21. Marie

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Aaron paga a comida, mesmo eu tentando convencê-lo de pagar pelo menos a minha parte. Ele dispensou todos os meus argumentos e pedidos, dizendo que eu deveria focar no fato de que estávamos prestes a riscar mais uma coisa em minha bucket list.

Para falar a verdade, eu estava bem animada! Andamos pela a rua, e ainda não estava muito tarde. Passamos por lojas como Dior, Gucci, Prada, e Chanel, lojas que eu nunca havia entrado antes pois sabia que jamais seria capaz de comprar qualquer coisa que vendia por lá. Analiso as vitrines curiosa, eram roupas chamativas demais para mim, mas era esse o objetivo, não era?

Paro na frente da Dior e olho para Aaron, que sorri, já empurrando a porta. Eu o sigo e sorrio, não precisei dizer nada e ele já havia me entendido, era uma conexão estranha. Por algum motivo eu penso em Jonas, não havia falado com ele a muito tempo, e ele, assim como Colleen devia estar preocupado, faço uma nota mental para falar com eles mais tarde. Colleen provavelmente estava nas praias de Copacabana ou coisa do tipo.

Passo os olhos pelos manequins, vejo um vestido estampado em cores verde e azul. Tinha outro vestido cheio do que acho ser lantejoulas, era todo prateado. Tinha uma bolsa que provavelmente não caberia nem o meu celular, ela fazia um par com o vestido estampado. Eram muitas coisas que eu provavelmente não usaria se fosse em outras circunstâncias. Uma mulher loira e alta se aproxima, ela parecia bem séria, e o batom vinho fazia um contraste interessante com seu terninho roxo. Ela fala algo em francês, se referindo a mim, mas eu não entendo, e olho para Aaron em busca de ajuda. Após algumas palavras trocadas ela diz:

— O que você está procurando? — Sua voz era grave, mas sua expressão já não estava tão séria. Ela junta as mãos na frente de seu corpo, me observando com expectativa. Seu inglês tinha sotaque, mas era extremamente leve.

— Eu não sei — respondo honestamente. — O que você acha que eu vou gostar? — pergunto. Ela me estuda, passando os olhos pelo meu corpo, ela era bem mais alta e magra do que eu. A mulher faz um sinal pedindo para que eu a acompanhe. Ela me mostra um vestido azul, ele era de alça, e tinha muito brilho prateado. A parte de baixo era praticamente transparente, mas havia um shorts embaixo, igual a parte de cima, com a mistura de azul e prata. Arregalo os olhos, aquilo não combinava nada comigo. Olho para Aaron, e ele coloca a mão na boca, para esconder uma risada. — É muito bonito — digo e forço um sorriso. — Eu estava procurando algo mais de frio — sugiro.

A mulher me observa novamente. Ela volta a andar, e me mostra um vestido xadrez, ele parecia um saco. Aquilo certamente não ficaria bom. Me pergunto como esses tipos de roupas faziam tanto sucesso e eram tão caras. Nego com a cabeça e abro outro sorriso sem-graça.

— Você vai precisar ser mais específica — ela fala. — Temos muitas coisas, não vai dar certo se eu ficar mostrando tudo — diz. Aaron se intromete:

— E aquilo? — ele pergunta apontando. Era um vestido xadrez, mas dessa vez, vermelho. Ele parecia ficar justo no corpo, e tinha um cinto grosso na cintura. A saia era um pouco de pregas, e de todas as roupas mostradas, aquela era certamente a que mais se parecia comigo. Abro um sorriso para demonstrar que havia gostado.

A mulher caminha em direção à peça de roupa, e me entrega.

— Tem um provador ali – ela fala apontando para o local.

— Pode me trazer todas as coisas que parecem nesse mesmo estilo? — peço. A moça afirma e se retira.

Ando até o provador, e Aaron se senta na cadeira que ficava na frente. Michael nunca fez isso comigo. Ele não tinha paciência para me ver provando roupas que de acordo com ele "seriam tiradas em breve" já que ele me preferia sem. Coloco o vestido e me olho no espelho. Tinha ficado bom no meu corpo. A autoaceitação podia ser um processo longo e demorado, e eu sabia que levaria tempo até chegar à onde queria, mas era um começo. Abro a cortina saindo, dou uma voltinha e Aaron aprova. A mulher me entrega mais algumas peças, e me divirto ao experimentar todas e fazer um desfile de moda. Aaron ria de algumas roupas e eu ria junto, estava me divertindo, isso era um fato. Sinto que a vendedora já estava ficando impaciente, mas nós parecíamos longe de terminar.

Efeito ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora