4. Marie

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A fraternidade não era muito longe de nosso apartamento, dava aproximadamente 10 minutos, o que era rápido. Ela ficava praticamente do lado da faculdade, e eles tinham uma vantagem quanto a isso. A música já entrava em meus ouvidos quando Michael estacionou seu Volvo. Como sempre, algumas pessoas estavam espalhadas pelo gramado, conversando, se beijando, qualquer coisa comum de festas universitárias. Quando entramos na casa, o cheiro de álcool e a fumaça queima meus olhos, pisco um pouco para afastar a sensação, eu já sabia como funcionava, e em 5 minutos, meus olhos e nariz iam se acostumar. O que mais me surpreendia, era o fato de ser uma quarta-feira. Óbvio que isso não era um empecilho para os universitários, mas ainda assim, era surpreendente.

A casa era enorme e no andar de baixo havia a sala, cozinha, um banheiro e a piscina, que ficava nos fundos. A sala tinha pelo menos 3 sofás, e a televisão era o dobro da do nosso apartamento. Para chegar à cozinha, era preciso passar pela sala, e estava bem difícil de nos movimentar pela quantidade de pessoas. E o banheiro ficava do lado direito, e em dia de festas, era nojento, e cheirava a sexo.

— É uma quarta-feira – sussurro para minha amiga que andava do meu lado.

— Pois é. Não existe dia marcado para se fazer uma festa – ela responde.

— A aniversariante do dia chegou! – Michael praticamente grita, e todo mundo solta gritos levantando suas bebidas. Eu não estava esperando por isso, não gostava muito de chamar a atenção. Sorrio sem graça, é o máximo que consigo fazer. Meu namorado beija a lateral da minha cabeça, antes de me puxar para a bancada da cozinha, que estava cheia de bebida. Passo os olhos rapidamente pelo sofá, havia um casal se beijando e se esfregando, só faltava tirar a roupa lá mesmo. Acho incrível o quanto isso é exatamente igual uma festa de ensino médio, parece que a única coisa que muda é a idade e os números, a mentalidade é exatamente a mesma. Me impressiono que a televisão ainda esteja inteira, em um período de um ano eles tiveram que trocá-la três vezes.

Michael pega uma garrafa de cerveja e me entrega, que recuso educadamente, ele sabe que odeio cerveja. Ele dá de ombros e me entrega uma latinha de Coca-Cola, que aceito de bom grado.

— Está falando sério? — Colleen pergunta atrás de mim. – É seu aniversário!

— Vou beber depois – explico. Ela me encara de maneira cética, desconfiada. Eu não pretendia beber, e ela sabia. Ela nega com a cabeça ficando do meu lado. Michael nos observava com atenção.

— Nada disso. Agora. – Ela pega um copo vermelho e joga um pouco de vodca. – Sou boa nisso, você sabe. – Em seguida ela coloca um pouco de suco de abacaxi que havia ao lado, e uns cubos de gelo. Antes de me entregar, bebe um gole, e sorri satisfeita. Ela passa a língua pelos lábios. – Está perfeito, do jeito que você gosta.

Levo o copo aos lábios e minha amiga me encara com expectativa, não era como se eu nunca tivesse bebido as coisas que ela faz. Fecho os olhos e tomo um grande gole. A sensação do álcool descendo pela minha garganta já não era tão desconhecida, e minha amiga realmente sabia fazer uns drinks ótimos.

— Vamos, o pessoal está lá no sofá – Michael diz indo em direção à sala, e nós o seguimos. Os amigos de Michael eram iguais a ele. A maioria era filho de empresários, e a faculdade não era tão importante porque eles sabiam que iriam herdar todo o império construído pelos pais. Mas eu não os julgava, se minha infância e adolescência tivesse sido diferente, talvez seria eu ficando bêbada e jogando verdade ou desafio, o que eu achava a maior idiotice por sinal.

— Olha quem está aqui! Feliz aniversário, Marie! – Lucas diz, o que faz com que várias outras pessoas sentadas perto dele repitam os cumprimentos formando um eco. Eu agradeço. Lucas era o melhor amigo de Michael, e eles eram praticamente a cópia um do outro. Exceto que o cabelo de Lucas era um pouco mais comprido e escuro. Colleen gostava dele, o sonho dela era namorar com ele para que pudéssemos sair em um encontro duplo, e tenho a leve sensação de que Lucas era atraído por ela da mesma forma, mas existia um empecilho: nenhum dos dois queriam se comprometer em um relacionamento sério. Já perdi a conta de quantas vezes eles ficaram.

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