Shawn

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"[...] Wherever you go

Whenever you need.

I will be there."


Kiss está expressando exatamente o que eu quero dizer a Camila.

Desligo o motor e encosto na porta do carro, encarando a casa branca, simples e desgastada pelo mau tempo, onde a freirinha que não sai mais dos meus pensamentos está morando, enquanto penso na melhor maneira de lhe dizer que não há nada que eu queira mais do que olhar para o seu rosto todas as manhãs quando eu acordar. Também quero ela de calcinha dentro de uma das minhas camisetas fazendo café, mas com o tempo chegamos lá.

O portão de ferro está aberto, permitindo que eu vislumbre a garota com os cabelos voando ao vento e os pés descalços que sai pela porta da frente e se senta nos degraus da varanda. Observo as lágrimas escorrerem por suas bochechas e pingarem no decote do vestido amarelo por um instante. Se não fosse por minha causa, ela estaria se casando hoje. Quanto será que está doendo pensar no vestido que não irá sair do cabide?

Saio do carro, batendo a porta.

— Camila — grito, dando a volta nele.

Desejo guardar para sempre na memória o exato momento em que seu rosto se ergue e os olhos encontram os meus, o sorriso deslumbrado que se abre nos seus lábios quando me vê, e os pés que não hesitam em pular os degraus e correr direto para mim. Camila se arremessa contra meu peito e, se ainda me restava alguma dúvida de que estou tomando a decisão certa, agora não resta mais.

— Posso saber a que devo a honra, príncipe do diamante? — sussurra no meu ouvido, me apertando forte, enquanto minhas mãos descem até sua cintura.

— Eu vim buscar minha felicidade.

— Nem pensar que eu vou te devolver a Diana— resmunga, se inclinando e me olhando feio. 

— Eu vim buscar você, Mila.

— Eu? — pergunta, com um par de olhos que brilham mais que um diamante. Assinto, secando as lágrimas que escorrem pelas bochechas dela com a manga da minha camiseta.— O que isso quer dizer? 

— Quer dizer que eu quero que venha morar comigo até conseguir reconstruir sua vida.

— Ficou maluco? — Seus olhos se arregalam.

— Pensei que tinha uma vaga para melhor amigo aberta, pelo menos eu tenho certeza de que tenho um quarto de hóspedes.

— Eu nem tenho um emprego para ajudar a pagar as contas, eu...

— Sabe cozinhar muito bem, acho que é uma troca justa. — interrompo e minto, sem me importar com os jantares de merda que vou ter que enfrentar para isso dar certo. Pelo menos, não é pior que a comida da minha cunhada. — Você faz a janta e eu cuido de você até tudo se acertar.

— Está mesmo falando sério?

— Nunca falei tão sério em toda a minha vida. 

Não preciso dizer mais nada para que ela pule no meu colo.

— Isso foi um sim?

— Sim — sussurra trêmula no meu ouvido, arrepiando meu corpo por inteiro. — É claro que sim! — completa, beijando meu rosto muitas vezes. São os beijos mais gostosos que eu já ganhei.

— O que acha de me apresentar suas freirinhas, para que eu possa pedir a permissão delas para te levar para casa? — pergunto no seu ouvido, caminhando até a casinha branca. 

Foi assim que eu adotei uma órfã. 

Foi assim que eu defini para sempre nossos destinos. 

Foi aí que nós fechamos nossos olhos e corremos em direção à sacada.


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Agora sim a história começou. 

THE PRINCEOnde histórias criam vida. Descubra agora