— Caixote de feira — murmura Gael.
Olho em seus olhos, sem entender o que isso significa ou porque minha melhor amiga abre um sorriso orgulhoso assim que o escuta.
— Eu tinha mais ou menos um mês quando me colocaram na porta de um orfanato, dentro de um caixote de feira, mas metaforicamente morei dentro dela por muito mais tempo, até que no meu aniversário de quinze anos meu caminho se cruzou com o do homem espetacular que está sentado à ponta da mesa. — Sorri gentilmente para o pai, erguendo a mão para me mostrar seu anel. —Ele colocou o "minha razão" no meu dedo no momento em que me transformou oficialmente em seu terceiro herdeiro, fez de mim um príncipe, parte de uma família e desde então tem sido minha razão de viver.
— Eu tinha dezesseis quando saí das ruas para me tornar o dono do quarto anel. — Leonardo conta meio hesitante, sem desviar o olhar de Shawn. — Ele se chama "minha existência" e tenho certeza de que eu não existiria mais se não fosse pelo joalheiro que o desenhou especialmente para mim.
— Morou na rua, Leo? — sussurro.
— Por alguns anos, gatinha. — responde sorrindo para mim, antes de encarar o joalheiro com um par de olhos azuis se enchendo de água. Tem tanto afeto neles. — Um dia, um homem muito bondoso me estendeu sua mão, me tirou do papelão que eu chamava de lar e fez de mim um príncipe podre de rico, que nem se lembra mais de como era triste dormir sob as estrelas.
— Romeo. — intima Shawn.
— Isso é mesmo necessário? Eu acho que sua convidada já entendeu que todos nós partilhamos da dor dela. Odeio falar sobre isso. — murmura reticente, mas o joalheiro interfere, pedindo com um gesto para que fale mesmo assim. — Sou o segundo herdeiro do império do diamante, tinha catorze quando me tornei o dono do "minha loucura".
É tudo que se dispõe a me contar, girando seu anel de pedra vermelha enquanto encara o senhor grisalho na ponta da mesa.
— Se eu soubesse que o homem que o deu para mim também era louco, teria pensado melhor antes de enfiá-lo no dedo pulando de alegria. — resmunga, fazendo todos ao redor da mesa gargalharem.
— Emocionante — brinca o joalheiro.
— Te amo mais do que qualquer coisa nessa vida, meu pai, sabe disso. — murmura Romeo. — Mesmo que o senhor me ame menos do que amava aquele grampeador.
Shawn se encolhe sutilmente. Ameaço levantar do seu ombro, pensando que estou incomodando, mas ele passa um dos braços ao redor dos meus ombros e me trás de volta.
— Ragazzo tolo, eu amava mais o iate. —devolve o joalheiro, olhando para cima a fim de conter as lágrimas.
O Sr. Manuel se emocionar com as palavras dos rapazes só faz meus olhos transbordarem mais. Sabia que havia bondade dentro dele. Eu só não imaginei que fosse tanta.
— Meu rumo, minha loucura, minha razão e existência. Nessa ordem. — sussurra, transbordando de amor.
— Meus pais morreram em um acidente de carro quando eu tinha cinco anos. Passei a morar com meu avô materno depois disso, mas aos dezessete o perdi também e fiquei sozinha no mundo por muito tempo. — conta Bruna. —Cheguei à família há quatro anos e é evidente que o papai gosta mais de mim do que desses merdinhas! — interrompe o momento fofo mostrando a língua para os rapazes. — E um dia ainda serei a dona do par de um desses anéis. Um dia, tipo logo, porque acabei de fazer 30. — fala, olhando apaixonadamente para Gael.