31. Marie

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Eu dou risada para esconder o fato de ter tido uma pequena esperança de que Aaron estava implicando que me queria. No começo a risada foi forçada, mas depois comecei a rir de verdade devido a minha idiotice. Alguém como Aaron jamais iria olhar para uma garota como eu, ele namorava com modelos, não com garotas que trabalhavam em lanchonetes para pagar a faculdade e aluguel.

O sol esquentava o ar, dando uma amenizada no vento frio que me causava arrepios. Andar de barco no Rio Sena era algo simples, mas novo para mim. Eu morava na Flórida, estava acostumada com lagos, jacarés e praias, mas o fato de ser o Rio Sena especificamente, deixava tudo mais elegante, eu até me sentia como alguém diferente, quase como se não pertencesse a todo esse luxo o qual estou passando e vivendo.

Apesar de o pensamento ter passado diversas vezes pela minha cabeça, não conseguia deixar de pensar que minha vida havia mudado tão subitamente, e não queria admitir que estava me apaixonando aos poucos, cada dia mais. Foi tudo tão rápido, mas o que eu poderia fazer? Aaron tinha esse cabelo dourado e cacheado que eu nunca pensei que acharia atraente, e os olhos castanhos esverdeados conseguia prender qualquer um, sem contar o sorriso e covinha que se formava toda vez que ele sorria, era tudo muito apaixonante, era como um imã me chamando.

No alto falante, um homem começa a falar algo em francês, eu não estava realmente prestando atenção, mas logo ele traduz para o inglês, a considerada famosa língua universal.

— Me diga, Aaron, você voltaria para os Estados Unidos se pudesse? — pergunto curiosa. Ele me observa por um momento, como se estivesse refletindo drasticamente sobre a resposta.

— Acho que não — ele finalmente responde, e por algum motivo, isso me decepciona um pouco. — Já lidei com o fato de que minha vida é aqui agora. Eu não queria me mudar, é claro. Uma criança que teria que dizer adeus a todos os amigos e recomeçar do zero em um lugar que não conhecia absolutamente ninguém. Fora que eu não entendia nada de francês, mas no final, acabei achando meu lugar, fiz amigos, e entrei em uma escola americana, coisa que eu nem sabia que existia — ele explica. Era interessante saber mais sobre ele, nas nossas extensas conversas pude entender mais do garoto ao meu lado, saber um pouco mais sobre seu passado e a pessoa que ele é hoje.

— Gostaria de dizer que eu entendo, mas seria mentira — falo. — Às vezes acho que nasci para ficar no mesmo lugar e ao mesmo tempo que isso é bom, é ruim. Quero acreditar que a vida é muito mais do que as coisas que vemos no dia a dia.

— Mas é óbvio que é — ele diz. — Sei que é difícil colocar isso na cabeça, mas Marie, você tem o controle para fazer o que quiser. Talvez não todos os recursos, mas aí você dá um jeito. Sempre tem um jeito.

— Você já pensou em ser psicólogo? — pergunto brincando. Aaron sorri e dá uma piscadinha antes de dizer:

— O tempo todo.

O resto do passeio se passa tranquilamente, e apesar da incrível paisagem de Paris, eu realmente estava me divertindo mais conversando com Aaron. Era fantástico como os nossos assuntos pareciam ser intermináveis e eu nunca me cansava disso. Na verdade, me sentia como se o conhecesse a minha vida inteira, ao mesmo tempo que queria mais. Em vários momentos me peguei imaginando como ele reagiria se eu simplesmente o beijasse. Mas eu não tinha essa coragem, eu não era o tipo de garota que tomava as rédeas ou dava o primeiro passo. Estava conquistando minha confiança aos poucos, mas ainda não tinha chegado nesse nível, e o medo da rejeição estava fortemente presente em minha mente.

Depois de sair do barco, Aaron sugere uma ida à um café diferente depois de eu ter dito que queria muito comer um macaron, doce típico francês, ele disse que sabia exatamente onde me levar. O café era bem pequeno comparado com os outros que já tinha ido, e estava vazio. As paredes do lugar eram uma mistura de cores pasteis, e as mesas eram redondas, com apenas duas cadeiras em cada. Não parecia ter muitas outras opções além dos famosos macarons, e a variedade de cores era impressionante.

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