43. Aaron

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Malcon estava sentado no sofá com uma garrafinha de cerveja na mão quando chego na sala. Ainda bem que ele foi o primeiro a chegar. Seus olhos vão direto ao meu braço, e ele arregala os olhos, mostrando que havia gostado. Me jogo ao seu lado, e largo minha cabeça no encosto do sofá.

— Não seja dramático, Aaron — diz e eu solto uma risada anasalada.

— Tudo bem.

— Bonita sua tatuagem — ele fala e eu levo os dedos até o lugar. Se ele soubesse o real significado disso, iria rir da minha cara, ou pior, até me julgar e dizer que estou me afundando cada vez mais. O que de certa forma, era verdade. — Não vou nem perguntar, porque estou com medo da resposta — ele acrescenta e agradeço mentalmente. — E a garota? — pergunta referindo-se a Marie.

— Terminando de se arrumar – respondo. Malcon solta um murmuro em compreensão.

Sabia que meu amigo estava se segurando muito para perguntar quando ela iria embora, mas eu estava evitando o assunto, e não sentia necessidade nenhuma de começá-lo. Marie falou que suas aulas não voltariam até maio, o que era ótimo, pois ela poderia ficar aqui por mais pelo menos 2 meses. Isso tudo ia totalizar quase 4 meses juntos, era mais do que suficiente para me fazer me apaixonar e sofrer muito depois. O pensamento era triste e decadente, mas eu já tinha aceitado que isso iria acontecer, então era melhor aproveitar o presente do que se martirizar pelo futuro, que ainda nem aconteceu.

As pessoas começam a chegar aos poucos, muitos deles me cumprimentam e desejam feliz aniversário, a maioria deles não sabem nem o meu nome do meio, minha mãe era bem exagerada. Vejo quando Marie desce as escadas segurando o corrimão, provavelmente ninguém estava prestando atenção nela, mas eu estava, e ela parecia uma princesa, o que era ridículo, não ela, mas meu pensamento, claro. Ela arregala os olhos de leve, como se estivesse impressionada com a quantidade de pessoas, coitada, mal sabe ela que isso era apenas metade dos convidados. Nosso olhar se encontra e ela sorri de maneira tímida. Marie começa a vir em minha direção, mas é interceptada por Aimee.

— Aaron? — Laurence me chama. Havia me esquecido que estávamos envolvidos em uma conversa. Seu olhar segue para onde eu estava olhando e ele abre um sorriso de lado, que sai quase irônico. — Realmente aconteceu. Você está apaixonado de novo.

— Por que todo mundo está falando isso? — pergunto virando o copo de refrigerante que estava em minha mão.

— Porque só um idiota não consegue ver — explica e reviro os olhos.

Eu sabia disso. Até eu conseguia ver, mas saindo da boca de outros era mais difícil de aceitar, queria que isso fosse tipo um segredo entre mim e Marie. Quando os outros falavam, parecia que estavam violando algo que era só meu e dela. Laurence estava me olhando com a sobrancelha arqueada, como se soubesse exatamente o que eu estava pensando.

— Sem julgamentos — diz por fim, levantando as mãos.

— Estamos falando da paixão inusitada de Aaron e Marie? — Malcon surge ao meu lado, colocando o braço ao redor de meu pescoço. Ele estava apenas me provocando, óbvio. Cruzo os braços para demonstrar minha pouca vontade de falar sobre o assunto. Laurence solta uma risada, e fecha o punho para que Malcon bata, e ele o faz.

Queria ir até Marie e buscá-la para ficar comigo, mas eu iria parecer muito grudento, e não acho que isso seria muito atraente. Ela estava entretida em uma conversa com Aimee, e reparo quando as duas começam a rir, fico subitamente curioso para saber sobre o que elas estavam falando. Marie não era o foco da festa, eu era, e por isso, tinha que ficar dando atenção e recebendo as pessoas, pelo menos era o que minha mãe esperava de mim.

Minhas últimas duas festas de aniversário foram exatamente nesse estilo. Quando minha mãe ficou amiga das fofoqueiras ricas, ela sentiu uma necessidade de se encaixar, e começou a fazer eventos grandes e desnecessários, ainda mais quando ela passou a ter dinheiro o suficiente para poder gastar. Passei a não me importar muito com meus aniversários, eles não significavam muito para ninguém mesmo, principalmente quando as coisas começaram a desandar em casa.

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