Depois de terminarmos de comer, Marie me ajuda a arrumar a bagunça, mas logo fala que está cansada e que iria subir para descansar. Eu não a impeço, apesar de desejar poder passar a noite inteira conversando com ela. Nos despedimos com um simples boa-noite, e decido subir também, aliás, não havia muitos motivos para eu ficar sozinho na sala.
Mando mensagem para Malcon e conto sobre os acontecimentos do dia, me certifico de incluir que eu estava provavelmente criando sentimentos por Marie, que isso não faria nada de bom para nós, e que ela talvez nem sentisse o mesmo por mim. Estava me sentindo como uma garota adolescente contando seus dramas para sua melhor amiga. Malcon fala que eu tinha que parar de ser tão dramático e medroso, e que deveria dar uma chance. Reviro os olhos diante as mensagens, era óbvio que ele ia dizer isso, não sei nem porque perguntei. Começar a gostar de alguém sabendo que não podem ficar juntos e que uma hora ou outra teriam que se separar, era pedir para sofrer por antecedência, e era exatamente o que eu estava fazendo.
Me jogo na cama e esfrego o rosto com as mãos de maneira frustrada. A essa altura, não havia muito o que fazer, então decido apenas ignorar os sentimentos e o que claramente estava acontecendo entre nós. Talvez eu não soubesse se Marie sentia o mesmo por mim, mas qualquer idiota consegue perceber essas trocas de olhares ridículas que acontecem de vez em quando.
Penso no dia seguinte, seria divertido, tenho certeza de que Marie iria gostar, e de repente, estou extremamente ansioso.
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Acordo mais cedo do que eu geralmente acordaria. Estava de férias, e nas férias eu costumava acordar depois das 10. No entanto, essa não é uma férias comum, e minha mente parecia ter esclarecido isso para mim, sem nem mesmo eu perceber, porque eram 8 e meia da manhã, e lá estava eu, na cozinha preparando café.
A temperatura não parecia estar muito baixa, e o sol estava finalmente surgindo, parecia o dia perfeito para levá-la até o rio Sena, quase como se alguma divindade tivesse ao lado de Marie, se certificando de que ela teria tudo o que precisasse ao seu favor, para uma viagem fantástica. Soava extremamente idiota quando eu pensava, mas às vezes não temos como controlar os pensamentos que rodeiam nossa mente. Apoio as gostas na pia enquanto espero o café ficar pronto.
Escuto o barulho de alguém descendo as escadas e imediatamente sei que é Marie. Ela estava usando um jeans agarrado em suas pernas e uma camiseta branca larga que parecia grande demais para o seu tamanho. Quando ela me olha, ela sorri, mas logo desvia o olhar para a cafeteira que estava ao meu lado.
— Está com um cheiro ótimo — diz ainda sem tirar os olhos do café. — Não me leve a mal, adoro o café dos coffee shops, mas um café feito em casa ainda ganha daqueles feitos em máquinas.
Eu concordo. Só estava te levando para lá porque achei que eram coisas que turistas gostam de fazer — respondo. — Mas vocês devem estar acostumados a viver de Starbucks. — Marie discorda com um movimento de cabeça e repete:
— Nada como um café feito em casa. — Ela se aproxima.
Me viro para alcançar o armário, pegando duas canecas de lá. Eu entrego uma para Marie, que agradece. Ela se serve do café e eu a observo por uns instantes. Tento desviar o olhar rapidamente quando ela me pega a olhando, mas não sou rápido o suficiente. Ao contrário do que penso, Marie apenas olha para o chão, e vejo o rubor de suas bochechas, de certa forma, adorável. Eu já tinha 21 anos, e me sentia como um adolescente estúpido que nunca falou com uma garota antes. Me pergunto se ela achava a mesma coisa.
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Efeito Paris
Romance[FINALISTA DO WATTYS 2021] Marie está cansada de sua vida sem graça e rotineira, e no fundo, acha que sempre foi assim, desde pequena. Após completar 20 anos, a visita inesperada de um advogado muda a sua vida de um dia para o outro, fazendo com que...