13. Marie

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Eu provavelmente tinha dinheiro para viajar de classe executiva, mas eu já tinha visto muitos casos em que pessoas ficaram ricas de um dia para o outro, e perderam tudo em menos de um mês. Por isso, decido viajar de classe econômica. Claro que ir para Europa não era bem uma economia, mas prefiro pensar que era algo que eu precisava fazer. Faço uma nota mental para assistir aqueles vídeos de coach, para ao menos aprender um pouco como administrar o meu dinheiro.

Eu nunca tinha saído do país, mal tinha saído do estado, ir para Paris era algo que nunca havia passado pela minha mente, e se a uma semana trás alguém tivesse me falado que isso iria acontecer, eu provavelmente teria dado risada. Ainda assim, aqui estava eu, andando pelos corredores de um avião, procurando o número de meu assento. O espaço entre as poltronas era ótimo, melhor do que imaginei, com certeza. Quando acho meu lugar, fico feliz por ser do lado da janela, sempre tive vontade de olhar a cidade ficar pequenininha, como se nós fossemos maior do que imaginamos, como se realmente significávamos alguma coisa nesse mundo.

Me sento e coloco minha bolsa no chão, havia até uma tela onde eu podia ver filmes! Isso era algo inédito. Sorrio animada, fazia um bom tempo que eu não ia ao cinema, e as opções me surpreendem, havia uns filmes bem novos que foram lançados a pouco tempo. Olho ao redor tentando absorver cada detalhe, não sabia quando iria passar por isso novamente, e sinto que precisava captar tudo. Vejo umas revistas dentro do bolso da poltrona da frente, e pego uma. Era uma revista de produtos os quais você poderia comprar lá mesmo no avião. Me sinto como uma criança.

— Acho que você está no meu lugar. — Escuto alguém dizer após limpar a garganta para chamar minha atenção. Tiro os olhos da revista que havia acabado de pegar. Um menino de aproximadamente 21 anos me encarava. Ele aponta para os números localizados acima das poltronas. Eu tinha quase certeza de que estava no lugar certo. Pego a minha bolsa com o intuito de pegar a passagem e ver se estava errado. — Não se preocupe. — Ele abre um sorriso e balança a mão em um sinal de que não tinha problema. – Pode ficar na janela, fico no seu lugar. — Ele abre o compartimento para bagagem de mão e coloca sua mala.

— Obrigada — agradeço. O garoto olha para mim e dá uma piscadinha. Inclino a cabeça e consigo sorrir. Enquanto ele se acomodava, uso o tempo para analisá-lo melhor. Ele tinha o cabelo loiro escuro, chegava até ser um pouco enrolado, e seus olhos eram castanhos esverdeados. Ele era bonito, isso era notável. Quando percebo que estava o olhando por tempo demais, desvio o olhar, constrangida. Volto a olhar para a revista e analiso uma página de relógios, arregalo meus olhos, era um absurdo de caro, e isso me faz perder o interesse. Coloco a revista onde ela estava antes.

Sinto o garoto se sentar ao meu lado e olho para a janela, tentando desviar minha atenção. Tenho que admitir, ele era atraente. Eu também estava tentando esconder minha ansiedade, mas meus pés batiam rapidamente no chão, causando um barulho repetitivo. O garoto olha para minha perna e abre um sorriso discreto, sinto minhas bochechas esquentarem. Encaro o banco a minha frente e tento me concentrar na telinha. Passo os dedos procurando por filmes legais e encontro Mulan. Tinha acabado de sair nos cinemas, e eu estava animada para assistir o live-action do desenho que fez minha infância.

— Sua primeira vez? — me pergunta.

— É tão óbvio assim? — respondo, e ele me oferece um sorriso de conforto.

— Não se preocupe, é tranquilo. Sou Aaron — ele se apresenta estendendo a mão.

— Marie — digo, e hesitante aperto sua mão.

— Então, o que te leva para Paris? — Era uma resposta um pouco mais complicada, porém, podia ser resumida em uma simples palavra:

— Férias. E você?

Efeito ParisOnde histórias criam vida. Descubra agora