9. Marie

713 79 114
                                    

O bar não estava tão cheio, o que achei um alívio. O estabelecimento era perto da faculdade, e fazia sucesso apesar de ser pequeno. Tinha algumas decorações vintage, e embora seja mais famoso pelas batidas de frutas, tinha um ótimo cardápio de hamburgers também. Era mais frequentado pelos universitários, e tenho certeza de que conseguia lucrar bastante. Quando entramos passamos por algumas mesas redondas e quadradas. Alguns amigos de Colleen estavam lá, e nos sentamos com eles. Ela sempre foi muito sociável, ao contrário de mim, que era um pouco mais quieta, o que não parecia incomodá-la.

Me ofereço para pegar nossas bebidas enquanto ela conversava com os amigos. Eu conhecia a maioria deles, mas não era tão íntima, eu tinha até algumas aulas com alguns deles. Me encaminho até onde o bartender preparava as bebidas, e peço uma batida de fruta, de preferência doce. Passo os olhos em volta do estabelecimento, onde vejo alguns garotos da fraternidade de Michael, engulo em seco e sinto meu sangue gelar.

Olho em volta de maneira desesperada, mas relaxo quando não o encontro em lugar nenhum. Me sinto sem ar. Apesar de não o ver, não descarto a possibilidade de ele poder vir e me encontrar. Sinto enjoo e me apoio na bancada. O bartender coloca os dois copos na minha frente e eu agradeço silenciosamente. Bebo dois goles grandes como uma fuga e passo a língua nos lábios, tentando usufruir um pouco mais do gosto doce. Eu estava tão ocupada olhando os garotos, que não percebi quando alguém se aproximou de mim.

— Ora, ora, olha só quem está aqui — a voz atrás de mim diz, o que me faz enrijecer as costas. Sentiu minha falta? — Michael pergunta sussurrando em meu ouvido, me causando calafrios. Me viro devagar a fim de poder encará-lo, mas minhas mãos estavam suando frio. Michael sorria de maneira presunçosa, o que me fazia repensar todos os momentos bons que tivemos juntos. Me pergunto se tudo não foi coisa da minha cabeça. Olho à sua volta. — Não se preocupe, Lisa não está aqui.

— Michael...

— Eu sei que sente minha falta — ele diz e consigo sentir seu hálito quente em meu pescoço. Me afasto tentando ser o mais sutil possível, e nego com a cabeça.

— Eu estou ótima. Você também parece estar. Tenho certeza de que Lisa é uma ótima garota — falo e dou meia volta, indo em direção à mesa onde Colleen estava. Ele segura meu pulso, o que me assusta.

— Você não é nada sem mim, Marie. E quando você voltar chorando, eu vou dar risada — Michael diz e sinto meus olhos lacrimejarem. Estava com medo. Sei que ele não me machucaria, ainda mais em um lugar público, mas ainda assim, me sentia perdida. Ele estava segurando forte, e a bebida ainda estava na minha mão e eu estava preocupada de que fosse derrubar.

— Está tudo bem? — Colleen pergunta e me sinto aliviada ao perceber que ela viu o que estava acontecendo e veio me ajudar. Michael contrai o maxilar, como se precisasse de todo o auto controle para não explodir aqui e ele solta meu pulso quando minha amiga encara fixamente suas mãos. Eu parecia tão pequena perto dele, nunca havia reparado nisso antes. E como em um passe de mágica, Jonas aparece, ficando ao meu lado. Eu não fazia ideia do que ele estava fazendo aqui, aliás, eu nem o havia visto, mas queria deixar claro que eu não precisava ser salva por ele. Michael parece ficar ainda mais irritado com sua aparição, porque ele olha ao redor, como se estivesse realmente pensando em socar Jonas.

— Claro — ele diz e abre um sorriso. — Estávamos só conversando, né, Marie? — ele pergunta olhando dentro de meus olhos, e consigo sentir uma frieza que parece atingir cada osso de meu corpo. Eu afirmo sutilmente com a cabeça, mas meus amigos não precisam de mais nada para saber o que realmente estava acontecendo, e até Michael parecia saber disso. Seu olhar se volta para Jonas, que o encarava de volta com a mesma intensidade, eu quase podia ver raios saindo de ambos. Finalmente Michael abre um sorriso, curvando o canto de sua boca. — Você já é grandinha o suficiente para se cuidar sozinha, Marie — ele fala e Colleen lança um olhar feio. Ele levanta as mãos como se estivesse se rendendo, ainda sem tirar o sorriso do rosto. — Só falando.

Efeito ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora