Efeito Paris

35. Marie

Apesar do pequeno momento que tivemos no corredor, nenhum de nós diz mais nada, eu me afasto devaga e Aimee e o resto chega bem na hora. Eu a agradeço por isso, porque apesar da minha súbita confiança momentos antes, não saberia o que dizer além do que já tinha sido dito. Abraço minha nova amiga que me entrega uma taça de champanhe, aceito e brindamos rapidamente antes de tomar tudo. Eu não ia mentir, foi uma noite divertida.

Aimee segura meu pulso e me encaminha mais para dentro da casa, e lanço um último olhar para Aaron, que acena sutilmente com a cabeça. Não sabia muito bem o que aquilo queria dizer, mas deixo para pensar nisso depois.

Não pretendia ficar mais muito tempo na festa, meus pés já estavam doendo, e tinha quase certeza de que já tinha bebido o suficiente. Mas eu estava com outras pessoas, e não seria eu a garota a pedir para ir embora primeiro. Aaron não parecia estar se divertindo tanto quanto eu, e me sinto um pouco mal por fazê-lo se sentir culpado. Por outro lado, várias garotas pareciam interessadas nele, o que me fazia me sentir um pouco insegura, nós não tínhamos nada, mas saber que ele poderia escolher qualquer uma delas ao invés de mim, me fazia lembrar do porquê eu não poderia deixar minhas expectativas altas.

Bebo mais um copo de bebida para me distrair do que poderia estar acontecendo ao redor e levo um susto quando sinto alguém segurar minha cintura.

— Quer ir embora? — A voz de Aaron atinge meu pescoço me causando arrepios. — Você não parece estar mais se divertindo tanto.

— Não quero ser chata — falo me afastando dele, essa proximidade entre nós podia ser perigosa.

— Eu também quero ir — fala.

— Mas e o resto? — pergunto e ele dá de ombros.

— Belle e Linda foram para casa, Laurence saiu com uma garota e Malcon pode voltar com Liam e Aimee – responde. Olho em volta para procurar minha amiga, para me certificar de que essa não era só uma desculpa para me levar embora.

— Tudo bem — concordo virando o resto da bebida. Jogo o copo na lata de lixo que estava próxima e vou até Aimee para avisar que estava indo embora.

Nos despedimos rapidamente, ela estava mais bêbada do que eu, por isso agradeceu por ter me conhecido, falou o quanto é sortuda por ter os amigos que tem, que ia sentir minha falta, e tudo isso em meio a lágrimas e risadas. Depois de algumas frases confusas trocadas, Aaron coloca a mão em minha lombar para me encaminhar na direção do seu carro. Me desvencilho do seu toque porque o calor de sua mão estava me afetando de uma maneira que eu não queria que estivesse.

Entramos no carro e coloco o cinto, o motor do carro quase não faz barulho quando é ligado e imediatamente pego meu celular para escolher uma playlist. Coloco uma música do Twenty One Pilots e não me importo em cantar. Já havia passado bastante vergonha por hoje, uma a mais não faria tanta diferença.

Aaron estaciona o carro na garagem, e pelas luzes apagadas, logo sei que estamos sozinhos de novo. Saímos em silêncio, e a escuridão do lugar parecia fazer cada barulho se amplificar duas vezes mais. Quase me assusto quando a porta se fecha atrás de mim. Aaron acende a luz da sala, que se ilumina em uma luz branca.

— Se divertiu? — ele pergunta e eu assinto, acenando com a cabeça. O canto de sua boca se curva em um sorriso, e quase me esqueço do porquê eu estava chateada com ele minutos antes. — Quer água? — ele pergunta e novamente afirmo. Vamos juntos em direção a cozinha e Aaron pega dois copos no armário. Ele os enche e tomo tudo praticamente em um gole só.

— Está tarde — falo. — É melhor eu ir dormir. — Aaron pressiona os lábios e acena, parecia travar uma batalha em sua mente. Ele coloca os copos na pia, e subimos as escadas juntos. O meu quarto ficava à esquerda, e o dele a direita, e era no último degrau que tínhamos que nos despedir, mas eu não sabia ao certo o que falar ou fazer. Aaron também não diz nada, mas ficamos alguns segundos na ponta da escada, esperando que um de nós dê o primeiro passo. Por fim eu saio primeiro, caminho até meu quarto e digo: — boa noite, Aaron.