Segredos. Todo mundo tem um. Alguns são maiores que os outros. Alguns, quando revelados, Podem curar você... E outros podem acabar com você.
"Faça épico", costuma dizer Any quando quer estimular alguém a dar o melhor de si. Nascida numa família-prob...
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Domingo, 13 de novembro
Eu nunca pensei que estar com alguém pudesse dar uma sensação tão grande de coisa certa. Mas pode. Pode. É meu conto de fadas, e apesar de saber que vai ser curto e ter um final terrível, ainda é meu.
Contar a Josh sobre meu câncer foi a coisa mais difícil que tive que fazer, mas valeu a pena. Eu nunca quis que ele carregasse esse peso comigo, mas não posso negar que me sinto mais leve agora que ele sabe. Agora que ele está me ajudando. E, acredite, sei o quanto isso é errado.
Ele ainda está dormindo, deitado de costas. Estou de lado, abraçada nele, exceto pela cabeça, que está no travesseiro, ao lado da dele. Ele parece totalmente plácido, como se não tivesse nenhuma preocupação no mundo. Mas sei que não é verdade. Ele se preocupa com tudo.
Ele fala antes de abrir os olhos.
— Bom dia, Any.
— Como você sabia que eu estava acordada? — eu sussurro.
— Porque sua respiração é mais rápida quando você está acordada. — Ele vira a cabeça e nossos narizes se tocam, abre os olhos e sorri. — Consigo sentir seu peito subindo e descendo encostado em mim.
— Josh , eu devia voltar para o alojamento.
Ele passa o braço ao redor de mim.
— É uma péssima ideia. Gosto de você onde está agora.
— Não posso morar aqui.
Ele nem hesita.
— Por que não?
Não tenho resposta para isso. Só que parece imposição.
Ele aperta os olhos.
— Você sempre teve o hábito de negar a si mesma o que realmente quer ou é uma coisa nova que só faz comigo?
Sou pega de surpresa.
— O quê?
— Acho que durante vinte anos você cuidou de todo mundo e colocou as necessidades das pessoas à frente das suas. Estou implorando para que você seja sincera com você mesma agora, Any. Ceda ao que realmente quer. — Ele beija minha testa e sorri. — Lembra como funcionou bem essa noite?
Não consigo deixar de sorrir, apesar de ele estar chamando minha atenção.
Ele está certo.
— Você não gosta de estar aqui comigo? — insiste ele.
— Claro que gosto. Mas estou invadindo.
Ele acaricia meus lábios antes de me beijar.
— Você nunca invade. Não sei o que eu faria se você fosse embora.
— Mas vou ter que ir embora. Não quero tornar isso mais difícil para você do que precisa ser. Não posso ser tão egoísta.
Ele segura meu rosto.
— Não se preocupe comigo. Eu decido por quem me apaixono, lembra?
— Eu sei.
— Any, sei que você não quer falar sobre o assunto, mas não tem nada que possa ser feito, quimioterapia, radiação, cirurgia?
Eu balanço a cabeça.
— É inoperável. A quimioterapia é uma opção de tratamento, mas provavelmente só me daria alguns meses no máximo. E é uma merda, não vale a pena para mim estar doente e passar mal com a quimioterapia só para adiar o inevitável. Vai acontecer de qualquer jeito. Quero apreciar o tempo que eu tiver sem ficar vomitando e com a cabeça cheia de cabelo.
Ele parece prestes a chorar.
— Quanto tempo você tem?
— O dr. Connell diz que, sem tratamento, uns três meses. — Dou um sorriso, porque não posso deixar isso me deprimir mais. Tenho que viver no presente, e, com os remédios que tenho agora, a dor é gerenciável.
Lágrimas escorrem pelas bochechas dele.
— Tem que haver mais alguma coisa que possam fazer. Talvez meu pai conheça um oncologista. Onde é o câncer?
Limpo as lágrimas das bochechas dele com os polegares.
— Não chore.
— Onde, Any? — Ele é persistente.
— Nos dois pulmões e no fígado.
O rosto dele desmorona, e mais lágrimas caem.
— Por favor, não chore. Não quero perder tempo chorando.
— Eu não quero perder você, Any. Isso não devia acontecer com uma pessoa como você. Não é justo.
— Eu também não quero deixar você, Josh, mas é assim que minha história termina. Eu me sinto a garota mais sortuda do planeta. Posso passar meus últimos meses com você, amar você e ser amada por você. Nunca pensei que teria isso. Que bênção você é!
— E se a gente nunca mais falar sobre o câncer? Eu o odeio. — Parece que ele leu meus pensamentos. Eu faço que sim e sorrio.
— Combinado.
Eu já pedi para ele não contar para ninguém. Não quero que mais ninguém saiba enquanto eu ainda conseguir esconder.
