Efeito Paris

44. Marie

Nunca gostei muito de ir ao boliche. As poucas vezes que fui, foi por causa de Colleen ou dos amigos de Michael. Sem contar que eu era péssima. Mas nesse momento, não me importava nem um pouco em jogar a bola pesada pela canaleta. Eu perderia, mas iria me divertir mais do que estar em uma festa cheia de mais com pessoas que se importavam de menos. Mesmo com todos os meus defeitos, tinha algo de que me orgulhava: eu era uma ótima observadora. E era inacreditável o pouco que você podia descobrir apenas observando os acontecimentos ao redor.

Queria poder dizer que estava me divertindo, mas a maior parte do tempo, estava fingindo por Aaron, talvez se eu parecesse extremamente feliz, isso o contagiasse de alguma forma. E tinha Natalee também, por algum motivo, eu queria agradá-la. Depois de beber uns quatro copos de refrigerante, vou ao banheiro. A casa de Aaron era enorme, e seria surpreendente caso eles não tivessem um banheiro no andar de baixo. Passo pela cozinha, que estava vazia, e caminho até lá. Aproveito para me olhar no espelho, aquelas amigas de Natalee eram muito más, e eu queria causar uma boa impressão. Não conseguia entender como uma mulher tão doce podia ter amigas tão tóxicas.

— Olá. — Escuto alguém dizer assim que abro a porta do banheiro. Fico surpresa ao ver Ryan encostado na parede. Ele estava com os braços cruzados, e o seu sorriso cínico de sempre estava bem estampado em seu rosto.

— Olá, Ryan — o cumprimento de volta. Sei que Aaron não gostava quando Ryan ficava muito perto de mim, o que na minha opinião, era uma grande besteira. Eu sabia muito bem como me cuidar, e Aaron ficar chamando sua atenção para ficar longe de mim, só fazia com que ele se motivasse ainda mais a se aproximar, apenas para provocá-lo. O relacionamento deles não parecia ser dos melhores.

— Você não precisa ter medo de mim, sabe disso, né? — ele pergunta, e assinto com a cabeça, o olhando nos olhos. — Não sei o que meu irmão te contou, mas não sou uma pessoa ruim.

— Ninguém é ruim até que se prove o contrário — argumento e seu sorriso se alarga.

— Você parece ser muito mais interessante do que a vadia que ele namorava antes — Ryan fala e me sinto meio desconfortável. Desvio o olhar para o chão, não era uma coisa muito legal de se dizer, mas ele não parece se importar. Ele dá de ombros e passa por mim, para entrar no banheiro. — É a verdade — murmura antes de fechar a porta.

Não sabia dizer exatamente o que eu achava de Ryan. Praticamente não havíamos trocado palavras, e de garotos babacas e inconsequentes, eu já tinha batido minha cota. Não acho que tinha mais paciência para lidar com esse tipo de pessoa, e até agora, Ryan parecia extremamente similar a Lucas, com o bônus de ter sido preso, o que não era exatamente uma coisa muito positiva.

Passo o resto do tempo com os amigos de Aaron, pelo menos eles eram legais e divertidos, o que me fazia sentir falta de Colleen, ela ia estar amando tudo isso, e ela provavelmente se daria muito bem com Malcon. Quando chega a hora de cantar parabéns, quase me sinto aliviada, isso significava que a festa estava perto do fim, certo? Pelo menos era o que eu queria acreditar. O bolo era enorme, Aaron estava certo, sua mãe podia ser bem exagerada às vezes. A música de "feliz aniversário" já era bem conhecida por mim, apesar de não ter recebido uma dessas direcionadas para mim a um bom tempo.

Aaron estava atrás da mesa enorme, e uma grande quantidade de pessoas estava na outra extremidade, assistindo tudo como se fosse a coisa mais divertida do mundo. E por fim, antes dele cortar o bolo, ele me lança um olhar, e sorri de maneira cumplice, o que me faz ter a mesma reação. Ele parecia ser tão tranquilo. Sei que todos travam as próprias batalhas em suas mentes, e que muitas vezes, o que demonstramos por fora, não é bem o que está acontecendo por dentro, mas Aaron parecia ser bom demais para uma pessoa tão pessimista como eu, e não conseguia deixar de pensar nisso. Mas, eventualmente, as coisas iam acabar, e tudo não passaria de memórias que ficariam em nossas mentes para sempre.