Efeito Paris

20. Marie

Por que eu havia convidado Aaron para subir até o meu quarto? Eu não sabia. Mas estava começando a gostar de sua companhia, fiquei animada quando ele me convidou para sair. Uma visita ao Louvre parecia ser uma boa ideia, e me senti feliz quando ele concordou. Estar visitando esses lugares famosos que você vê na internet e televisão é uma coisa espetacular, e agradeço meu pai por estar me dando essa oportunidade, apesar de eu ainda não ter o perdoado.

Parte de mim acha que preciso deixar todo esse rancor para trás, só assim eu conseguiria seguir em frente para poder ser uma Marie nova, uma da qual me orgulhasse. Mas coisas assim levam tempo, passei 20 anos da minha vida achando que fui abandonada, e o culpando por ter a vida que tive, isso não sumiria de um dia para o outro, por mais que ele tivesse me dado sua riqueza, relacionamentos são mais complicados, e requerem muito mais do que dinheiro para serem consertados, mesmo que o cara já esteja morto.

Fico encantada quando vejo as pirâmides do tão famoso Louvre, era certamente algo incrível de se ver pessoalmente. Claro, eram só pirâmides transparentes, mas para mim parecia ser muito mais.

— Deixa eu tirar uma foto sua — Aaron fala ao perceber que eu estava olhando o lugar por tempo demais, de primeira eu recuso, mas acho que deveria guardar mais do que apenas lembranças em minha cabeça. Entrego meu celular e faço algumas poses que fazem Aaron rir, uma coisa era certa: eu realmente estava me divertindo.

Ele compra nossos ingressos e vamos até a entrada.

— Preparada para andar até os seus pés doerem? — Aaron pergunta.

— Ah, pode ter certeza — respondo e ele sorri. Aaron tinha um sorriso bonito, ele parecia genuinamente feliz e me pergunto se pareço da mesma forma.

Eu o deixo me guiar, não conhecia nada do lugar e o sigo na esperança de que ele saiba exatamente aonde está indo. Passo maravilhada pelas salas, havia tanta coisa linda! Quadros, esculturas, era simplesmente fantástico. Era algo que todo mundo deveria ver pelo menos uma vez na vida. Nunca fui ligada muito a arte, mas isso conseguia impressionar até os que não entendiam muito.

Não conversamos muito, Aaron me guiava pelo museu e às vezes dava algumas óbvias explicações sobre determinadas obras, ele parecia bem empenhado em me deixar apreciar tudo em silêncio.

— Não consigo entender como essas obras são tão famosas e preciosas, tem algumas que parece que o pintor simplesmente jogou umas tintas aleatórias na tela — Aaron fala e eu reprimo um sorriso.

— Acho que não somos artísticos o suficiente para entender esse tipo de coisa, Aaron — respondo e ele apenas dá de ombros.

A iluminação do museu dava ainda mais intensidade para tudo o que havia lá. Ele não estava tão cheio, estava perto do Natal, e penso que essa era a razão pela qual a quantidade de pessoas estava reduzida.

— Pronta para conhecer a famosa Gioconda? — Aaron pergunta e eu sorrio em resposta. Conhecer Nova York era meu objetivo, mas ver a Monalisa ao vivo era algo que nem sequer havia pensado antes. Caminhamos lado a lado, até entrarmos em uma sala que estava mais cheia. E lá estava a pintura.

A sala era iluminada e havia uma obra enorme na frente da Monalisa, mas ninguém parecia se importar porque todos estavam muito ocupados observando um quadro minúsculo, lá estava Gioconda. Havia um pequeno cercado para que as pessoas não se aproximassem demais. Encaro a pintura um pouco decepcionada. Aaron solta uma risada baixa.

— Nem é tudo isso, né? — ele pergunta e faço uma careta.

— É bonita — afirmo — mas tenho que admitir, esperava bem mais.