Kai não vai reagir nada bem quando souber o que estou aprontando. Será que dessa vez termino no Tinder?
— Precisa terminar com a Mônica. — ponho para fora de uma vez, rezando silenciosamente para que meu noivo não chute minha bunda branquela.
— Preciso, é? — pergunta curioso.
Assinto, admirando as estrelas.
— Não tem o que terminar. — responde de maneira divertida.
— Estou dizendo que tem que parar de brincar de médico com aquela garota manipuladora.—Meu tom irritado o obriga a engolir a risada que estava prestes a soltar e me levar a sério.
—Manipuladora?
Hesito, sem saber como contar.
— Eu acho que vou precisar de outra cerveja antes de escutar. Quer uma?
— Não bebo.
— Quer outra coisa?
— Não aceito bebidas de estranhos.
— Por tudo que escuta através das paredes, imagino que conheça meu caráter melhor do que qualquer outra pessoa do meu convívio, e ainda assim tem a ousadia de duvidar das minhas intenções em te oferecer uma bebida? — Se ofende.— Por acaso, alguma das garotas com quem já me escutou parecia não estar no seu juízo perfeito?
Giro na poltrona, pedindo desculpas com o olhar.
— Não quis ser grosseira. — respondo. Suas sobrancelhas se arqueiam. — Tem refrigerante na sua geladeira?
Shawn assente, desaparecendo dentro do apartamento por alguns minutos antes de voltar ao lugar me estendendo uma lata de Pepsi. Inclino o corpo na poltrona me desdobrando para pegar.
Erguendo o rosto, o flagro desviando o olhar do decote quase inexistente do meu vestido.
—Obrigada, Shawn. — murmuro.
Seu sorrisinho safado e nada culpado de quem sabe que foi pego me dá uma puta fisgada no estômago.
— O que você estava dizendo? — pergunta, se sentando na mureta.
Ele apoia as costas na parede e leva o gargalo da garrafa aos lábios. Seus lábios bem desenhados, cheios e bonitos ficam ainda mais sexy se esfregando na garrafa desse jeito. No próximo piscar de olhos, me pego imaginando minha boca no lugar dela...
Camila Cabello, apague do seu rabo esse fogo proveniente do inferno.
— Essa manhã eu estava aqui regando a Diana... — falo para endireitar meus pensamentos que sempre se desviam para o caminho errado na companhia dele.
— Quem?
— Nossa planta — respondo, apontando o filhote de árvore próximo aos seus pés.
— Nossa planta? — Arqueia uma sobrancelha.
— Foi o que eu disse — rebato em um tom que o desafia a me contradizer. — Sou eu quem a mantém viva. — Tomo um gole do refrigerante.