47. Marie

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Acordo no meio da noite com a garganta seca. Eu estava exausta, não havia dormido quase nada durante a noite, e quando olho pela a janela, o sol ainda estava nascendo. Aaron parecia estar dormindo profundamente ao meu lado, mas seus braços estavam em volta da minha barriga e por isso, tento fazer meu melhor para não o acordar.

As coisas estavam ficando mais complicadas, pelo menos para mim. Sabia que estavam porque Michael havia simplesmente sumido de minha mente, eu quase não lembrava mais de sua existência, queria agradecer a Aaron por isso, mas ao mesmo tempo, significava que eu estava afundando cada vez mais no sentimento que estava desenvolvendo por ele. Um romance de férias em Paris, quem nunca sonhou em passar por isso? Eu não esperava, mas agora que aconteceu, não tinha como mentir, era o que era, e eu estava me apaixonando. Quando isso acontece, ou você foge, ou você arrisca sabendo que pode dar tudo errado no final. Eu escolhi fugir, mas também escolhi ficar pelos próximos dias, quando isso tudo acabasse, seria apenas uma memória divertida do tempo que passei nesse país.

Observo Aaron dormindo por alguns segundos antes de me levantar e ir até a cozinha. A casa estava silenciosa e tento fazer o mínimo de barulho possível. Abro o armário que ficava perto da pia, era um pouco alto, e com a minha altura era um pouco difícil de alcançar, mas finalmente consigo. Encho o copo de vidro com água da torneira e quando me viro, lá estava Ryan, apoiado na entrada da cozinha, com os braços cruzados me encarando. Minha surpresa não passa despercebida.

— Ryan — digo e ele sorri.

— Não está muito cedo para estar acordada? — pergunta. Olho através da janela e alguns raios de sol estavam começando a entrar na cozinha, tomo um pequeno gole de água antes de responder:

— Você também está acordado.

Touché — ele responde vindo em minha direção. Tento não me mover para não mostrar o quanto estava me sentindo intimidada. Sabia que Ryan não era uma pessoa ruim, também sabia que ele não iria fazer nada comigo, mas uma pequena parte de mim ainda tinha medo, talvez fosse coisa que Aaron tinha colocado em minha cabeça. Ele se inclina para pegar o copo, e faz o mesmo que eu. Por fim, ele fica ao meu lado, com as costas também apoiada na pia.

Não sabia muito o que dizer, eu e Ryan havíamos trocado poucas palavras, apesar de saber que os dois irmãos estavam em constante intriga, ele parecia escutá-lo, talvez tivesse respeito, e isso bastava.

— Você sabe, meu irmão parece feliz — ele quebra o silêncio, e suas palavras me surpreendem. — Você é melhor do que Katherine. Ela não era uma boa pessoa. — Arqueio as sobrancelhas, curiosa, já ouvi muito sobre ela, estava até ficando cansada. Ryan vira a cabeça para poder me olhar melhor. — Ela se parecia muito com as vadias que pego. — E lá se foi todo o respeito que tinha por Ryan. Ele não conseguia ter uma conversa decente nem por 3 minutos.

— Você...

— Não fiquei com ela. Acho que foi mais o contrário. Ela praticamente se jogou nos meus braços — ele responde antes que possa dizer qualquer coisa. Demoro um tempo para ter certeza de que ele realmente estava falando sério, balanço a cabeça desacreditada, talvez Aaron estivesse certo, Ryan não era uma pessoa boa.

— Você faz ideia do quanto seu irmão ficou chateado quando ela terminou com ele? — pergunto seriamente, na intenção de fazê-lo ao mínimo se sentir culpado, mas não parece surtir efeito. Ryan levanta os ombros mostrando que não se importa.

— As garotas não gostam dos bonzinhos, Marie — ele fala praticamente sussurrando em meu ouvido, eu tinha consciência de que estávamos muito perto, mas não queria demonstrar fraqueza. — Elas gostam dos badboys.

Efeito ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora