Capítulo 4

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Como prometido, mais um capítulos. E por hoje é só. Desfrutem <3

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Anahí carregava seus materiais, a semana havia começado agitada, suas primeiras matérias tomaram conta de sua vida e achava que não teria tempo para mais nada. Tinha querido tanto entrar na cadeira eletiva que não iria desistir agora. Era quarta-feira, e carregava uma montanha de livros e papéis apressada, sabia que chegaria atrasada na aula. Respirou fundo e pôs-se a andar.

Destrambelhada tropeçou em meio ao corredor e para manter-se de pé teve de derrubar tudo que estava em seus braços para conseguir se apoiar.

"Merda!". Pensou insatisfeita.

O homem que vira o ocorrido de longe não pode ficar alheio ao que havia acontecido, e fora ajudá-la a colher os objetos. Anahí estava ajoelhada juntando suas coisas, quando ele se aproximou e começou a ajudá-la.

O momento não poderia ser mais clichê, não que toda sua vida não fosse uma espécie de clichê, como uma piada de extremo mau gosto. Quando levantou o olhar para o cavalheiro que lhe ajudara percebeu que por um momento estava na turma certa, pois se sentia muda. Aqueles olhos verdes lançados aos seus azuis eram divinos, porém eram somente uma parte de toda maravilhosa composição que tinha ali, visivelmente mais velho percebera que realmente grisalhos podiam ser um charme, e acendeu-se instantaneamente. Nunca havia se sentido assim, tão quente por dentro, quente a ponto de molhar-se e ruborizar por isto. Quase se esqueceu de levantar, e não saiu voz quando quis lhe agradecer.

- Você está bem? – A voz era tão bonita quanto o dono.

Anahí somente assentiu. Com medo de ele perceber tamanha coloração de suas bochechas ela seguiu a passos rápidos para sua sala, esperando que o seu professor ainda não houvesse chegado, e não pode ver que o homem dos olhos verdes seguira a mesma direção. Anahí se sentou à uma carteira vazia, agradecendo por chegar antes do professor, e já percebendo a turma cheia, fixou então seu olhar no nada, por que não importa para onde olhasse não estava vendo, as recordações dos instantes anteriores a cegou completamente, e só podia ver aqueles olhos, aqueles infernais olhos de cor oliva.

"Podia ao menos haver agradecido.". Pensou martirizando-se.

Herrera não poderia dizer que não se esforçou para falar, quando fora correndo ajudar a moça desajeitada não sabia que era tão bonita. Teve de ignorar a frustração de não receber nenhum "obrigado", e pior teve de negar a si mesmo que estava frustrado por isto, de alguma forma o fato dela ignorá-lo o incomodou, e isto não podia acontecer, não deveria. Percebeu que ela se afastara rápido tentando esconder sua face rosada, e quando ela entrou na sala onde ele lecionaria estava satisfeito para haver alguma explicação.

Tomando coragem Herrera entrou na sala, já havia dado suas primeiras aulas, porém não para a turma de deficientes, e agora era a hora de desenferrujar suas mãos, passara as ultimas três semanas conversando apenas por sinais pela webcam com sua mãe para ter certeza que faria tudo direito durante o semestre.

- Bom dia a todos. – Herrera disse e gesticulou ao entrar na sala.

Anahí saiu do transe neste exato momento, levou seu olhar ao professor e tomou um susto. Então ele seria seu professor? Não pode deixar de abrir um sorriso quando o viu, e por sorte não fora percebido por ele. Ele por outro lado percorreu o olhar por toda sala até encontrar onde ela estava sentada.

...

Os slides ajudaram muito já que algumas palavras mais técnicas foram perdidas por Anahí, e Herrera conseguira ilustrar isso nas imagens. A aula dele era muito boa, com certeza ele tinha muita experiência e gostava do que fazia, Anahí tornou-se encantada desde os primeiros momentos, tanto da aula, quanto do professor, porém ele deveria ser um homem casado, respeitável e com filhos, sua atração sexual deveria ficar guardada para ela. Isso não seria uma grande novidade levando em conta que não estava com um homem já fazia um par de tempos.

- Este então é o ciclo das moscas. – Ele gesticulou e falou ao fim da aula. – Ele é um dos mais simples que encontramos, mas não podemos esquecer que isto faz com que tragam predadores como besouros, ácaros, aranhas, entre outros. – Finalizou. – Deixarei o slide a disposição de vocês no site da faculdade para que possam estudar, e continuaremos a falar sobre isto na próxima aula. – Respondeu por fim.

Todos saíram sala, a exceção de Anahí. Ela ficou, terminou de juntar suas coisas sem pressa já que não haveria mais nenhum período agora. Levantou-se a se aproximou de seu professor.

- Obrigada por hoje mais cedo. – Disse hesitante.

Herrera levantou o olhar. Ela não era muda, então só lhe restava imaginar que era surda. Sua dicção era muito boa, melhor que muitos surdos, porém se ela houvesse perdido a audição posteriormente – e não de nascimento – seria muito mais fácil controlar a altura de sua voz, principalmente se tivesse sensibilidade para sentir as vibrações em suas cordas vocais. Ele não seria tão insensível de perguntar.

- Você lê lábios? – Perguntou e gesticulou ao mesmo tempo.

- Sim. – Ela respondeu das duas formas também. – Porém tenho mais facilidade de ler lábios do que gesticular com as mãos. – Concluiu.

Isso lhe levava a confirmar suas suspeitas: Ela era surda. Assim como sua mãe, assim como quase ele ficou se não tivesse feito uma intervenção cirúrgica quando a doença começou a aparecer.

- Tenho de ir agora. – Ela falou virando as costas para sair.

Herrera pensou em chama-la, mas do que adiantaria? Ela só poderia responder-lhe se tivesse olhando para ele, caso contrário ela nem saberia que ele a havia chamado. Ele então resignado voltou-se a suas coisas, teria de juntá-las e depois fora para a sala dos professores, lá com certeza encontraria alguns velhos conhecidos que já havia revisto durante a semana, após isto ligaria para Dulce para saber como andavam as coisas no laboratório sem ele.

Ele seguiu essa rotina pelas semanas seguintes, suas aulas, sala dos professores, uma ligação para sua família do laboratório e um bom almoço em um dos restaurantes do campus, depois ia para casa, preparava as aulas da próxima aula, falava com sua mãe por webcam e matava saudades de Hank – seu cão da raça boxer que sua mãe havia se comprometido em cuidar enquanto ele estivesse fora –, assistia a uma partida de baseball quando estava passando ou lia um bom livro de Shakespeare, depois vinha o descanso merecido. A rotina de Anahí, no entanto, também não era simples, havia aulas durante a manhã, almoçava no restaurante universitário da faculdade onde a alimentação era mais em conta, a tarde fazia as tarefas da faculdade, cuidava de seu felino e descansava, como morava perto da universidade também jantava lá e depois ia para seu trabalho como legista que atualmente era no turno da noite.

Ela estava passando pelo campus, tinha de ir para o restaurante e depois para casa, hoje poderia descansar melhor já que havia trocado o turno com uma colega de trabalho e descansaria hoje em vez da noite de sábado, isso não lhe fazia diferença já que não havia compromissos igualmente. Deparou-se então com Herrera, seu professor, sentado à uma mesa de rua de um restaurante, assim que ele a viu fixando seu olhar em sua direção ele fez um sinal com a mão para que ela se aproximasse.

- Oi Anahí. – Ele falou e gesticulou com a mão quando ela se aproximou, recordando-se da conversa que havia tido mais cedo com os demais professores.

Good Morning ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora