Efeito Paris

17. Aaron

Ter visto Marie no coffee shop foi uma surpresa tão grande para mim quanto para ela. Mas não posso negar que eu fiquei feliz de poder vê-la de novo. Ela estava engraçada com uma blusa enorme e uma toca vermelha que combinava com o cabelo castanho avermelhado. Ela certamente não estava acostumada com o frio. Ela pareceu animada de me ver também, e fiquei aliviado de que não foi apenas eu que me senti dessa maneira.

Conversar novamente com ela foi divertido, e ela nunca deixava de ser interessante. Quando ela me falou que queria subir na Torre, tive que intervir. Não estava planejando ser nenhum tour guia, mas era um erro subir até lá quando se tinha muitas outras coisas legais para se fazer, então a levo para um dos meus lugares favoritos. Dava para ver a cidade inteira de cima, incluindo a Torre Eiffel, e assim que ela colocou os olhos, senti que fiz uma ótima escolha. Respiro fundo e puxo o ar para meus pulmões, mas o frio me atrapalha. Marie não dizia nada, e não a incomodei, ela provavelmente estava absorvendo cada detalhe. Por fim ela solta um suspiro pesado e diz:

— É incrível. — A frase sai como um sussurro. — Não acredito que nem todos possam ver isso ao vivo. — Quando ela fala, parece até triste. — Não acredito que eu demorei tanto para ver isso — acrescenta. Fico ao seu lado, e observamos a cidade em silêncio. — Obrigada por me trazer aqui — Marie fala me pegando de surpresa.

— Não foi nada, se for para ser um guia turístico, que pelo menos seja um descente —respondo e ela sorri.

Ela perecia encantada e não a julgo, até eu fico impressionado às vezes. Eu gostava dos Estados Unidos, mas a França era totalmente diferente. Quando eu tinha 10 anos, tudo o que eu queria era poder jogar videogame com meus melhores amigos, quando minha mãe disse que iríamos nos mudar para Europa, eu surtei. Começar a vida em um país diferente, com uma língua diferente, fiquei realmente bravo com ela. Por outro lado, Ryan, meu irmão, adorou a ideia, ele odiava tudo em sua vida de qualquer forma. Mas agora gosto de Paris, fiz ótimos amigos e as coisas foram ficando mais fáceis. Já estava na hora, com 21 anos você precisa crescer.

Vejo Marie se abraçar com os próprios braços devido ao frio, e acho melhor voltarmos para o carro, apesar de não querer acabar com seu momento. Se continuar a encontrá-la dessa maneira, teria que levar para ver outras coisas, sinto que não iríamos acabar nossos encontros por aqui.

— Está muito frio — falo chamando sua atenção. — Acho melhor voltarmos para o carro. Posso te trazer aqui de novo outro dia. — Marie parece ficar feliz com minha sugestão, e ainda mais feliz quando prometo trazê-la aqui mais uma vez. Definitivamente iríamos nos encontrar novamente. O carro não estava tão quente, mas com certeza melhor do que a temperatura de fora. Marie parece relaxar.

— Parece o paraíso — diz.

— Só para os que não moram aqui. Todos os lugares são o paraíso para quem os conhece pela primeira vez — respondo. Ela pondera minha frase e parece concordar. Ligo o carro para poder ligar o ar quente e ela parece agradecida. — Quer que eu te leve para o seu hotel? — pergunto e ela afirma.

O silêncio não estava desconfortável. Na verdade, era quase como se conhecêssemos a um tempo. O Natal estava chegando e me pergunto o que Marie iria fazer nessa data, não sei até quando ela ficaria na França também, mas eu estava feliz de que ela tinha conhecido alguém por aqui, talvez ela não ficasse sozinha.

Paro na frente do hotel que Marie estava ficando. Era horrível. Não era o pior hotel de Paris, mas com certeza não chegava a ser 4 estrelas, não sabia nem se chegava a 3. Eu estava acostumado com o luxo, mas não sei sobre Marie, então não digo nada. Ela se vira para me agradecer.

— Obrigada, Aaron. Foi uma ótima manhã.

— Não se preocupe, nunca me canso de ir até lá. Devemos trocar nossos números? Nem nos conhecemos direito e já estou te devendo algo. Preciso te levar lá de novo — falo e ela sorri. — Não que seja um fardo, você...