25. Marie

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Não sei exatamente o que eu esperava da Catedral de Notre-Dame. Tinha que admitir, era um lugar incrível, a arquitetura excepcional, mas tinha algo que me incomodava. De qualquer forma, sei que jamais me esquecerei de ter entrado ali. Guardo a moeda que Aaron me deu em minha bolsa, foi um gesto tão simples, mas tão significativo para mim...e até agora não entendo por que isso me deixou tão feliz.

Estava começando achar que eu sentia algo por Aaron. Não fazia muito tempo que nos conhecemos, mas existia algo. Aquele momento no Coffee Shop, não sei o que foi aquilo, mas certamente foi alguma coisa. Eu ainda estava com medo de me arriscar em algo novo depois de tudo que passei com Michael. Sei que nem todos os garotos são como ele, mas isso não tira o fato da possibilidade. Milhares de mulheres passam por isso todos os dias e ninguém dá a devida importância, por que o mundo tem que ser tão sexista?

— E então... pronta para nossa próxima parada? — Aaron pergunta. Eu levanto a sobrancelha, sem saber exatamente do que ele está falando. Ele coloca as mãos no bolso e solta uma risada baixa. — O Panteão, é claro. — Concordo sorrindo em aprovação.

— Sabe, até que você é um bom guia — digo. Aaron revira os olhos.

— É óbvio que eu sou.

— Não seja tão convencido — rebato. As ruas pareciam estar lotando cada vez mais conforme as horas passavam, ainda não era nem hora do almoço, mas parecia ser o intervalo de muitos.

Dizem que os franceses são do tipo de pessoas que trabalham para viver, e não vivem para trabalhar, isso na teoria parece ótimo. Eu certamente trabalhava porque precisava, se eu fosse mesmo virar uma enfermeira, teria que viver para o trabalho, pelo menos é o que falam. Me pergunto se Aaron trabalhava. Era fim de ano, mas mesmo sendo fim de ano nos Estados Unidos, a maioria das pessoas trabalhavam até o dia 31.

— Você estuda? — pergunto enquanto andávamos. Aaron não se surpreende com a minha curiosidade.

— Sim. Administração — ele responde.

— Você gosta? — Aaron dá de ombros.

— Gosto. No começo odiei a ideia, mas minha mãe insistiu. Sabe quando fazemos algo pelo nossos pais? — Eu afirmo com a cabeça, eu sabia muito bem, bem demais. — Então, fiz por ela. No final acabei gostando. E você?

— Estudo, enfermagem — digo.

— E você gosta? — ele repete minha pergunta.

— Me encontro na mesma situação que você, mas infelizmente, não a parte do "acabei gostando". — Aaron diminui a velocidade dos passos, ele não parecia ter pressa. Ele não diz nada por um tempo.

— Se tem uma coisa que aprendi com o tempo, é que a vida é muito curta para ser desperdiçada. Se você odeia seja lá o que está fazendo, para. Não é muito difícil — Aaron fala. Reflito um pouco sobre isso antes de dizer:

— É mais complicado do que parece. — Solto um suspiro.

— Não sei. É o seu futuro e não de outros. Mas cada um faz o que acha melhor.

— Eu queria ser confiante como você — admito, mas Aaron balança a cabeça negando.

— Nunca diga isso, Marie. Se você quer ser diferente, você escolhe. Você tem o poder da escolha para ser o que quiser e quando quiser. Mas você tem que ser você, e não uma cópia de um qualquer.

— Não sabia que você era tão sábio — falo rindo.

— Não sou. Mas todos tem algo para aprender, não acha? — Foi uma pergunta retórica, mas eu concordo. Acho que talvez conhecer Aaron foi uma coisa do destino. Com tudo que tem acontecido no último mês, era como se eu precisasse de alguém para me guiar em direção à mudança. Não uma mudança qualquer, mas a mudança que eu quero em mim. Se for obra do destino, sou eternamente grata.

Efeito ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora