Efeito Paris

45. Marie

— Quer continuar a jogar? Ainda temos — Aaron faz uma pausa, olhando o celular. — 5 minutos. — Faço uma careta em resposta e ele concorda, sem precisar dizer nada. Ele passa um tempo encarando a tela de seu celular, e mesmo não prestando muita atenção, consigo ver a quantidade de notificação.

— Sua mãe deve estar muito brava — falo e ele afirma.

— Não só ela — ele murmura. Era de se imaginar. Seu filho saiu no meio da festa com uma garota, ela deve me achar um péssimo exemplo. Como se lesse a minha mente, Aaron diz: — não se preocupe, a culpa não foi sua, e ela sabe. Na verdade, por algum motivo, ela parece gostar muito de você.

Aaron devolve nossos tênis e entrelaça nossas mãos. Estava frio lá fora, mas isso não parece nos incomodar. Andamos devagar até o pequeno estacionamento do estabelecimento, como se tivéssemos todo tempo do mundo. A sensação de sua mão na minha não era estranha, ela parecia se encaixar perfeitamente na minha, quase se nossas mãos fossem feitas uma para a outra. A ideia me fazia pensar que eu estava sendo idiota, e talvez eu realmente estivesse.

Paris era um lugar incrível, mas eu não conseguia me ver morando na França. Sempre tive vontade de me mudar da Flórida, mas ir para Europa era totalmente diferente. Ainda me sentia como apenas uma turista, mesmo estando a mais de um mês aqui, e querendo ou não, era o que eu era: uma turista. Uma turista muito sortuda que conseguiu fazer amizades, e até teve tempo para se apaixonar por um cara totalmente desconhecido.

Pensar em tudo isso, me fez lembrar do meu pai. Eu tinha tomado uma decisão, e nessa semana, ia tentar descobrir mais sobre ele. Talvez suas raízes, ou coisa do tipo, quem sabe isso me traria um certo conforto. Pelo menos era o que eu esperava. Parte de mim queria muito contar tudo isso para Aaron, tinha quase certeza de que ele iria querer me ajudar, mas ao mesmo tempo, tinha medo dele achar que eu era uma aproveitadora, e eu não queria isso, apesar de me sentir assim de vez em quando.

Quando chegamos em casa, os carros que estavam estacionados já haviam ido embora, mas as luzes ainda estavam acesas, e eu não estava nem um pouco animada para a recepção calorosa que Natalee ia nos dar. Aaron desliga o carro e solta um suspiro pesado antes de abrir a porta, ele se vira para me olhar, inclinando a cabeça para o lado.

— Preparada? Já estou avisando, isso não vai ser bonito. — A maneira como ele diz me faz soltar uma risada, e ele estala a língua, balançando a cabeça de maneira negativa. — Ah, Marie! Tenho certeza de que você não vai achar isso nada engraçado. — Mordo meu lábio para cessar a risada, mas eu sabia que Aaron estava apenas sendo dramático, e a maneira como ele falava, parecia até ironia. Ele abre a porta do carro, e pego o sinal como sendo a hora de sair de lá.

Sem que eu possa fazer nada, ele já segura a minha mão, e sopra o ar de maneira forçada antes de entrar em casa. Estava estranhamente silenciosa, apesar da luz da sala e cozinha estarem acesas. Toda a decoração ainda estava exposta, e vejo Ryan e Malcon sentados no sofá, cada um com seus olhos voltados para os seus celulares.

Assim que eles escutam o barulho da porta, se viram rapidamente para nos encarar. Ryan sorri de maneira debochada, e Malcon nos observa de maneira séria, quase decepcionado.

— Cara, você está tão fudido — é Malcon quem diz, e pressiono os lábios, me sentindo nervosa. Tento soltar a mão de Aaron, pensando que talvez isso amenize a situação, mas ele não deixa, na verdade, ele parece segurar ainda mais forte. Não demora nem um minuto para começarmos a escutar o barulho dos saltos de Natalee ecoarem por todo ambiente.

— Aaron! — ela exclama, cruzando os braços assim que para na nossa frente. Ela não diz mais nada, provavelmente esperando uma explicação. Sou incapaz de olhar em seus olhos, por isso desvio o olhar para o chão, e consigo sentir Ryan sorrindo de longe, feliz por estar presenciando esse momento. — Imagina meu constrangimento quando as pessoas começaram a perguntar por você pois estavam indo embora. Te procuramos pela casa inteira!