32. Marie

492 62 17
                                    

Tinha um clima entre nós, eu sei disso porque senti o calor subir pelo meu corpo de uma maneira ridícula. Quando foi que eu voltei a ser uma adolescente? Eu não fazia ideia, mas estava ocupada demais observando seus olhos para pensar em uma resposta. Tudo isso não durou mais do que um minuto, mas para mim foi o bastante, porque naquele momento percebi que ele provavelmente estava sentindo o mesmo que eu. Mas todo o encanto se quebra quando ele desvia o olhar, como se estivesse tentando evitar seja lá o que tinha acabado de acontecer, mas eu não queria, não mesmo.

— Então você gostou — ele afirma e sorrio fraco, concordando. — Estou quase sempre certo — fala com um tom confiante. Ele coloca o restante do doce rosa na boca, e não consigo evitar não olhar. Não sabia o que estava acontecendo comigo, mas algo dizia que isso tinha nome, e esse nome era Aaron.

Dividimos o resto dos doces em silêncio, cada um perdido em seus próprios pensamentos, e os meus estavam bem confusos. Queria saber por que Aaron quis evitar prolongar o pequeno e curto momento entre nós, se estava quase claro de que era algo mútuo. Talvez ele ainda gostasse de Katherine, era uma possibilidade, apesar de isso me incomodar um pouco. Superei Michael mais rápido do que achei que superaria, mas alguns momentos em que minha mente parecia vazia, pequenos flashes do passado apareciam subitamente, me deixando triste e com raiva ao mesmo tempo. Mas sabia que era só questão de tempo até isso passar e não me afetar mais.

— Você quer ir para casa? — ele pergunta. Não tinha certeza se estava pronta para que o nosso dia acabasse, mas a velha Marie agiu mais rápido, e por isso apenas respondo:

— Pode ser. — Aaron assente com a cabeça e se levanta do banco, oferecendo sua mão para me ajudar a me levantar também, eu aceito e sinto o calor de sua mão na minha, mesmo tentando não pensar nisso.

Tínhamos andado muito o dia todo, de acordo com Aaron era melhor simplesmente estacionar o carro e ir para os lugares a pé, mas eu não estava muito acostumada com isso. Em Tampa tudo era muito afastado, as estradas largas e distantes, ir aos lugares andando era pedir para sofrer.

Desde que começamos a passar o tempo juntos, a playlist de Aaron tem mudado cada vez mais. Ele é o tipo de cara que gosta de rock, como Red Hot Chili Peppers, Nirvana ou Iron Maiden, enquanto eu gostava de coisas mais tranquilas, como Ed Sheeran, Dua Lipa e Taylor Swift, mas seu gosto musical também começou a influenciar o meu, adicionei umas músicas na minha playlist que nunca pensei que fosse gostar. Paris estava começando a fazer seu efeito em mim, ou melhor, Aaron estava.

Quando chegamos em casa, Aaron vai direto para o sofá, e praticamente se joga, soltando um suspiro cansado. Faço o mesmo, encostando a cabeça no encosto do sofá. Ele copia minha posição, e viramos para nos encarar.

— Foi um dia cansativo — falo e ele concorda.

— Sabe o que ajudaria? — pergunta e eu apenas o olho esperando a resposta. — Jacuzzi. — Um sorriso se forma em meus lábios de maneira inconsciente, Aaron entende isso como um apoio para a sua ideia e logo se levanta. — Me dá 5 minutos — diz subindo os degraus da escada de dois em dois. Eu não tinha percebido que ainda estava sorrindo que nem uma idiota.

Decido colocar uma roupa mais solta também, eu não tinha roupa de banho de qualquer forma. No meu quarto, tiro a camiseta branca e a calça apertada, e aproveito a oportunidade para me olhar no espelho comprido pregado na parede. Nunca gostei muito do meu corpo, minhas coxas eram grossas demais, e não era considerada magra, mas ainda assim, lá estava eu, pronta para entrar na jacuzzi com um cara que conhecia a menos de três semanas. Solto um suspiro e procuro o único shorts que eu havia trazido, gostava de ser prevenida.

Quando desço as escadas, Aaron já estava me esperando do lado de fora e ele sorri ao me ver. Ele tira a camiseta exibindo novamente as poucas tatuagens em seu corpo, e preciso desviar os olhos para não parecer que estava o observando por tempo demais. Aaron entra na água quente e me espera, me olhando com expectativa. Minha confiança de cinco minutos atrás já havia se esvaído, e quando ele percebe que eu não iria entrar enquanto ele não se virasse, ele revira os olhos soltando um suspiro. Por fim ele fica de costas para mim, e me concentro em tirar as peças de roupa.

Efeito ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora