Camila pula em cima de mim e enche minha bochecha de beijos doces, idênticos a ela. De repente, um deles acerta o canto da minha boca e eu paro de raciocinar.
— Sinto muito... — Ela tenta recuar, mas como não parece nada arrependida, seguro sua nuca com firmeza para impedi-la e ensino a sua boca desastrada e distraída o caminho até a minha, que é o único lugar onde a quero nesse momento.
Sinto como se tivesse acabado de pular de peito aberto da sacada, e o pior? Não me importo, não me importo com mais nada além desse beijo. Ela se surpreende quando enfio minha língua por entre seus lábios de forma bruta e faminta, agarrando sua cintura com a outra mão, mas não hesita nem por um segundo em retribuir. É assim que nós decretamos nosso fim. Quando nos damos conta do que fizemos, é tarde demais para voltar atrás. Já estamos caindo rapidamente, rodopiando pelo ar agarrados um no outro, com destino a um fim bem ruim, mas nenhum de nós parece preocupado com as consequências, apenas nos beijamos e suspiramos em sincronia, sem medo do quanto vamos nos machucar quando chegarmos ao chão.
Seus lábios com sabor de brigadeiro têm gosto de doçura e inocência. Nenhum gosto é tão bom quanto o da Camila. Um gosto fodido de pecado que ainda vai ser responsável por arruinar a minha vida, pois depois que o provei novamente, não me restou mais nenhuma dúvida de que vou fazer até o impossível para que todos os beijos dela, de agora em diante, sejam apenas meus.
Para que ela seja apenas minha.
— Pelo inferno, como é bom te beijar.
Ela recua em busca de ar.
— Pensei que você estava pronto para me dizer que tínhamos cometido um erro. — fala ofegante.
— Eu estava.
— Eu também, mas nunca tinha cometido um erro tão bom.
— Nem eu. Podemos errar mais?
Camila volta a me beijar com mais intensidade e desejo, até que eu sinta uma vontade profunda de elevar nosso erro a outro patamar.
— Camila? — chamo contra seus lábios.
— Hum?
— Me diz o quão injusto é que eu nunca tenha visto as calcinhas pelas quais estou pagando? —pergunto, fazendo minha freirinha gemer enquanto mordo seus lábios.
Ah, esse gemido. Preciso de mais.
— É muito... muito... injusto, Shawn.
Sorrio agarrando a bainha do vestido que, ao som da sua risada escandalosa, termina em um canto escuro da sala. Um som que termina quando recuo apoiando a nuca no encosto do sofá e a observo fazendo suas bochechas corarem mais do que achei ser possível. Camila tenta se esconder com as mãos, mesmo que a única luz no ambiente venha do desenho rolando sozinho na tela. Eu as seguro gentilmente nas minhas e as apoio no estofado do sofá, descendo meu olhar das bochechas rosadas para seus seios empinados dentro de um sutiã de renda, combinando perfeitamente com a calcinha que, em breve, vai fazer companhia ao seu vestido branco.
Solto suas mãos para deslizá-las pelas curvas do seu corpo, enquanto as dela não desistem e cobrem o rosto quente no mesmo tom de vinho da lingerie.
— Por que está tão envergonhada?
— Parece que alguém pintou o resto do meu corpo com um Bombril enferrujado. — conta em um tom abafado e, embora eu ache que está mentindo, não insisto. — São discretas e eu acho bonito. Mas acho que posso ser a única. — dispara para me distrair.
Hum...
— Você não é a única. — Beijo cada uma das poucas sardas de seus ombros. — 1. 2. 3. 4...