51. Marie

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Espero Aaron voltar ansiosamente, precisava contar minha nova descoberta. Tecnicamente o dinheiro também deveria ser dele, ele era parte da família de John, o que era meio estranho, considerando que estávamos basicamente juntos. Por outro lado, não sabia como Aaron se sentia em relação à John, talvez ele o odiasse, era uma opção.

Quando Aaron entra no quarto, estou sentada na cama, talvez séria demais, pois apesar de ele entrar com um sorriso no rosto, ele se desmancha ao me ver. Aaron me encara preocupado, como se estivesse com medo do que eu pudesse dizer, e o pensamento da possibilidade de ele saber quem sou o tempo todo, faz meu estômago embrulhar. De repente, o ar fica muito pesado para respirar, e é quando decido não contar nada.

— Está tudo bem? — pergunta. Afirmo com um sutil aceno de cabeça e abro um sorriso um tanto forçado, mas, apesar de Aaron me conhecer a menos de três meses, ele conseguia saber quando eu estava mentindo. A verdade era que, nunca soube mentir muito bem, não para as pessoas que eu realmente gostava e tinha medo de perder. Ele semicerra os olhos me analisando. — Ok. — Ele não diz mais nada, como se preferisse assim.

Apesar de tentar afastar tudo isso da minha mente, parecia impossível não pensar no fato de que meu pai era namorado de Natalee. Deve ter sido horrível encontrar o amor da sua vida morto, ela deve ter sofrido muito. Já faz um tempo, e se o que ela falou é verdade, ela deve estar melhor, mas ainda não consigo imaginar a dor de ter que passado isso.

Aaron se joga do meu lado na cama e encara o teto branco. Ele coloca o braço na testa, como se estivesse cansado. Eu me deito ao seu lado, mas fico de bruços para poder olhá-lo nos olhos. Seu olhar vai do teto para mim, e ele abre um sorriso fraco, esse que estava me conquistando cada vez mais. Aaron posiciona sua mão em minha bochecha, e passa o dedão pela minha pele.

— Quer comer Macaron? — ele pergunta. Solto um grunhido de satisfação.

— Por favor! — peço e ele solta uma risada.

Vamos novamente até o lugar que Aaron tinha me levado aquele outro dia, e ao invés de pedir os top 5, pude fazer minha própria escolha, já que já tinha provado alguns. A mulher ficou feliz de nos ver novamente, ela parecia muito animada por ver Aaron trazendo uma garota, penso que eles provavelmente eram bem próximos.

— Você fica melhor sem ela — ela falou uma hora. — Não era boa para você — disse referindo-se à Katherine. Sinto minhas bochechas esquentarem, como se estivesse no meio de algo que não dizia respeito a mim, quase invadindo a privacidade deles. Senti Aaron apertar minha mão levemente.

— Não é muito educado, Adalene — Aaron fala apontando para mim com a cabeça. A mulher chamada Adalene me lança um olhar e dá uma piscadinha.

Katherine parecia ter realmente machucado Aaron. Eu entendia em partes, ele devia gostar muito dela.

Nos sentamos novamente nos bancos em frente a fonte, era quase um déjà vu. Estava bem concentrada comendo o doce quando Aaron pergunta:

— Você já sentiu como se tivesse ganhado algo, mesmo sem merecer? — Quase engasgo diante à pergunta. Ele falou isso como se soubesse exatamente o que estava acontecendo na minha vida. Será que ele sabia sobre meu pai e a herança? Será que tinha sido uma indireta?

— Já — respondo por fim. Ele olha para a água que borbulhava à nossa frente com um olhar um pouco distante, imerso em seus próprios pensamentos. Às vezes queria poder entrar dentro de sua cabeça, saber e entender cada pedacinho dele.

— Você acha que tudo tem um propósito? Que tipo, a gente tinha que se encontrar para que a gente melhorasse? Ou alguma coisa mudasse? — fala virando-se em minha direção. Franzo a testa pensando.

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