7. Marie

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Eu ignoro todas as mensagens e ligações de Michael. Sei que isso o deixaria extremamente bravo, ele odiava quando eu não o respondia por muito tempo, mas eu precisava pensar. Precisava ter certeza de que o melhor, era terminar. E o único jeito que eu conseguiria fazer isso, era o ignorando, por hora. Eu não queria chateá-lo, nunca foi a minha intenção, e eu tinha medo de que ninguém me amaria do jeito que ele me ama, mas a quem eu quero enganar? A cada discussão eu saia mais machucada, acho que é assim que as coisas funcionam, né? As pessoas perdem o interesse quando as coisas ficam complicadas e doloridas demais.

O trabalho estava entediante como sempre, o movimento estava fraco para uma quinta-feira, mas o horário não contribuía para movimentação. Vejo Jonas entrar pela porta, e fico surpresa.

— Oi, Marie — ele me cumprimenta, eu sorrio em resposta.

— Posso ajudar? — pergunto, o canto de sua boca se curva em um sorriso discreto, e ele levanta a cabeça para tentar enxergar as opções no telão. Ao olhar para Nelie, vejo que ela o observava com atenção, claramente interessada. Claro, Jonas era bonito, Nelie também, mas ela tinha 17 anos, ainda estava no ensino médio, e Jonas tinha 21, e estava no segundo ano da faculdade.

— Eu só quero um Milk-shake, na verdade vim te ver — ele admite e eu sinto minhas bochechas corarem. Nelie arqueia as sobrancelhas, me lançando um sorriso malicioso.

— Ah, acho que estou bem — respondo enquanto faço seu pedido, tentando esconder meu desconforto, eu já havia falado muito sobre isso. Ele não parece muito convencido, mas ele não continua o assunto, o que me deixa aliviada.

Jonas era uma pessoa legal, às vezes não entendia o que ele estava fazendo em uma fraternidade cheio de idiotas, ele era um pouco diferente daquele grupo. Eu conseguia perceber que ele realmente estava preocupado comigo, o que me dava uma certa satisfação, já que poucas pessoas na minha vida realmente demonstravam interesse em mim.

— Vou fingir que acredito, mas não vou te pressionar. De qualquer forma, se precisar conversar, sabe onde me encontrar — Jonas diz por fim. Eu afirmo com a cabeça e ofereço um sorriso fraco. Não queria dizer a ele que eu realmente estava pensando em terminar com Michael. Mas se isso acontecesse, ele iria saber de qualquer maneira, porque se eu realmente fosse terminar, não pretendia pisar naquela casa nunca mais. Ele se vira para se sentar em uma cadeira e esperar seu pedido ficar pronto, mas antes disso, falo:

— Jonas — ele se volta em minha direção —, obrigada, de verdade — eu o agradeço sem saber exatamente o motivo, mas pareceu oportuno e necessário na hora. Ele esboça um meio sorriso, e acena sutilmente com a cabeça.

— Ele gosta de você — Nelie diz após ter certeza de que ele não poderia nos escutar. Estalo a língua dispensando o comentário.

— Bobagem. Somos amigos — respondo.

— Amigo que quer enfiar a língua na sua — ela brinca, e de alguma forma, consigo rir.

— Não tenho como saber. Mas sinceramente, não quero saber de relacionamentos agora, e nem por um longo tempo — afirmo. Ela revira os olhos.

— Você está perdendo então. Ele é muito gato, pena que é mais velho do que eu. Se eu fosse você, não perderia tempo.

— Eu ainda namoro, Nelie — falo e ela arqueia as sobrancelhas.

— Ele não veio até o seu trabalho para ver como você está, veio? — ela pergunta. Por que de repente todas as pessoas pareciam estar me dizendo o quanto Michael não era tudo o que eu achava? Estava dando funcionando para ser sincera. Pondero suas palavras, ela estava certa, apesar de eu estar o ignorando. Colleen também estava certa, e Jonas. E naquele momento, decido: preciso terminar com Michael.

Efeito ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora