acorda. Está tocando na minha mão. Noah está ligando. Durmo segurando o aparelho exatamente por esse motivo.

De repente, me sinto paralisado de medo e dor. Não quero essa ligação. É cedo demais. Falei com ela horas atrás. Horas atrás, ela me disse que me amava e que falaria comigo pela manhã.

Meu telefone não devia estar tocando. Ainda não é de manhã. Os toques param. Os toques voltam.

A mensagem finalmente chega do cérebro até os dedos e eu atendo, mas nenhuma palavra sai. Preciso que ele fale.

Ouço a respiração dele travar e meu coração despenca até o estômago.

Encontro palavras.

— Por favor, não me diga que ela se foi.

— Não. — Ele nem está tentando se controlar. Está chorando abertamente.
— Ela teve um derrame. Não consegue falar. Não consegue abrir os olhos. Não consegue mover o lado direito do corpo. Você precisa pegar uma porra de avião e vir para cá agora.

Ah, meu Deus.

— Vamos pegar o primeiro voo. O voo mais cedo que consigo encontrar sai às 6h50. Com o fuso horário, chegamos em San Diego por volta de 7h30. Até pegarmos um táxi e encontrarmos a casa, são 8h15.

(...)

Noah disse que a porta estaria destrancada, então Stella e eu entramos.

A porta é pesada e se fecha com um baque atrás de nós. Atravessamos o saguão e paramos na sala. A casa é grande e não sei para que lado devo ir até que uma mulher de meia-idade alta e loura entra no aposento. A semelhança com Noah é inegável.

Os olhos dela estão vermelhos e inchados.

— Vocês devem ser Josh e Stella. Sou Wendy. — A voz dela está cansada, mas receptiva.

Eu ofereço a mão e me sinto ansioso e constrangido porque só quero correr para Any.

— Oi, Wendy. Sou Josh Beauchamp . Esta é minha filha, Stella. Obrigado por tudo que você está fazendo por Any.

Ela segura a minha mão com as duas mãos e aperta. É reconfortante.

— Bem-vindo. Vamos entrar para você ver Any.

Não estou preparado para o que estou prestes a ver. Any e eu nos falamos pelo Skype todos os dias. Ela está ficando mais magra e mais pálida. Eu a vejo na minha tela de computador, mas ver no laptop e ver em pessoa são duas coisas totalmente diferentes. Ela está cadavérica. As maçãs do rosto estão proeminentes e as têmporas estão afundadas. A pele está pálida e com um tom amarelado. As mãos pequenas estão abertas sobre a barriga em cima da colcha. As veias estão saltadas e azuis embaixo da pele quase transparente e com textura de papel. Eu pego a mão esquerda com delicadeza. Ela está fria, como sempre.

Passo o polegar pelas costas da mão dela e me inclino para beijá-la nos lábios.

— Oi, gata. Stella e eu viemos ver você mais cedo. Noah disse que você teve uma noite difícil.

Há uma leve sugestão de movimento. O braço dela treme e os dedos pressionam os meus. É tão fraco, mas faz meu coração derreter. Eu valorizo muito o gesto.

(...)

Wendy, Noah , Stella e eu passamos o restante do dia reunidos em torno de Ant. Nós nos revezamos para conversar com ela. As pessoas podem achar que falar com uma pessoa que não reage é difícil, mas com Any não é. Sabemos que ela está ouvindo.

Quarta-feira, 18 de janeiro

Eu queria pensar que ela ainda está ouvindo, mas não sei mais se é verdade.

A enfermeira disse que Any entrou em coma. O corpo dela está parando. Os órgãos estão falhando. Ela não aperta mais minha mão quando a seguro.

Reunidos em torno da cama dela, Wendy e eu dizemos que ela pode ir quando estiver pronta. Que Grace a está esperando. Que a amamos.

Noah não diz nada.


✨✨✨

Oi meus amores, capítulo tristonho né? Espero que tenham gostado!

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Beijos, amo vocês🥰💙

Raio de Sol | Beauany | CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora