39. Aaron

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Marie não sabia quando iria voltar para casa. Não costumávamos falar muito sobre o assunto, mas ela dizia que não estava pronta para voltar. Descobri algumas coisas sobre ela e sua vida nos Estados Unidos, principalmente que está brigada com a mãe e não quer encará-la por enquanto. Ela não entrou em muitos detalhes, mas na maior parte ignorava as ligações dela. Por outro lado, ela falava bastante não só com sua amiga, mas sobre ela. Tanto que até eu fiquei com vontade de conhecê-la pessoalmente. Marie também me contou mais sobre o namorado babaca, o que me fazia me sentir mal por ela. Ela merecia alguém que seja a sua altura, mesmo que esse alguém não fosse eu, até porque, tinha plena consciência de que eu não era perfeito.

O dia do meu aniversário estava chegando, e Marie parecia animada, não achava que era grande coisa, mas estava feliz por ela estar assim, pelo menos era um propósito a mais de se viver, coisa que ela parecia estar se agarrando fortemente. Mas as coisas vão um pouco por água abaixo quando minha mãe decide simplesmente fazer uma festa para mim. Era assim praticamente todo ano, e eu achava a coisa mais chata do mundo. Suas intenções eram boas, óbvio, mas eu não gostava. Por isso acabava comemorando meu aniversário depois, com os meus amigos de verdade. Por mais que Marie tentou esconder, consegui perceber que ela estava um pouco chateada pela mudança de planos, no qual ela praticamente não faria parte.

Minha mãe costumava ser muito controladora, principalmente quando se tratava de eventos, por isso Marie achou melhor não se envolver, já que ela não parecia gostar de nenhuma sugestão que Marie dava. Tentei pedir para ela não fazer a tal festa, mas ela não me escutou, muito pelo contrário, ela pediu para Aimee convidar todas as pessoas possíveis e imagináveis, e eu odiava isso. Era a oportunidade perfeita para as amigas de minha mãe escolherem os próximos alvos, já que estaria cheio de pessoas com metade de suas idades, o que chegava a ser nojento.

— Cara, isso vai ser interessante — Malcon fala interrompendo os meus pensamentos. Olho para trás, onde várias pessoas estavam fazendo alguns preparativos para o dia seguinte, colocando decorações feias e exageradas em todos os lugares possíveis. A água da piscina não estava fria, e por isso estávamos sentados na borda, apenas com os pés na água.

— Porque Aimee tinha que concordar com isso? — pergunto. Minha mãe sabia que eu não queria a festa, mesmo assim me certifiquei de deixar a porta de vidro bem fechada.

— Por que você está preocupado com isso? E por que não estamos falando de Ryan? — Malcon fala sentado ao meu lado, sem se preocupar em soar indelicado. Troco um olhar breve com Marie, que parecia curiosa também. Não conversamos muito sobre o assunto depois de ter eu falado com minha mãe. Solto um suspiro pesado antes de responder:

— Minha mãe está esperançosa de uma mudança milagrosa.

— Onde já ouvi isso antes? — ele fala de maneira sarcástica, que sai mais como um murmuro.

— Por que isso é tão preocupante assim? — Marie pergunta referindo-se a Malcon, sabendo que ele provavelmente vai falar mais do que eu. Ela estava de frente para nós dois, do outro lado da piscina, e por isso tínhamos uma boa visão dela. Meu amigo troca um olhar comigo, e eu dou de ombros, desviando os olhos.

— Esse cara já deu muito prejuízo para essa família — ele responde de uma maneira vaga, e eu o agradeço mentalmente pela resposta. Marie percebe que não ganharia mais do que isso como resposta, então ela se cala e mexe os pés, movimentando a água.

Eu não sei exatamente o que Ryan fazia. Acho que ele pode ser considerado traficante, seu alvo era principalmente adolescentes. Não ia negar, ele já trouxe bastante dinheiro para casa, mas às vezes tínhamos que pagar fiança, o que costumava sair bem caro. Ele era um traficante meia boca, já que foi pego mais de uma vez. Chegava a ser ridículo. Mas aparentemente, ele não se importava muito, era quase como se ele gostasse disso. Irônico dizer, já que a maior parte do dinheiro que ele fazia, ficava para si mesmo, onde ele gastava com carros, correntes de ouro, e todas as coisas desnecessárias e idiotas que se podia pensar.

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