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Deixe a estrelinha 🌟

Terça-feira, 20 de dezembro

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Terça-feira, 20 de dezembro

Estamos quase terminando de colocar as coisas de Stella no carro de Any. (Ela ofereceu o carro para a viagem porque, apesar de amar meus pufes, não achou que eram confortáveis para passar várias horas com a bunda neles. Palavras dela, não minhas.) Não podemos levar muita coisa porque não tem muito espaço na minha casa, mas Stella vai ter tudo de que precisa.

Any está ajudando Stella a alimentar Miss Higgins. Elas pegam a gaiola e tudo que acompanha os cuidados de uma tartaruga. Jesus, parece que estamos mudando um zoológico inteiro em vez de uma pequena tartaruga solitária. Vamos dizer que a vida de Miss Higgins é boa. Ela talvez seja a tartaruga mais bem-cuidada história.

Estou dando uma caminhada final pela sala para ter certeza de que Stella não deixou nada de que possa sentir falta.

— Joshua . — A voz do meu pai me dá um susto. Ele limpa a garganta. É o mesmo pigarrear formal que precede tudo que ele diz para mim. — Posso dar uma palavrinha com você?

Sei aonde isso vai chegar e não estou com humor para uma discussão hoje. Ele vai me pedir para ir até o escritório da minha mãe porque é lá que ela se sente mais poderosa. E como ele não passa de um secretário, vai se fechar quando entrarmos pela porta, e ela vai começar a me dizer tudo que estou fazendo errado. Vou tentar me defender. Ela vai levantar a voz e tentar me intimidar até que eu veja as coisas do jeito dela. Já passei por isso um milhão de vezes.

Como falei, não estou com vontade.

— Pai, sem querer ofender, sei que dar uma palavrinha com você e mamãe falar comigo são a mesma coisa. Então, não, obrigado. Hoje, não.

Ele limpa a garganta de novo.

— Não é sobre sua mãe, filho. É sobre Any.

Até esse momento, fiquei de costas para ele, mas me viro quando ouço o nome dela. Não consigo não reagir ao nome dela.

— O que tem Any?

Ele limpa a garganta de novo.

— Diga o que tem para dizer, pai.

Ele me olha com intensidade, mas tem uma suavidade ali que ele só reserva para Stella. Ele é doido por ela.

— Any está muito doente, não está?

Faço que sim. Não contei para os meus pais sobre a doença de Any, mas ele vê gente doente demais sabe reconhecê-las. E ele é observador. Ele solta o ar.

— Eu estava com medo disso. Qual é o diagnóstico?

Reduzo a resposta a uma palavra porque não quero desmoronar na frente dele.

— Câncer. — Odeio essa porra dessa palavra.

— Ela está sendo tratada? — A pergunta é clínica, mas a suavidade nos olhos não mudou.

Mais uma vez, uma palavra é tudo que consigo oferecer.

— Terminal.

Ele assente.

— Entendo. Quanto tempo?

Eu levanto um dedo.

— Um ano? — palpita ele. Ele sabe que está sendo otimista.

Eu faço que não. Ele expira e assente.

— Um mês. — Não é uma pergunta. Nós nos olhamos por alguns momentos enquanto ele absorve tudo. Nessa hora, Any, chega, carregando Miss Higgins na gaiola. Ela está rindo, alheia ao fato de que estamos falando sobre ela.

— Acho que Miss Higgins está pronta para um passeio de carro, Josh. Ela acabou de comer um café da manhã caprichado, e Stella disse que o remédio para enjoo de répteis acabou, então você vai ter que pegar leve na direção no caminho de casa, cara. O sistema digestório da Miss Higgins está nas suas mãos. Vai topar o desafio?

Foi engraçado, mas não consigo rir. Meu pai só olha para ela. Os olhos ainda estão suaves e tristes, mas tem mais uma coisa: uma expressão de admiração quando um pequeno sorriso ilumina o rosto dele. Ele se vira para mim e aperta a minha mão.

— Cuide delas, Josh .

Faço que sim e engulo em seco. Pode não ser uma despedida amorosa, mas talvez seja a primeira vez que sinto que meu pai falou comigo como um semelhante, como homem.

— Pode deixar.

Ele assente.

— Me ligue se precisar de alguma coisa.

— Nós vamos ficar bem, pai. Obrigado.

Nós vamos embora sem nos falar com a minha mãe.




Nós vamos embora sem nos falar com a minha mãe

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Quinta-feira, 22 de dezembro


Eu me despedi de Pete hoje. Ele estava pouco à vontade, e isso foi difícil, porque odeio provocar sentimentos ruins nas pessoas, principalmente nas pessoas de quem gosto. Ele vai voltar para casa até que as aulas recomecem em janeiro.

Ele me disse que me veria quando voltasse.

Mas não vai ver. Nós dois sabemos. Ele só não sabia o que dizer. Falei que vou sentir falta dele. Nós nos abraçamos.

Krystian me ajuda a guardar as últimas coisas que eu tinha deixado no alojamento e coloca no porta-malas para mim, porque não consigo levantar a caixa. É a primeira vez que fico constrangida pela minha doença. Virar uma fracote é humilhante.

Estou tentando não ficar triste com o fim desse capítulo da minha vida, mas é difícil sabendo que Krystian também vai embora em pouco tempo. Ele vai passar um mês com a família e depois vai para Los Angeles com Gustavo. Vou sentir saudades dele. E sei que é difícil para ele me ajudar, mas não tive coragem de pedir a Josh para fazer isso. Joshua já tem muita coisa para encarar agora, e não quero aumentar o estresse passando para ele mais um item da minha lista de últimas coisas a fazer. Tudo parece tão final agora. Nós fomos tão rápido de primeiros a últimos nesse relacionamento que não parece justo botar esse peso nas costas dele.


✨✨✨

Oi meus amores, espero que tenham gostado do capítulo!

Não esqueçam de comentar e compartilhar a fic com os amigos!

Bjjs, amo vocês 🥰💙

Raio de Sol | Beauany | CONCLUÍDA Onde histórias criam vida. Descubra agora