Capítulo 8

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Desfrutem <3

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A conversa com Tasha não havia sido tão animadora quanto esperava. Tasha era muito direta, as coisas para ela eram sempre muito simples, e talvez fossem, porém não. Definitivamente não era a coisa mais fácil do mundo.

Tentava encarar o positivismo de Tasha, enquanto se arrumava. Queria estar linda para ele, não pensava nisso, mas seu inconsciente dizia que sim, precisava estar impecável. Iria encontra-lo em frente a um restaurante onde iriam almoçar e depois passariam a tarde juntos. Havia pensado em um vestido, um traje social, mas pensando no que a tarde lhes guardaria preferiu uma roupa mais confortável como calça sarja feminina azul escura, um sapato baixo preto com uns detalhes delicados em rosa e uma camisa solta um pouco decotada, pouca maquiagem e acessórios pequenos.

- Perfeito. – Assentiu fitando a si mesma em frente ao espelho.

Pôde então ouvir um ronronado, logo sentiu algo roçando em suas pernas, ao olhar para baixo lá estava àquela pequena bola de pelos cinza.

- Freddie, você vai deixar minha roupa impregnada com pelos e cheiro de gato. – Reclamou.

O felino, no entanto, não pareceu se importar, respondeu miando e continuou roçando nas pernas de sua dona ignorando qualquer protesto. Não resistindo, Anahí abaixou-se e pegou o felino por baixo das patas posteriores e levantou para ela, olhando nos olhos dele.

- Desculpe pequeno, mas a mamãe está com medo. Hoje a mamãe vai fazer algo muito importante. – Ela então roçou seu nariz no focinho do gato. – E eu sei que tenho te dado pouca atenção, mas... – Ela disse largando o gato no chão. – Eu comprei ração pastosa pra você hoje.

Ela foi então até a cozinha e o "ser miante", como ela mesma chamava, foi atrás. Abriu a lata e colocou a comida no pote. Depois disto, pegou um pano tirando os pelos da calça e seguiu. Tinha certeza que chegaria atrasada.

Na frente do restaurante Herrera já esperava impaciente, vestido com um jeans, um sapatênis e uma camiseta, ele olhou algumas vezes o relógio pensando que Anahí havia desistido. Mal sabia ele quantos fins de semanas ela teria que cobrir por conta da troca que fez para conseguir este sábado de folga. Levantando os olhos viu uma moça loira e linda vindo em sua direção. Era ela.

Sorriu quase involuntariamente.

- Oi. – Ele disse vendo-a, não conseguiu deixar de reparar como ela estava linda.

- Oi. – Ela disse sem graça. – Desculpe a demora, é que Freddie... – Disse tentando explicar-se.

- Freddie? – Perguntou atônito.

- Meu gato. – Respondeu. – Fez questão de encher-me de pelos, pedir minha atenção, e só desistiu quando lhe dei o que queria: Comida.

Ele riu.

- Eu tenho um cachorro. Um boxer chamado Hank.

Ótimo. Eles tinham mais um assunto em comum, durante todo o almoço ficaram falando sobre a peripécia de suas mascotes. Herrera tinha uma lista extensa de móveis dentre outras coisas destruídas pelo seu cão quando ele era ainda um filhote, Anahí também tinha uma série de coisas que seu pequeno felino apontou durante o ano que estava com ela, afinal Freddie tinha uma personalidade muito forte.

- Prefiro gatos. – Disse Anahí concluindo o assunto. – Eles são seletivos na escolha de suas amizades e ao mesmo tempo gosto de sentir o vibrar do ronronar do Freddie quando estou com ele em meu colo. – O que ela havia dito? Somente após falar tinha se tocado que acabava de dar mais um motivo para ele acreditar em sua surdez.

...

O almoço havia sido ótimo, apesar de suas divergências nas preferências de cães e gatos, eles se divertiam na companhia um do outro, e tudo sempre acabava em uma boa risada. Depois disto, Anahí o levou para um dos locais que mais gostava de ir, sempre movimentado o Pier 39, principalmente nos fins de semana, aquele ainda sim era seu local preferido. Pier 39, um centro comercial com lojas, lanchonete e souvenirs por toda parte, além de restaurantes, sorveterias, lojas de recreação para todas as idades e uma vista única para os leões marinhos.

- Na próxima vez almoçaremos ali. – Apontou Herrera para o Forbes Island, um restaurante flutuante que ficava na marina.

A cabeça de Anahí rondou pelo que ele havia dito. "Próxima vez", nossa, haveria uma próxima vez e ela estava contente por isso.

- Fico feliz que esteja gostando da minha companhia Poncho. – Anahí falou com as bochechas levemente rosadas.

- Você é perfeita. – Disse sem pensar deixando-a ainda mais ruborizada. – Oh, eu quis dizer... Sua companhia é perfeita... - Céus o que estava falando? – Não que você não seja perfeita... Mas é que... – Agora ele quem ruborizou. – Desculpe, eu sou um idiota.

Anahí começou a rir ao ver seu ilustre professor Alfonso Herrera sem graça.

- Eu me enrolei todo. – Confessou.

- Está tudo bem, este momento irá ficar só entre nós.

- Eu queria que outro momento ficasse só entre nós. – Ele sorriu então tomando coragem.

- Qual?

- Esse...

Ela não teve tempo de reação, a proximidade de Herrera, junto com a sua vontade – e a dele também – fez com que seus lábios se colassem de pressa, deste mesmo modo eles se entreabriram permitindo com que suas línguas se tocassem pela primeira vez e explorassem a boca do outro, agora sem pressa. O beijo fora lento, calmo. As mãos também não foram tímidas, logo as mãos de Herrera acariciavam o rosto de Anahí, e os braços dela envolviam o corpo dele o abraçando.

O beijo terminou quando já estavam sem fôlego. Por que haviam se esquecido de respirar? Eles se separaram, retomaram o ar em seus pulmões e se entreolharam, ninguém disse nada. Os sorrisos tímidos estampados nas faces e dois pares de olhos brilhando era o suficiente para saber: Ambos haviam gostado.

Depois disto Herrera comprou dois sorvetes, um misto de chocolate e baunilha para ele, e um somente de baunilha para ela. Andaram por lá admirando a paisagem e sentaram-se a um banco que recém havia sido desocupado.

- Herrera... – Anahí falou meio receosa. Era agora, tudo ou nada.

- Por favor, me chame de Poncho. Gosto quando me chama assim. – Era incrível como ele sempre falava de frente para ela, sempre quando ela estava olhando em sua face. Ele nunca se esquecia, e desde aquele dia em que ela percebeu a bagunça em que havia se metido, ela também havia percebido isto. Herrera era um homem único.

- Está certo Poncho. – Ela sorriu. – Eu queria conversar algo com você. – Ela esta se controlando para parar de tremer.

- Sim.

- Preciso falar sobre minha surdez...

Good Morning ✖ AyA {finalizada}Onde histórias criam vida. Descubra agora